Não há como comparar os partidos islâmicos aos partidos cristãos europeus.
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- Cartazes de candidatos do partido radical salafista, que ficou em segundo nas eleições egípcias, atrás da Irmandade Muçulmana -
Kenneth Roth, diretor da Human Rights Watch, diz no relatório anual do grupo que as revoltas da Primavera Árabe no ano passado mostraram que é vital para o Ocidente encerrar sua política de apoio a “um leque de autocratas árabes”, que em troca ajudam nos interesses ocidentais. Até aí tudo bem.
Mas então Roth e a organização resvalam numa antiga doença da esquerda pós-modernista, a saber, “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Portanto, de acordo com essa lamentável lógica (ou falta de), se alguns islamistas tomarem o lugar de autocratas malvados, então eles devem ser bons. Mesmo? Diz ele: “A comunidade internacional deve … chegar a um acordo com o islã político quando ele representar a preferência de uma maioria. Partidos islamistas são genuinamente populares em muito do mundo árabe, em parte porque muito árabes passaram a ver o islã político como a antítese do poder autocrático.”
Sou obrigada a discordar. Ainda que a maioria prefira algo, isso não o torna necessariamente algo bom e correto, e nem significa que a nova opção é a “antítese do poder autocrático”. O islamismo também é autocrático, e em muitos locais apoiado pelo Ocidente.
E a realidade é bem diferente. Uma maioria não apoia o islamismo, a menos que você acredite que as pessoas querem ter seus direitos e liberdades limitadas, e são seres humanos diferentes daqueles sentandos na pelúcia dos escritórios da Human Rights Watch.
Não é preciso ser um especialista para entender que, após poder autocrático, supressão de qualquer oposição e banimento de partidos políticos, é impossível para forças seculares e aqueles que representam o verdadeiro espírito da “Primavera Árabe” se organizarem e vencer “eleições”. Da mesma forma, para que eleições tenham algum sentido – mesmo o limitado sentido parlamentar –, você precisa ter liberdade de associação, imprensa, expressão, etc. Se você tem “eleições” logo após uma ditadura, e a despeito das pessoas (como no Egito) pedirem por mais tempo, cria-se uma situação onde islamistas chegarão ao poder, dado seu nível de organização, seu acesso ao poder e o apoio que gozam entre forças e estados reacionário da região e alhures.
Diz Roth: “Onde quer que surjam governos inspirados pelo islã, a comunidade internacional deve focar no encorajamento, e onde necessário pressão, para que haja respeito a direitos básicos – da mesma forma que espera-se que partidos e governos de rótulo cristão na Europa os respeitem”. Soa legal, mas os partidos e governos de rótulo cristão na Europa não estão clamando por uma inquisição e a instituição do direito canônico. Já disse isso muitas vezes antes, mas você não tem como comparar os dois. Não porque o cristianismo seja melhor, mas porque ele foi barrado como um resultado do iluminismo, o que tornou possível termos partidos cristãos em sociedades seculares. O mesmo não pode ser dito a respeito do islã. Partidos islâmicos querem trazer teocracia, lei da sharia e barbárie; eles querem uma inquisição islâmica.
Nada disso me surpreende, claro. A Human Rights Watch sempre foi um puxa-saco do islamismo. Ela fez de tudo a seu alcance para defender os “reformistas” no Irã enquanto eles continuavam matando e apedrejando pessoas até a morte.
Mas não é um pouco embaraçoso para uma organização de direitos humanos defender o islamismo e reduzir sua demanda ao “encorajamento, e onde necessário pressão, para que haja respeito a direitos básicos”? Ah, o racismo das baixas expectativas!
Tá, os subumanos no Oriente Médio e no norte da África não merecem nossos mesmos direitos e liberdades, né Human Rights Watch?
É uma pena (para eles, pelo menos) que a Press TV tenha perdido sua licença de funcionamento, porque Roth se encaixaria bem ao lado de Galloway e Booth na defesa do islamismo a qualquer custo – particularmente, qualquer custo humano…
Que vergonha.
* tradução: Daniel Lopes
original no blog da autora.
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