Adeus, Stalin!

Introdução:
O Amálgama tem a honra de publicar com exclusividade uma parte das páginas iniciais de Adeus, Stalin! – Memórias da menina que fugiu da guerra (Objetiva, 2011). O livro é de Irene Popow, mulher nascida em 1933 na cidade de Stálino, Ucrânia. Junto com a família, a autora teve a infelicidade de estar, durante o entre-guerras e a Segunda Guerra, naquela região que o historiador Timothy Snyder classificou como “terras de sangue” — título de seu magistral livro, a sair no Brasil no segundo semestre pela editora Record. Essas terras desgraçadamente foram áreas constantemente disputadas, ocupadas e reocupadas por dois dos regimes mais assassinos da história, o nacional-socialismo alemão e o comunismo soviético. O que sobrou para as populações báltica, polonesa, ucraniana e parte da população russa foi bastante cerceamento, dor, fome, desesperança… e sangue. Irene e família passaram por diversos campos de concentração. Conseguiram, já bem tarde, migrar para o Brasil. O relato de como seu pai conseguiu vistos para a família no consulado brasileiro em Hanover, após ter a atenção chamada pela bandeira verde e amarela e após o cônsul dar um “jeitinho” na documentação, nos emociona e deveria nos encher de orgulho. Já no Brasil, Irene trabalhou como babá, professora particular de russo, inglês e alemão, e também em uma parceria com Antônio Houaiss. Conseguiu se formar em Psicologia e hoje atende em seu consultório no Rio de Janeiro. A publicação dos trechos abaixo só foi possível graças à generosidade da autora, que havia nos providenciado o envio da prova do livro, e à compreensão e colaboração do pessoal da editora Objetiva (agradecimento especial a Roberta Pantoja). Recomendo de coração a leitura de Adeus, Stalin! [Daniel Lopes]

* * *

por Irene Popow

Sempre que contava alguma passagem da minha vida, ouvia a mesma pergunta:

– Por que você não escreve?

Ao longo dos últimos vinte, trinta anos, a insistência dos familiares e dos amigos foi aumentando, chegando às vezes a me irritar.

A ideia de escrever não era nova para mim. Guardo as cartas que recebia dos meus amigos ainda do tempo dos campos da Alemanha pós-guerra. Três vieram comigo para o Brasil: Ludmila Shtcherbakova (Lutzi, que morreu em 2002), Lídia Tímtchenko (Lida, que mora no Rio) e Dmitri Domatevitch (Dima, que vive em São Paulo). Os outros estão espalhados pelo mundo, da forma como descreveu Victor Hugo em Os Trabalhadores do Mar: “Os vulcões arrojam pedras, as revoluções e as guerras, homens. Espalham-se famílias a grandes distâncias, deslocam-se os destinos, separam-se os grupos dispersos às migalhas; cai gente das nuvens, uns na Alemanha, outros na Inglaterra, outros na América.” Ou, como nós, no Brasil. Eu junto as cartas que recebo da Rússia e da Ucrânia desde 1963. Tenho caixas e mais caixas. Tenho a maleta com as anotações do meu pai e uma caixa com as da minha mãe. Guardo tudo, há muito, como “o material para documentar meu livro”. Vou reunindo também os fragmentos da minha memória.

Vik, meu segundo filho, me disse certa vez que teria sempre um gravadorzinho para registrar minhas recordações. Eu pensava:

“Tenho que escrever.”

Em 1997, em companhia da minha filha primogênita Tatiana, fiz de trem uma viagem histórica: Kiev–Donétsk. Foi uma espécie de volta ao passado, às origens, às raízes, à fonte… Com a câmera de vídeo, ela ia registrando minhas emoções e solicitava mais e mais descrições e relatos. De volta ao Rio, ao ver o filme, me surpreendi com a expressão dos meus olhos, enquadrados em close enquanto eu falava. Minha voz e as histórias que contava não estavam de acordo com meu olhar. Pensei de novo:

“Tenho que escrever.”

Uma noite saí para jantar com meu filho caçula Andrucha. Não me lembro por que comecei a discorrer sobre o 28 de outubro de 1941, o dia da ocupação pelo exército de Hitler da minha cidade natal, Stálino, na Ucrânia, onde moravam meus avôs maternos. Na época, eu tinha 8 anos e estava na casa deles.

Contei como, no dia seguinte, eu e meus dois primos acompanhamos nossa avó ao mercado. Nossa missão era conseguir gêneros alimentícios, fósforos, sabão etc.; tudo o que nosso dinheiro desse para comprar. A manhã era cinzenta. Ventava e fazia frio, mas não chovia. As calçadas estavam cheias de transeuntes. Mulheres com crianças, sacos e sacolas seguiam com passo apressado na mesma direção que nós. Rumo ao mercado. Em silêncio. Parece que todos haviam tido a mesma ideia e tentavam chegar ao mesmo destino. E, de preferência, antes dos outros. Soldados alemães e italianos patrulhavam as ruas. Observavam o movimento mas não impediam o fluxo das pessoas. Jipes e caminhões militares rolavam pelas vias esburacadas, e o cheiro de gasolina dos canos de descarga misturava-se ao de trigo queimado. Oficiais com rifles nas mãos estavam em toda parte. Cartazes com diretrizes e normas emplastavam as paredes. Eram escritos com letras bem grandes, em russo. As letras maiores ordenavam: “No prazo de 24 horas, todos os judeus devem apresentar-se ao posto de registro instalado na Primeira Linha.” As letras menores diziam: “Todos os médicos e servidores da saúde têm que comparecer nas suas unidades de trabalho, e todos os mineiros, engenheiros, mecânicos e eletricistas têm que se apresentar na prefeitura. Qualquer tentativa de pilhagem e saque será sumariamente castigada.”

Ao sair de casa eu me recusei a vestir o casaco grosso. Aleguei estar com calor e joguei um casaquinho de lã por cima do vestido. Enquanto andávamos com passos apressados, cheguei a suar. Na medida em que nos aproximávamos do mercado, tivemos que diminuir o passo. O fluxo de mulheres com crianças e de homens idosos aumentava. Vinham de todas as direções rumo ao mercado.

Era difícil para nós três andar ao lado da vovó. Eu segurava sua mão e os dois meninos vinham logo atrás. Na minha frente eu via apenas as pernas e as costas dos adultos, além das cabeças das crianças. Ventava muito e comecei a tremer. De repente, suspendemos o passo. Mulheres e crianças estavam paradas na calçada. Algumas tinham a boca aberta, e outras a tapavam com a mão, apontando para cima. Meu olhar acompanhou a direção dos dedos e vi dois homens, pendurados pelo pescoço por grossas cordas, pendendo da sacada de um prédio. Com a cabeça inclinada e as mãos amarradas para trás, os corpos balançavam a cada rajada de vento. Havia um papel preso à camisa, com uma palavra escrita em letras imensas: SAQUEADOR.

Arregalei os olhos. Um terror percorreu minha espinha. Ao tremor do frio juntou-se o do pavor. Meus dois primos se agarraram à cintura de vovó e nós quatro formávamos uma estátua viva. Eu mal conseguia pronunciar as palavras graças aos meus dentes, que não paravam de bater. Gaguejando, perguntei à vovó:

– Bábuchka, eles estão mortos?

Ao que ela respondeu, tranquilamente:

– Sim, Íratchka. Depois em casa eu explico. Vamos andando, temos muito a fazer.

A calma da sua voz pareceu música aos meus ouvidos. Penetrou em mim como um bálsamo, aquietando e aquecendo meu corpo. Era meu primeiro encontro com a morte e uma pergunta não me saía da cabeça: “Se os homens foram mortos pelo pescoço, por que seus corpos não estrebuchavam como os das galinhas que eu via serem degoladas no pátio da vovó?”

Mas permaneci calada.

De repente, me dei conta de que os olhos de Andrucha estavam cheios de lágrimas. Ele estava comovido com meu relato e chorava no restaurante lotado, onde as televisões transmitiam o encerramento dos Jogos Olímpicos de Atlanta de 1996, que nós tínhamos combinado de assistir juntos. Pensei: “Os ecos da minha memória estão se tornando cada vez mais fracos, podem morrer totalmente até chegar aos ouvidos dos meus netos. A eles sobraria somente um relato indireto, se tanto.”

Foi naquele momento que decidi:

– Vou escrever!

*

Deus não foi apresentado nem discutido na minha infância. A expressão “Deus me livre” era escrita com “d” minúsculo e significava “de jeito algum”.

Deus, Deus mesmo, para mim era Stalin. Para mim e para todas as crianças da União Soviética. Ele era chamado de “nosso pai bem-amado”, “nosso querido guia e mestre”, “nosso querido e amado Stalin”, “maior governante de todos os tempos e de todos os povos” etc.

Ele também era o mais sábio dos sábios. No livro Mort de Staline, Georges Bortoli, jornalista e escritor francês que durante 25 anos se dedicou à questão russa e viveu muito tempo no país, escreveu:

Não havia em toda a União Soviética uma única publicação, fosse ela livro, brochura, fascículo ou uma tese de química, astronomia, botânica, filologia, ou de qualquer outro assunto, que não contivesse várias referências ao seu pensamento, ao seu ensinamento. Foram poucas as festas de família, de casamentos, de aniversários, onde um brinde não lhe fosse dirigido — geralmente o primeiro. Na maioria dos apartamentos havia sua fotografia ou busto — réplicas das efígies pelas quais os cidadãos são recebidos nas administrações, estações de metrô, salas de aula e caixas de lojas, usinas e nos cinemas (onde a imagem de Stalin figura à esquerda da tela, e a de Lenin, à direita, ambas acompanhadas de uma citação apropriada de suas obras). (…) Na estação de trem de Moscou, uma das oito estações da capital, um engenheiro chegou a contar 101 retratos e bustos de Stalin. (…) Suas estátuas erguem-se nas clareiras das florestas, nos cumes das montanhas. Seu olhar inflexível e justo segue o cidadão do amanhecer ao anoitecer, até a sua intimidade mais secreta. Ele é invisível, aquele cujas aparições são raras como os milagres. Mas também é onipresente, o olho que tudo vê.

Em cada creche, jardim de infância e escola existia um lugar chamado “Krásnyi Ugolók”. Em cada “Cantinho Vermelho” havia retratos das figuras mais proeminentes do comunismo. Era uma espécie de altar sagrado para o deus Stalin.

No “Cantinho Vermelho” havia os ícones de Lenin — uma espécie de arcanjo anunciando o paraíso na Terra (nas creches e jardins de infância havia fotos de Lenin ainda menino, de cachinhos louros), Marx e Engels — os profetas — e Pavlik Morozov, o mártir. O menino Pavlik, que denunciou os pais às autoridades, foi considerado um exemplo que todas as crianças deveriam seguir. O retrato de Stalin era o maior e o mais belo de todos.

Krásnyi significa “vermelho” em russo, e em russo arcaico significa “belo, bonito”. Quando a catedral de São Basílio, em Moscou, ficou pronta, pouco antes de 1500, Ivan, o Terrível, chamou-a de krásnaya, “bonita”, e a praça ao redor passou a ser chamada de Krásnaya Plóshchad, “praça Bonita”. Não tinha nada a ver com a cor dos tijolos do Kremlin e muito menos com a cor da bandeira comunista. O nome atual, praça Vermelha, foi uma feliz coincidência para o comunismo russo.

As milhares de imagens de Stalin impregnavam a mente das crianças. Minha favorita era a foto do líder segurando a filha Svetlana no colo. Meu Deus! Como nós todas queríamos ser chamadas de Svetlana. Como invejávamos a Svetlana no colo do nosso deus.

Morávamos num conjunto residencial em Kalínovka, arredores de Stálino. Um dia, criei coragem e resolvi escrever uma carta ao meu deus. Tinha uns 6 anos. Não falei a ninguém sobre minha decisão. Não perguntei, nem sequer pedi um conselho de como fazê-lo. Arranquei uma folha quadriculada de um caderno de aritmética e comecei a escrever. Escrevi sobre como era imenso meu amor e descrevi a veneração que sentia por ele. Pedi… não!, não pedi, implorei que ele me chamasse para conhecer Moscou. Escrevi que, quando eu entrasse no Kremin, queria que ele me pegasse no colo como fazia com Svetlana.

Tinha aprendido no jardim de infância a confeccionar um envelope. Dobrei outra folha quadriculada e fiz dela o envelope. Faltava cola. Fabriquei-a dissolvendo um pouco de farinha de trigo em água morna. Colei as bordas do envelope, coloquei a carta dentro e escrevi:

Ao Stalin,
no Kremlin,
em Moscou.

Escondi a carta debaixo do vestido e disse em casa que ia brincar na rua. Morávamos no quarto andar. Desci correndo e fui direto à caixa de correio, pregada na parede do prédio. A fresta da caixa era muito alta para meus 6 anos. Fiz várias tentativas para alcançá-la e introduzir minha carta.

Ficava na ponta dos pés e dava pulinhos. Em vão.

Não desisti. Tentei vários outros expedientes até que arrumei alguns tijolos que me serviram como escada e… oh, felicidade! — minha carta se encaixou na fresta, deslizou e caiu no fundo da caixa. Meu coração batia tão depressa que parecia sair pela boca. Ondas de tremor e espasmos percorriam meu corpo. Pensei que estivesse morrendo. Foi a emoção mais forte que eu havia sentido até então. Quando tive meu primeiro orgasmo, reconheci a sensação — era a mesma da postagem da carta ao Stalin.

*

De 1934 a 1939, período chamado de “Bolhshaia Tchistka”, “O Grande Expurgo”, Stalin, sob a justificativa de erradicar os “inimigos do povo”, prendeu, fuzilou e exilou milhões de pessoas para os campos de trabalhos forçados na Sibéria. Para fortalecer seu poder, aniquilou quase dois terços dos quadros do Partido Comunista, dilacerou o alto-comando do Exército Vermelho e exterminou um imenso número de civis — da elite cultural até o mais humilde dos cidadãos.

Instaurou-se a desconfiança, o medo, o silêncio. Apesar de estar ciente do que acontecia, a maioria da população passou a ser muito cautelosa e fingia nada saber. As denúncias proliferavam. Uma palavra contrária ao regime ou mesmo uma piada política podia levar à prisão.

Prendiam em geral na calada da noite. Eram, literalmente, prisões silenciosas: batiam de leve na porta, pediam em voz baixa que abrissem e davam ordem de prisão. Não havia resistência. A pessoa se vestia, fazia uma pequena trouxa, beijava os seus chorando e ia embora com os “visitantes” sem dizer nada. Os vizinhos observavam pelas frestas das portas ou por trás das cortinas. No dia seguinte ninguém comentava nada. Evitavam contatos maiores com os membros da família do preso por temerem a acusação de colaborarem ou participarem dos supostos delitos da pessoa. Quase todas as famílias tinham algum parente próximo ou distante preso. A desconfiança maior era com as famílias nas quais não havia nenhum preso.

Uma piada da época revela como nos sentíamos. A pergunta “Como vai?” era respondida com a frase “Como um ônibus lotado: metade do povo está sentada (presa) e a outra em pé, chacoalhando (de medo)”.

Lembro-me também de uma historinha sobre o pavor de ser acusado. Por mais absurda que fosse a razão, o fato podia se tornar verdade. O diretor de uma escola, ao ver o professor de literatura russa andar muito irritado, pergunta-lhe o que está acontecendo. O mestre conta que acabara de perguntar a um aluno quem escrevera Eugênio Oneguim. Ao responder “Não fui eu”, foi-lhe ordenado que viesse no dia seguinte acompanhado dos pais. “Imagine só”, continua o professor, “eles vieram e choraram, jurando que o filho não mente. E se o menino afirmou não ser o autor de Eugênio Oneguim, então eu tinha que acreditar na sua palavra”. Indignado, o diretor ordena ao professor: “Mande os pais virem falar comigo amanhã.” Assim foi feito. No dia seguinte, o diretor chama o professor e, esfregando as mãos euforicamente, lhe comunica: “Pronto! Confessaram e assinaram! Foram os três juntos que escreveram o Eugênio Oneguim.”

Eugênio Oneguim é a mais famosa obra de Alexandr Pushkin, maior poeta russo. Baseado no poema, Tchaikovsky compôs música para ópera e balé.

*

Na União Soviética, os “inimigos” em potencial das famílias não eram somente o vizinho, o colega ou o transeunte, mas também os filhos. As crianças eram estimuladas pelos professores a contarem o que acontecia em casa. Os pais, cautelosamente, advertiam os filhos a não falarem sobre o que escutavam ou viam. Os filhos eram temidos devido ao “fator” Pavlik Morozov.

Pavlik Morozov foi glorificado como mártir pela propaganda soviética a partir de 1932. Segundo a versão da época, ele era filho de camponeses, pertencia à juventude comunista e aos 13 anos denunciou o pai às autoridades, acusando-o de dissidente e inimigo da coletivização. O pai foi preso e condenado a trabalhos forçados. Como consequência, o avô teria matado o garoto com a ajuda da família. A vida de Pavlik representava o exemplo que todo bom cidadão soviético deveria seguir — tornar-se um delator, ainda que dos próprios familiares. Pavlik foi declarado o patrono dos jovens pioneiros (escoteiros soviéticos), e lhe foi outorgado o título de “Herói-Pioneiro da União Soviética Número 001”.

Em 1948 foi erguida uma grande estátua de Pavlik em Moscou e lançados selos postais comemorativos. A partir de 1932 sua fotografia foi impressa em todos os livros escolares da época. A dele e a de Stalin.

O escritor Yuri Druzhnikov pesquisou o que havia de verdade nessa história, e quase todos os fatos da versão oficial foram desmentidos no livro biográfico Informer 001, the Myth of Pavlik Morozov, publicado em 1988.

*

Quando meus pais queriam conversar sem ser ouvidos, eles se fechavam no banheiro, puxavam a descarga e falavam, com o som da água abafando suas palavras. O dito de então era “As paredes têm ouvidos”, o que me faz lembrar dos cartazes que vi posteriormente espalhados por toda a Alemanha durante a guerra: “Achtung! Feind hört mit!”, “Cuidado! O inimigo também está ouvindo!”.

O temor de ser ouvido por alguém passível de ser um denunciante acompanhou meus pais por décadas. Já morando no Brasil, muitas vezes minha mãe, antes de me contar algo confidencial, olhava para os lados e bem baixinho começava o relato. Eu dizia: “Mámatchka, estamos sozinhas em casa. Por que você está sussurrando?” E meu pai sofria de pesadelos frequentes. Sonhava que estava sendo seguido, agarrado, capturado e torturado. Acordava com os próprios gritos, tremendo e banhado de suor.

Quando, no dia 22 de junho de 1941, a Segunda Guerra Mundial começou para a União Soviética, Stalin era uma figura detestada em muitas das repúblicas soviéticas por causa do seu regime de terror. Em algumas regiões, principalmente na Ucrânia Ocidental e na Crimeia, os nazistas foram vistos como libertadores e recebidos com flores, pão e sal — em sinal de boas-vindas e hospitalidade. Mas logo, ao perceberem que Hitler também não era flor que se cheirasse, as pessoas se deram conta do erro e passaram a dizer que era “melhor aturar nosso demônio do que o estrangeiro. Pelo menos ele fala russo”.

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  • http://fmlima.blogspot.com Fernando da Mota Lima

    Cara Irene: Daniel tinha já me recomendado calorosamente a leitura deste admirável e perturbador extrato das suas memórias. Lendo-o, em particular as passagens relativas ao culto que prestavam a Stalin, lembrei-me de uma frase de Chesterton que lembro com frequência e provavelmente já citei no próprio Amálgama. De qualquer modo, vale a pena repeti-la: quando deixamos de acreditar em Deus, passamos a acreditar em qualquer coisa. Embora tanto tenha lido sobre o culto a Stalin e outros líderes do comunismo, embora tenha testemunhado na minha própria geração esse culto irracional, confesso que ainda me surpreendo. Afinal, muitos dos que a ele servilmente se curvaram não eram crianças como você. Bastaria pensarmos em Graciliano Ramos, um dos intelectuais mais críticos, acidamente críticos, da realidade e de toda sorte de mistificação. O artigo de Daniel, também o livro do meu amigo Luciano Oliveira sobre Machado e Graciliano, ambos ilustram muito bem a questão. Como Graciliano, grandes intelectuais do mundo ocidental, falo apenas do que conheço, renderam-se a esse culto e silenciaram durante décadas sobre os horrores do totalitarismo, dentro e fora da União soviética. Seu testemunho fez-me ainda recordar um livro extraordinário de leitura recente que corre em veio semelhante às suas memórias: The Whisperers, de Orlando Figes.
    Fernando.

  • Mauro Moura Mistted

    Este livro deve ser lido como sequencia ao Livro Negro do Comunismo. Nada se iguala a este documentário dos arquivos do Kremlin. Fora Guevara, fora Stalin, fora Lenin, fora Chavez, – por um mundo novo sem ditadores comunistas, socialistoides e cruéis. Ah e fora FARCS!

  • Mário SF Alves

    Ah! O orgasmo. Que coisa! Uma carta ao deus Stalin e eis que a emoção sentida pode ter sido a mesma do primeiro orgasmo.
    É… parece mesmo que tudo se resume a busca de orgasmos. O regime – o stalinismo – pretendia ser o orgasmo coletivo. O neo-lioberalismo o do deus mercado. E a cena continua. Sai o deus Stalin entra o deus Hitler; sai o Hitler entra o Bush! Sai o pseudo-socialismo, entra o máfio-capitalismo-corporativista e tudo que lhe é de direito, inclusive a cabeça de nossas crianças. Ah! Mas, o mundo é o mundo desde que o mundo existe! A única coisa que salva – e nos salva – talvez seja mesmo o orgasmo. Inclusive, os vivenciados (será?) por Stalins, Hitlers e Bushs. Portanto, vivas ao orgasmo! A única força que nos liga diretamente à Transcendência. E que, por mais paradoxal que seja não tem nada de coletivo, nada de público, nada de puro, nada de revolucionário, nada de reacionário, enfim, nada de nada que não seja humano, natural e demasiadamente humano. Liberdade!

  • José M. Monteiro

    Quando se fala em holocausto automaticamente o mundo inteiro se lembra apenas do judeu. Mas ou-
    tros existiram (mas são “esquecidos”propositadamente!) e solenemente são ignorados por pressão de lob-
    bies sionistas.
    No caso presente, o extermínio de 7 a 10 milhões de ucranianos por partes das tropas do insano
    Stálin, finalmente o mundo tá tendo a oportunidade de ver que holocausto não é somente assunto de
    judeus. Pra desespero dos comunistas que eudeusam monstros em forma de humanos como Mao-
    Tsé-Tung, Pol Pot e Stálin.
    Breve saberemos igualmente do genocídio negro que durou 300 anos e o extermínio de milhões
    de astecas por parte dos espanhóis. A verdade pode demorar a aparecer mas um dia ela surge à tona,
    doa a quem doer.

  • Felipe

    O livro parece ser muito bom.
    Compra garantida futuramente.

  • http://www.twitter.com/josecijr Joseci Jr

    Muito triste, comovente, inspiradora e de grande valor histórico este livro, recomendo! Vale muito à pena ler uma obra tão boa e tão bem escrita como esta.

  • Ana Flávia

    Deve ser uma obra prima de riqueza histórica e emocional. Só mesmo fazendo a leitura para se ter noção desse período tão difícil para o mundo e, mais ainda, para aquelas pessoas.
    Vou comprar e ler várias vezes!
    Um grande beijo, Irene!

  • Védio Fernandes Baptista

    Ontem, 17052011, assisti a uma entrevista dada por Irina Popow a Márcia Peltier. Vou ler o Livro, mas nunca sairá da minha memória o impressionante relato dado naquela entrevista. É um roteiro pronto como disseram, mas parte do relato há de ser incluído, pois tem a emoção pessoal, indescritível, fantástico…

    Grato Irina Popow, como disse ainda não Li, mas quando o fizer vai ser da primeira a última página.

    Com respeito, Irina Popow.

    • http://Amalgama Irene Popow

      Oi, Védio. São muito gentis as suas palavras. Obrigada. Espero que vc. já tinha lido o livro e gostado. Me dê o feed-back, por favor. Você mora onde?

      Grande abraço,
      Ira+Irina=Irene

  • Marinho

    Fora fascistas senhor Moura.

  • Tania

    Irina, só para dizer que já estou lendo uns trechos dos seus relatos de Adeus Stalin. Vou com certeza comprar o livro.
    Um beijo carinhoso de sua mais nova admiradora.
    P.S. – Estava no carro do Denilson (O Gato) hoje, 24 de outubro. Um grande abraço.

  • Marcio Portela Vilarins

    Achei o livro muito interessante. Ele me surpreendeu, pois eu achava que como outros livros sobre a segunda guerra ele seria cheio de tragédias. Pelo contrário, ele mostra que irene e sua família eram muito felizes e não deixaram os acontecimentos alterar o seu estado de ânimo.

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