A batalha perdida do pastor

Silas Malafaia, por sua própria iniciativa, apresenta como credencial não a espiritualidade, mas a ciência.

Silas Malafaia

A polêmica suscitada pela entrevista de Silas Malafaia a Marília Gabriela é uma daquelas oportunidades de ouro para levantarmos hipóteses igualmente polêmicas, com as quais tentamos chamar a atenção. No meu caso, não pretendo fazer uma análise detalhada das opiniões do pastor, como fez, por exemplo, o biólogo Eli Vieira. Meu escopo é mais abstrato e minha hipótese trata das diatribes de Malafaia no contexto de um fenômeno ainda vago, mas já repisado: “a volta da religiosidade”. O que quero sugerir é que a luta de Malafaia é uma luta vã, isto é, uma luta que só pode vir a acontecer porque sua premissa fundamental é uma admissão de derrota. Malafaia conduz uma briga perdida, provavelmente por querer.

Antes de mais nada, é preciso estabelecer um ponto, sem o qual estou só gastando meu tempo ao escrever e o seu ao ler. É preciso conceder ao pastor o benefício da dúvida e considerar, sem embargo de quaisquer evidências (contrárias ou favoráveis), que ele fala com seriedade e honestamente acredita tanto em seus métodos quanto em seus argumentos. Este postulado é indispensável, porque não foram poucos na história aqueles que adotaram posições extremadas, sobretudo perante a mídia, com o intuito exclusivo de criar para si próprios uma imagem socialmente relevante. Hoje, não são poucos a pensar que Malafaia se encontra nesse grupo. Mas, para efeito de argumento, suponho que não seja o caso, ainda que, como os mencionados, ele tenda a tratar argumentos, evidências e teses com uma leviandade espantosa.

À hipótese, então: parece-me que Malafaia luta (com sinceridade e galhardia, ainda que histriônicas) uma batalha perdida de partida. A grande questão é que ele se dirige a um público bastante particular e, diria eu, provavelmente numeroso, com proporção considerável entre seus fiéis. Não me parece que ele esteja se dirigindo a uma malta histérica e sanguinária de fundamentalistas religiosos, como levaria a crer seu tom de voz e a já referida leviandade. Para justificar sua condenação dos homossexuais, ao contrário, Malafaia busca justificativas na ciência: explicações comportamentais, dados genéticos, origens sociais e ambientais… Ele fala em cromossomos, em traumas, um vocabulário, cá entre nós, bem pouco teológico. (Volto à questão da teologia mais tarde.) E se ele faz isso, ora, é porque o público ao qual se dirige tem algum nível de exigência por explicações como essas, ou seja, faz questão de fundamentar suas opiniões e crenças em dados empíricos. De fato, pesquisas e mais pesquisas reiteram que, para a infelicidade de Silas e tantos outros, o público evangélico não é nem tão homogêneo, nem muito menos tão intolerante quanto costumam pintá-lo.

Troca de papéis

Observe que Malafaia não recorre à ciência simplesmente como citação. Contra Jean Wyllys, por exemplo, que é historiador por formação, o pastor tenta a carteirada do argumento de autoridade: “eu sou psicólogo”. Ele se coloca na discussão não como pastor, não como intérprete ou defensor das Escrituras, mas como psicólogo, ou seja, como autoridade científica! Sim, verdade, um psicólogo de formação não é necessariamente um cientista; pode muito bem, por exemplo, ser um profissional de RH ou trabalhar com marketing. Mas não é como Malafaia se apresenta: ele busca usar sua condição de bacharel em psicologia para se passar por cientista, ainda que isso, normalmente, exigisse publicações na área, entre outras coisas.

Mas a discussão, neste texto, não é sobre as qualificações acadêmicas do homem. O crucial, neste momento, é entender a dimensão dessa troca de papéis: Malafaia, por sua própria iniciativa, apresenta como credencial não a espiritualidade, mas a ciência. “A razão”, poderíamos dizer, se estivéssemos com pressa de fazer juízos. Mas não estamos com pressa. Por enquanto, tudo que quero expressar é que, ao se colocar como homem de ciência, ainda que pseudo-ciência, um indivíduo, pastor ou não, se submete de livre e espontânea vontade ao risco de refutação e à exigência de rigor metodológico. Isso é verdade mesmo para alguém que, paralelamente, ainda pode tentar a carteirada inversa, ou seja, reafirmar-se como autoridade religiosa, com uma posição inicial inflexível que coloca, desde o início, fora do alcance o tal rigor metodológico. Isso é extraordinário, porque é uma situação paradoxal, um beco sem saída em que ninguém o obrigou a entrar.

Esse é o elemento central da “batalha perdida” de que falei, mas ainda é preciso desenvolver. Lembremo-nos de que Silas Malafaia é pastor da Assembléia de Deus Vitória em Cristo, uma igreja herdeira dos avivamentos do século XIX, nos EUA e, por isso mesmo, uma religião de culto, ou seja, da experiência direta e individual do divino. Essas religiões, pentecostais e neo-pentecostais, recusam tanto quanto possível as exigências de discussão teológica, do estabelecimento de dogmáticas e da observância estrita de liturgias – elementos vigorosamente criticados nas religiões à época já estabelecidas. Nesse contexto, Malafaia é um líder espiritual, de fato e de direito, numa estrutura em que o direito decorre imediatamente do fato. Em outras palavras, ele tem seguidores, por isso é líder. Não há chancela de autoridade formal e hierarquizada, como no caso do catolicismo, por exemplo. Essa posição de líder espiritual, nem preciso dizer, é muito forte.

Sem embrago de toda essa força, Malafaia não consegue se bastar nessa posição. Ele precisa buscar combustível, munição e mantimentos fora da área espiritual. Eis um fato surpreendente. Se ele precisa fazer isso, é porque a autoridade da religião não basta mais para orientar o comportamento, nem mesmo a convicção, em certas áreas cruciais, como a sexualidade. Sem esquecer, é claro, que Malafaia, pelo histórico de sua religião, não pode recorrer àquelas formulações teológicas que renderam tantos embates, até guerras, entre protestantes e católicos, católicos e católicos, protestantes e protestantes. Como resultado, Malafaia, ao se entregar a incursões clamorosas no debate público, flutua entre inúmeros campos distintos, sem conseguir ancorar-se a nenhum deles: o pentecostal, o teológico-dogmático, o psicológico, o cromossômico… Se ainda fosse líder apenas espiritual, especificamente no estilo de John Newton ou Luigi Francescon, ele poderia deixar de lado o recurso à genética e fazer valer sua visão de mundo pela força da autoridade religiosa. Mas não é o que acontece, provavelmente porque já não são muitos os que estão dispostos a discriminar vizinhos só porque alguém poderoso diz que deve ser assim.

Por outro lado, também poderíamos perguntar que aspecto tem essa batalha perdida de Malafaia, quando a colocamos no contexto da anunciada volta do sentimento religioso. Aqui, para poder apresentar as tonalidades do problema, é preciso fazer um breve excurso. Quando falamos em retorno do sentimento religioso, geralmente não sabemos muito bem que sentimento religioso é esse que está voltando. Mas se colocamos isso em questão, a dúvida passa a ser relativa à idéia de que algo esteja mesmo voltando, isto é, que uma religiosidade do passado saiu de cena, mas agora retorna tal e qual. Afinal, se encararmos as manifestações religiosas de hoje, será que enxergamos um retrato fiel da religiosidade de meio século atrás – ou um século inteiro, ou dois…? E não basta responder que não, porque seria igualmente possível entender o retorno do religioso como o renascimento do espírito místico inerente ao humano, ou seja, sua atração pelo transcendente.

Ora, será que esse espírito esteve mesmo tão adormecido? É claro que não. A sede, o sonho de transcendência, pode manifestar-se de uma infinidade de maneiras. Nas catedrais góticas, nas construções harmônicas de Bach, nos sacrifícios de São Francisco de Assis, na voz dos pastores que entoam spirituals; mas também na conquista do espaço infinito, no desejo de dominar o mundo, no patriotismo cego, na fé inabalável de que são objeto o progresso, a propriedade, o mercado, a revolução. E o misticismo pode tanto ser monacal quanto pentecostal quanto psicodélico quanto druídico quanto futebolístico…

Ciência e fé

De que se trata, então? É aqui que retorna o tema Malafaia… Falei de um homem disposto a subordinar sua autoridade religiosa à chancela da ciência, ou de algo que se pareça com ciência, e reafirmei que isso continua sendo verdade ainda que ele esteja disposto a virar de cabeça para baixo o que dizem os estudos dessa mesma ciência. Não se trata de um homem qualquer, mas um homem que poderia perfeitamente abrir mão dessa chancela e cujo programa televisivo, ainda por cima, é acompanhado por centenas de milhares de telespectadores – de fiéis, por sinal. Estamos, então, diante de um caso de preceitos religiosos que buscam, porque precisam, se justificar na ciência… E pensar que, por séculos e séculos, o mecanismo das relações entre ciência e religião se orientou por uma lógica rigorosamente inversa! Mesmo com todas as suas revoluções, suas acusações de heresia, da Idade Média até fins do século XVIII o que impulsionou a ciência foi a submissão a Deus, declarada e irrenunciável!

O cientista trabalhava para explicitar a glória da Criação, para narrar o poema épico da obra de Deus. Mesmo Galileu, que teve de se retratar para não sofrer a mesma sorte trágica de Giordano Bruno, trabalhava para demonstrar que “Deus escreveu o livro do mundo em linguagem matemática”… Cientistas como ele só estavam dispostos a enfrentar o caos aparente para se aproximar de Deus, cuja perfeição transmitia segurança quanto à eficácia dos cálculos. Leibniz, por exemplo, desenvolveu o cálculo infinitesimal não para romper com religião alguma, mas para colocar à prova suas idéias sobre a Graça divina, como resposta ao inextinguível problema da teodicéia e do mal. Mesmo a física newtoniana se propunha a ser um tributo a Deus.

Tudo isso, todo esse esforço de séculos, foi feito sob o signo da submissão a Deus e ao tal sentimento religioso. Afinal, entender as leis da natureza era uma forma de aproximar-se da Vontade d’Ele. Ou seja, se o sábio, como o vulgar, mas em plena consciência, submete-se aos mecanismos da física, por exemplo, é porque ele se submete aos comandos da Divina Providência. Melhor entendê-la é melhor louvá-la. Mas o ponto é que a autoridade espiritual vinha sempre em primeiro lugar, fosse como dogma, fosse como teologia e metafísica. E a ciência que se orientasse por esse gigantesco farol sobre as consciências. Porque a verdade era uma verdade revelada, era ela que fundamentava todas as verdades particulares. Poucos eram os que se dispunham a questionar essa construção tão sólida.

É claro que houve gente disposta a questionar a submissão do método científico ao dogma religioso. Desde o espinosismo proscrito – que, ainda assim, se colocava como um caminho para a beatitude – até Voltaire, houve também o conflito aberto da religião com a ciência. Darwin está aí que não me deixa mentir: até hoje, para muitos líderes religiosos, rejeitar a teoria da evolução é questão de honra, Malafaia entre eles. Um episódio famoso a esse respeito envolveu o matemático Laplace e o imperador Napoleão. Laplace, inspirado em Newton, mas também de seus rivais teóricos Descartes e Leibniz, escreveu um “Sistema do Mundo” em que tudo, até mesmo a lei da gravitação universal, consistia em forças naturais. (Para Newton, ironicamente, a gravidade era uma prova da existência de Deus, ou, ao menos, do sobrenatural.) Pois Napoleão folheou o texto e perguntou ao sábio: “Qual é o papel de Deus?” E o cientista respondeu: “Majestade, não precisei dessa hipótese”. A essa altura, a autoridade espiritual e a religiosa estavam em campos opostos ou, no máximo, perfeitamente independentes, como era o caso das críticas de Kant à metafísica.

O retorno

Mas uma oposição não é uma submissão. Fala-se em retorno do sentimento religioso como uma reversão no processo de “desencantamento do mundo” de que falava Weber. O mundo foi se tornando mais e mais secular, num processo que teve seu ápice na segunda metade do último século. As igrejas começaram a se esvaziar e pareceu que todas as respostas seriam buscadas na pesquisa empírica, ou melhor, nas soluções de mercado, ou melhor, nas lutas políticas… Mas basta reler a frase anterior para perceber que essas respostas são animadas, ainda, pela mesma busca do transcendente que sempre alimentou o sentimento religioso. Seja o que for que foi embora, não foi um sentimento. Terá sido, antes, uma realidade física e palpável, uma forma de autoridade, portanto uma manifestação política, que dava solidez a esse sentimento. Ainda que se possa dizer que essa solidez, de tão sólida, era sufocante. Era a autoridade espiritual que Malafaia – mas não só ele; também o papa, por exemplo – não pode mais encarnar sem problemas. Uma autoridade que sustenta, entre tantas outras coisas, o impulso científico. Ou então, que se opõe a esse impulso, quando ele resolve escapar do recipiente que lhe é destinado. Mas que jamais se submete a ele.

Ou seja, a posição subalterna em que Malafaia a coloca é estranha à religião em qualquer campo, sobretudo no comportamento, esse de que se tratou na entrevista a Marília Gabriela. A religião, e isso é particularmente verdadeiro em relação aos monoteísmos como o de Malafaia, só se sente verdadeiramente à vontade e só pode funcionar a contento quando tem condições de afirmar, sem desmentidos à altura: eu sou a fonte de todas as verdades fundamentais, seja em cosmogonia, em moral, em escatologia, até em política. Por sinal, essa condição se reflete na frase que João atribui a Jesus: “eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Há, na religião, um componente muito mais amplo do que a fé, entendida meramente como a convicção de um fiel de que sua salvação ou seu consolo passam por aquela doutrina. É difícil imaginar uma religião que não seja normativa. Poderia ir longe, de verdade, uma religião que afirmasse, em vez da sentença acima: “trago conforto aos que sofrem, contanto que não precise desdizer os cientistas, nem as cosmogonias, morais, escatologias, políticas, dogmáticas e liturgias de religiões concorrentes”? Que potência decisória teria essa religião, na hora em que um fiel precisasse aplicar a doutrina em sua vida quotidiana? Algo assim é impensável, pelo menos no quadro dos nossos monoteísmos do “Deus ciumento”, ainda que esse mesmo Deus seja considerado também amoroso e misericordioso. Afinal, a misericórdia é o atributo de quem está em posição superior, jamais subalterna.

Quando leio sobre a participação de religiosos nos debates em torno de casamento homoafetivo, aborto, eutanásia e assim por diante, sempre me vem à mente o célebre trecho de Mateus com o “a César o que é de César”. Belo preceito do cristianismo, que faz grande falta a outras religiões semelhantes. Mas muito difícil de cumprir. Tudo vai bem quando César e Deus estão, ou parecem estar, lado a lado, seja num Estado teocrático, seja a partir da crença, absolutamente majoritária até o século XVII, de que o poder do soberano emana diretamente de Deus. Em outras situações, o cumprimento é bem mais difícil, porque exige do fiel que tome atitudes que vão frontalmente de encontro a suas convicções. Ou, pelo menos, que ele aceite, e até apóie, legislação que contradiga suas crenças. Haja autonomia de pensamento para agir dessa forma! Mesmo o convívio pacífico entre religiões me parece menos a regra e mais a exceção. Depende de um certo equilíbrio de forças entre grupos de fiéis e a comunidade como um todo, algo que nem sempre se verifica…

Ouço Malafaia argumentar que a homossexualidade não é um fenômeno determinado geneticamente, mas comportamental. O determinismo do pastor é primitivo e terrivelmente perigoso, mas não está no escopo da minha hipótese criticá-lo. O biólogo citado no início já o fez. A questão, aqui, é outra. Estamos diante de um líder religioso que, ao menos implicitamente, afirma: “se ficar demonstrado que a homossexualidade é um fenômeno genético, ainda que parcialmente, então eu aceito que ela não é condenada por Deus, já que o código genético é parte da Criação”. Provavelmente isso não é verdade, quero dizer, provavelmente o pastor encontraria um jeito de manter sua condenação ainda que o determinismo genético, tal e qual, ficasse mesmo provado. Ele encontraria um jeito de dizer que a prova não é válida ou que, na verdade, era outra coisa que ele queria dizer. A rigor, ele provavelmente está mais do que ciente de que nenhum cientista sério jamais vai afirmar categoricamente que “a homossexualidade é um fenômeno determinado geneticamente”, já que um determinismo tão forte não pode existir em sistemas complexos como o psicossocial.

Mas isso não é o mais importante, e sim que tal postura, sincera ou não (e estou assumindo que ela é sincera, não vamos nos esquecer), é um atestado de que a batalha de Malafaia é, como eu disse, uma batalha perdida. Porque uma religião que aceita assumir essa posição subalterna não tem como cumprir seu papel. É inverossímil que uma religião afirme: “cremos que Deus determinou tal e tal, mas talvez não seja assim, pode ser que a ciência ou a experiência demonstrem o oposto”. Malafaia se faz o porta-voz de um grupo que, mesmo mantendo todo o misticismo que as religiões tão belamente trabalham, está disposto a subjugar seus dogmas fundamentais a evidências desencavadas pelo trabalho científico. Isso não é pouca coisa. Em outros casos, pode-se chegar a alguma forma de acomodação. Por exemplo, quanto à origem do universo, com seus quinze bilhões de anos, em vez de seis mil. Pode-se dizer que o tempo, como tal, não existe para o Ser Supremo; pode-se dizer que o texto sagrado é metafórico; pode-se mesmo dizer que o tempo tem outro ritmo no mundo espiritual. Ou então, o conflito: “isso é só uma teoria”, que é o caminho escolhido por muitos religiosos radicais com relação à evolução. O que não funciona é jogar fora a parte cosmogônica da religião e ficar só com a parte moral. Mesmo esta parte, provavelmente a mais útil, precisa de um fundamento ontológico, ou melhor, onto-teológico, a não ser no campo de uma ética puramente imanente, algo difícil de imaginar para uma religião como os nossos monoteísmos.

Contra-exemplos

Agora que já apresentei a hipótese, surgiu uma dúvida pessoal. Como seria uma postura religiosa forte neste caso? É evidente que a mais “forte”, no sentido de inabalável, seria aquela que afirmasse: “Esses estudos todos, frutos da vã razão humana, não valem de nada. Ai de ti, mortal, se te dobrares ao pecado, à tentação de um confronto racional com a Palavra!” No passado, essa postura fortíssima bastaria para satisfazer à grande maioria dos ouvintes. Mas parece não ser mais o caso, não majoritariamente. Cada vez menos os fiéis aceitam esse tipo de resposta. Eles não esperam mais da religião uma resposta inflexível, definitiva e autoritária, ao contrário do que pode parecer para quem se mantém à distância, amargamente, balançando a cabeça diante do que lhe parece ser o retorno dos bárbaros fundamentalistas. Os fatos parecem demonstrar que os bárbaros fundamentalistas, em que pese todo o barulho que são capazes de fazer, são menos comuns na religião do que no futebol, na política e, se bobear, até mesmo na ciência.

Penso em outra postura, também forte, mas não no sentido da potência impositiva, e sim no sentido do pleno gozo do poder normativo que uma religião pode ter e do qual, a bem da verdade, não pode abdicar. Lutero, por exemplo, quando jovem monge, tinha dificuldade em entender por que sua carne era tão propensa ao pecado. Ele cobiçava, invejava monges mais santos que ele, desejava mulheres, tinha uma queda pela boa alimentação que não condizia com o estoicismo monástico. Tudo isso apesar de suas orações e boas obras. Então ele desenvolveu a célebre doutrina do “sola fides, sola gratia…” O pecado estava nele para que a graça divina pudesse se manifestar de maneira mais gloriosa. Alguém que quisesse manter a condenação ao amor homoafetivo sem abdicar de sua espiritualidade monoteísta poderia seguir essa linha. Aceitaria que esse amor possa estar inscrito, ainda que parcialmente, nos genes e reproduzido nas estruturas psíquicas que as neurociências seriam capazes de ler no cérebro. Mas afirmaria, na linha de Lutero, mas também com uma pitada de Leibniz: Deus inscreveu no código mais profundo da vida um comportamento que ele mesmo condena (o mal, portanto), para que sua graça possa se manifestar, através da fé e das orações, naturalmente, naquele corpo. Uma versão católica desse argumento acrescentaria mortificações e a purificação da carne, exercícios espirituais, aconselhamento com sacerdotes e assim por diante. Mas a essência provavelmente não seria muito diversa.

Em qualquer de suas vertentes, esta é mais uma forma de solucionar o problema da teodicéia, desta vez com o recurso à genética. É, também, uma forma de acondicionar as evidências científicas ao dogma. É, ainda, uma maneira de tentar resgatar o “a César o que é de César”. É, em todo caso, uma postura muito diferente da que vemos em Malafaia. Uma espécie de meio-termo é o estranhíssimo fenômeno da “cura da homossexualidade” (ou do homossexualismo, como dizem), proposta por auto-intitulados psicólogos. É mais uma forma de se colocar no meio do caminho entre a força normativa da religião e a potência empírica das evidências científicas. Afinal, não fica claro até que ponto a cura em questão é espiritual ou propriamente psicossomática; o fato é que, se esses psicólogos se dispõem a considerar a homossexualidade como patologia, não estão falando nela como pecado, mesmo que, paralelamente, usem esse termo dentro dos templos. Ou seja, estão também aceitando que considerações racionais, científicas, ainda que integralmente equivocadas, sejam postas acima das escrituras. Mas, ora, como já vimos, pelo próprio conteúdo do conceito de sagrado ou de divino, as Escrituras, do ponto de vista do fiel, deveriam estar acima de qualquer outro argumento, de qualquer evidência. É, também, portanto, uma batalha perdida.

Como fica, então, o retorno do sentimento religioso? Continuo não sabendo.

Para mim, o sentimento religioso jamais deixou de existir, enquanto entendemos que as religiões se nutrem de um sentimento que consiste em desejar ardentemente a transcendência, o infinito, o eterno, o imutável, o perfeito, o absoluto. O divino, em suma. Por outro lado, se entendemos que o que está voltando não é exatamente um sentimento, mas um fato de ordem política, um poder normativo atribuído às religiões, então me parece que posturas como a de Malafaia, dos psicólogos curadores de homossexuais e até, muitas vezes, do Vaticano – como quando, por exemplo, padres tentam argumentar que estupros não provocam gravidez, ou quando encíclicas papais insistem na interdependência estreita entre fé e razão – desmentem essa noção. Algo fundamental para o funcionamento de um tal poder parece ter se quebrado, dentro mesmo da mente dos fiéis, no comportamento daqueles que crêem. Eu diria que é a disposição para remover do caminho do dogma tudo que tenha qualquer outra fonte de legitimação. É esse campo minado que tentam atravessar os Malafaia da vida, com suas batalhas inviáveis.

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  • José de Souza Batista Sobrinho-Zequinha

    A julgar pela ótica natural do autor, ” a batalha de Jesus também seria derrotada, uma vez que Ele morreu”!
    Malafaia, em nenhum momento, se mostrou ou autodenominou-se “cientista”!
    O fato de citar leis científicas, não faz o indivíduo um cientista, assim como se faz diariamente todo humano, em qualquer assunto que o atinja.
    O que não dá para entender, e muitíssimo menos aceitar, é o pensamento e a crença (íntima) de ditos “sábios – logo, cientista ou simpático da ciência- considerarem normal e considerarem o ajuntamento de dois iguais, como casamento.
    Pior ainda, é que tais elementos querem ou pretendem, que uma sociedade toda “engula” tal absurdo.
    Cada ser humano foi criado com lívre arbítrio e é exatamante esta faculdade que o cristianismo – e não a religião – dá ao cristão, a condição de escolher e considerar o que acha melhor para si.
    É o que faz Malafaia!
    Porque Jean Willys e tantos outros pensam o contrário, querendo impor algo que fere, que não comunga com a consciência cristã, isto deve ser considerado antiquado? Retrógrado?
    Falar ou opinar filosóficamente é direito natural de todos, inclusive, dos homoafetivos, agora, aos discordantes não cabe a pecha de homofóbicos pelo simples fato da discordância.
    Seria nivelar todos os formadores de opinião com o mesmo adjetivo, pois entre poíticos, futebolistas, músicos, etc…,há sempre divergentes adeptos.
    Malafaia sempre posicionou-se na defesa dos princípios bíblicos (não religiosos), os quais mostram claramente que “Deus criou macho e fêmea”, e não um terceiro sexo e, ao mesmo em que assim se expressa, também reconhece o que a regra do cristão tão claramente mostra: o direito do ser humano ser o que quiser.
    O que o autor, deixa transparecer num artigo longo, cheio de palavras, é, no mínimo, sua contrariedade para com o ensino bíblico e, como Malafaia é um corajoso expoente cristão, pautado na regra bíblica, é o bode expiatório.
    Creio que assim como o cristianismo enfrentou forte oposição e perseguição, essas sim, infrutíferas, assim se dará também com a nova investida contra este paladino evangélico, pois, como disse Jesus, “as portas do inferno não prevalecerão contra a minha igreja”, que é a comunidade dos que crêem, dos nascidos de novo, dos convertidos e não, dos religiosos.

    • Ludmila Érica Furquim de Oliveira

      As portas do inferno não prevalecerão contra a minha igreja disse JESUS , TUDO pode passar, mas aquilo que está nas ESCRITURAS jamais passarão amém , quem viver verá !!!

      • Diego

        Avisa lá pro Silas, que parece não ter entendido essa parte.

    • Diego

      Embora você não tenha prestado a menor atenção ao que está escrito no texto e apague da memória todas as vezes em que Malafaia diz “eu sou psicólogo” e recomenda a leitura de livros pretensamente acadêmicos, pelo menos sua postura é mais condizente com um espírito normativo da religião do que a de seu ídolo. Pra ser honesto, prefiro a dele…

  • Hemily

    Bom, toda ideia deve ser provada matematicamente e cientificamente, são não houver essa comprovação, não passa de um hipótese, e foi o que ele fez, usou o seu intelecto, na área psicológica e científica, mesmo que ele não seja formado em ciência ou biologia, para provar sua ideia.

    • Diego

      Confesse: vc também não leu o texto, né? A questão não é se ele fez isso ou não, a questão é o que o motiva a fazer algo que deveria ser desnecessário para alguém na posição dele.

  • Joel Jonas

    Quem é realmente esse Diego? De que mundo veio? Nunca ouvi falar.

    • http://aterceiramargemdosena.opsblog.org/ Lelec

      O Diego é muito modesto e, por isso, vou apresentá-lo ao cidadão aí de cima (Joel Jonas) que perguntou : “Quem é realmente esse Diego?”

      Aqui vai uma pequena nota biográfica:

      Depois de um estrondoso sucesso como clarinetista da banda pós-punk Arroto Gangrênico, depois de uma brilhante passagem pela quinta divisão do campeonato hondurenho, Diego Viana McAlister Al-Kabessal Joji de l’Éclairage dedicou-se a pesquisas paleontológicas no sítio arqueológico de Girgintuk, na Capadócia do Oeste. Suas escavações nesse sítio deram origem à sua revolucionária tese sobre o papel decisivo dos brontossauros na queda do império assírio.

  • José de Souza Batista

    Diego, desculpe minha clareza.
    O que demonstras é despreparo para aceitar o que te contraria.
    A vítima agora é o Pastor Silas que defende os princípios e leis bíblicas e não apenas pontos de vista.
    A motivação dele, é a mesma que qualquer cristão de fato, defenderia: os princípios do seu Senhor!
    Por acaso, não é isto o que estás fazendo?
    A questão é a diferença de senhorio!
    Não consegues, ao menos, reconhecer o direito de alguém pensar distintamente de ti?
    De ter gostos e preferências diferentes, porém, lógicas?
    É admirável pensares e te posicionares assim, considerando tua boa formação cultural que, a bem da verdade, era de se esperar uma postura mais democrática, compreensiva uma vez que teu cabedal exige que tenhas mente mais aberta.
    Lamentavelmente, deixas transparecer que pretendes uma sociedade fanática, intolerantista, fundamentalista, doentia, o que não prega a doutrina cristã, que condena o homossexualismo mas ama o homossexual.
    Abra os olhos e perceba que não vivemos mais no medievo, época quando os divergentes serviam de combustível para as fogueiras da cegueira cultural, período que alguns “artistas” deslocados querem implantar com suas idéias e práticas incondizentes.

    • Diego

      Amigo, leia o texto antes de comentar. Ajuda muito a não dizer besteiras.

  • Gustavo Munhoz

    Ótimo texto!
    Caro Diego você usou palavras que estão fora do contexto de vida de alguma pessoas…Infelizmente a maioria dos “adoradores” de charlatões estilo Jim Jones, não possuem se quer o ensino médio…Por isso as críticas….Parabéns pela sua articulação!

  • Thiales

    Diego, você argumenta que a questão é o que o motiva a fazer algo que deveria ser desnecessário para alguém na posição dele, correto?
    Usando suas palavras como você disse para a Hemily:
    “Confesse:” Se Malafaia citasse: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.
    1 Coríntios 6:9-10”, ou “”Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante.
    Levítico 18:22”, você como ateu ou seja lá no que você acredita se contentaria com essas palavras? O seu argumento seria que o mundo evoluiu, que a genética já fez estudos e blá, blá, blá…
    É claro que não!!! Para pessoas como você é que pessoas como Malafaia precisam desses argumentos. No livro de I Coríntios, capítulo 1, versículo 18 afirma: “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.” Nós sabemos no que cremos, mas para vós que acham que somos loucos é muitas vezes necessário, porém Deus alerta na sequência do versículo 21 que Ele se agrada dos que crêem por meio dessa loucura: “Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação.”.
    O nosso papel é levar a palavra de Deus a todos , ensinando-os a obedecer a TUDO o que Cristo nos ordenou (Mateus 28:20), portanto nosso papel é alertar, pois ainda há tempo e o tempo é próximo.
    Você diz: “Algo fundamental para o funcionamento de um tal poder parece ter se quebrado, dentro mesmo da mente dos fiéis, no comportamento daqueles que crêem.”. Não meu amigo, nós cristão sabemos muito bem no que cremos, palavras como as ditas pelo pastor são para você.
    Abraço.

    • Diego

      Oi Thiales, eu responderia, mas você mesmo já fez isso… Se a palavra de pessoas como vós é levar a palavra de Deus aos demais, Malafaia já desistiu de fazer isso. E tenta usar uma linguagem que não consegue, faz um triste papel e perde legitimidade mesmo entre evangélicos. Aliás, você se engana ao achar que todo evangélico se contenta com uma citação pinçada do Levítico, mas já que estamos nesta toada, cito aqui o Levítico 13 (2-59). Por dever de coerência, acredito que você deva segui-lo à risca. É uma citação tão bíblica quanto as que colocaste aí acima para mostrar tua enorme erudição:

      “Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes.

      E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por imundo.

      Mas, se a mancha na pele de sua carne for branca, e não parecer mais profunda do que a pele, e o pêlo não se tornou branco, então o sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias;

      E ao sétimo dia o sacerdote o examinará; e eis que, se a praga, ao seu parecer parou, e na pele não se estendeu, então o sacerdote o encerrará por outros sete dias;

      E o sacerdote ao sétimo dia o examinará outra vez; e eis que, se a praga se recolheu, e na pele não se estendeu, então o sacerdote o declarará por limpo; é uma pústula; e lavará as suas vestes, e será limpo.

      Mas, se a pústula na pele se estende grandemente, depois que foi mostrado ao sacerdote para a sua purificação, outra vez será mostrado ao sacerdote,

      E o sacerdote o examinará, e eis que, se a pústula na pele se tem estendido, o sacerdote o declarará por imundo; é lepra.

      Quando no homem houver praga de lepra, será levado ao sacerdote,

      E o sacerdote o examinará, e eis que, se há inchação branca na pele, a qual tornou o pêlo em branco, e houver carne viva na inchação,

      Lepra inveterada é na pele da sua carne; portanto, o sacerdote o declarará por imundo; não o encerrará, porque imundo é.

      E, se a lepra se espalhar de todo na pele, e a lepra cobrir toda a pele do que tem praga, desde a sua cabeça até aos seus pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote,

      Então o sacerdote examinará, e eis que, se a lepra tem coberto toda a sua carne, então declarará o que tem a praga por limpo; todo se tornou branco; limpo está.

      Mas no dia em que aparecer nela carne viva será imundo.

      Vendo, pois, o sacerdote a carne viva, declará-lo-á por imundo; a carne é imunda; é lepra.

      Ou, tornando a carne viva, e mudando-se em branca, então virá ao sacerdote,

      E este o examinará, e eis que, se a praga se tornou branca, então o sacerdote declarará limpo o que tem a praga; limpo está.

      Se também a carne, em cuja pele houver alguma úlcera, sarar,

      E, em lugar da pústula, vier inchação branca ou mancha lustrosa, tirando a vermelho, mostrar-se-á então ao sacerdote.

      E o sacerdote examinará, e eis que, se ela parece mais funda do que a pele, e o seu pêlo se tornou branco, o sacerdote o declarará por imundo; é praga da lepra que brotou da pústula.

      E o sacerdote, vendo-a, e eis que se nela não houver pêlo branco, nem estiver mais funda do que a pele, mas encolhida, então o sacerdote o encerrará por sete dias.

      Se ela grandemente se estender na pele, o sacerdote o declarará por imundo; praga é.

      Mas se a mancha parar no seu lugar, não se estendendo, inflamação da pústula é; o sacerdote, pois, o declarará por limpo.

      Ou, quando na pele da carne houver queimadura de fogo, e no que é sarado da queimadura houver mancha lustrosa, tirando a vermelho ou branco,

      E o sacerdote vendo-a, e eis que se o pêlo na mancha se tornou branco e ela parece mais funda do que a pele, lepra é, que floresceu pela queimadura; portanto o sacerdote o declarará por imundo; é praga de lepra.

      Mas, se o sacerdote, vendo-a, e eis que, se na mancha não aparecer pêlo branco, nem estiver mais funda do que a pele, mas recolhida, o sacerdote o encerrará por sete dias.

      Depois o sacerdote o examinará ao sétimo dia; se grandemente se houver estendido na pele, o sacerdote o declarará por imundo; é praga de lepra.

      Mas se a mancha parar no seu lugar, e na pele não se estender, mas se recolher, inchação da queimadura é; portanto o sacerdote o declarará por limpo, porque inflamação é da queimadura.

      E, quando homem ou mulher tiver chaga na cabeça ou na barba,

      E o sacerdote, examinando a chaga, e eis que, se ela parece mais funda do que a pele, e pêlo amarelo fino há nela, o sacerdote o declarará por imundo; é tinha, é lepra da cabeça ou da barba.

      Mas, se o sacerdote, havendo examinado a praga da tinha, e eis que, se ela não parece mais funda do que a pele, e se nela não houver pêlo preto, então o sacerdote encerrará o que tem a praga da tinha por sete dias.

      E o sacerdote examinará a praga ao sétimo dia; e eis que, se a tinha não se tiver estendido, e nela não houver pêlo amarelo, nem a tinha parecer mais funda do que a pele,

      Então se rapará; mas não rapará a tinha; e o sacerdote segunda vez encerrará o que tem a tinha por sete dias.

      Depois o sacerdote examinará a tinha ao sétimo dia; e eis que, se a tinha não se houver estendido na pele, e ela não parecer mais funda do que a pele, o sacerdote o declarará por limpo, e lavará as suas vestes, e será limpo.

      Mas, se a tinha, depois da sua purificação, se houver estendido grandemente na pele,

      Então o sacerdote o examinará, e eis que, se a tinha se tem estendido na pele, o sacerdote não buscará pêlo amarelo; imundo está.

      Mas, se a tinha ao seu ver parou, e pêlo preto nela cresceu, a tinha está sã, limpo está; portanto o sacerdote o declarará por limpo.

      E, quando homem ou mulher tiver manchas lustrosas brancas na pele da sua carne,

      Então o sacerdote olhará, e eis que, se na pele da sua carne aparecem manchas lustrosas escurecidas, é impigem que floresceu na pele, limpo está.

      E, quando os cabelos do homem caírem da cabeça, calvo é, mas limpo está.

      E, se lhe caírem os cabelos na frente da cabeça, meio calvo é; mas limpo está.

      Porém, se na calva, ou na meia calva, houver praga branca avermelhada, é lepra, florescendo na sua calva ou na sua meia calva.

      Havendo, pois, o sacerdote examinado, e eis que, se a inchação da praga, na sua calva ou meia calva, está branca, tirando a vermelho, como parece a lepra na pele da carne,

      Leproso é aquele homem, imundo está; o sacerdote o declarará totalmente por imundo, na sua cabeça tem a praga.

      Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas, e a sua cabeça será descoberta, e cobrirá o lábio superior, e clamará: Imundo, imundo.

      Todos os dias em que a praga houver nele, será imundo; imundo está, habitará só; a sua habitação será fora do arraial.

      Quando também em alguma roupa houver praga de lepra, em roupa de lã, ou em roupa de linho,

      Ou no fio urdido, ou no fio tecido, seja de linho, ou seja de lã, ou em pele, ou em qualquer obra de peles,

      E a praga na roupa, ou na pele, ou no fio urdido, ou no fio tecido, ou em qualquer coisa de peles aparecer verde ou vermelha, praga de lepra é, por isso se mostrará ao sacerdote,

      E o sacerdote examinará a praga, e encerrará aquilo que tem a praga por sete dias.

      Então examinará a praga ao sétimo dia; se a praga se houver estendido na roupa, ou no fio urdido, ou no fio tecido ou na pele, para qualquer obra que for feita da pele, lepra roedora é, imunda está;

      Por isso se queimará aquela roupa, ou fio urdido, ou fio tecido de lã, ou de linho, ou de qualquer obra de peles, em que houver a praga, porque lepra roedora é; com fogo se queimará.

      Mas, o sacerdote, vendo, e eis que, se a praga não se estendeu na roupa, ou no fio urdido, ou no tecido, ou em qualquer obra de peles,

      Então o sacerdote ordenará que se lave aquilo no qual havia a praga, e o encerrará segunda vez por sete dias;

      E o sacerdote, examinando a praga, depois que for lavada, e eis que se ela não mudou o seu aspecto, nem se estendeu, imundo está, com fogo o queimarás; praga penetrante é, seja por dentro ou por fora.

      Mas se o sacerdote verificar que a praga se tem recolhido, depois de lavada, então a rasgará da roupa, ou da pele ou do fio urdido ou tecido;

      E, se ainda aparecer na roupa, ou no fio urdido ou tecido ou em qualquer coisa de peles, lepra brotante é; com fogo queimarás aquilo em que há a praga;

      Mas a roupa ou fio urdido ou tecido ou qualquer coisa de peles, que lavares, e de que a praga se retirar, se lavará segunda vez, e será limpa.

      Esta é a lei da praga da lepra na roupa de lã, ou de linho, ou do fio urdido, ou tecido, ou de qualquer coisa de peles, para declará-la limpa, ou para declará-la imunda.
      Levítico 13:2-59

  • Thiales

    Diego,

    Vi que pela falta de argumentos copiou um enorme trecho de Levítico para encher a página e achar que nós evangélicos somos burros e não temos o discernimento de saber que o teu texto
    foi dado por Deus aos israelitas para saberem como lidar com a
    lepra em uma época totalmente diferente, tudo o que você mencionou, obviamente, servia para conter uma doença maligna, mesmo séculos antes de cientistas compreenderem como doenças se espalham. Imagine aqueles milhões de pessoas no deserto, sem a tecnologia, sem a medicina moderna, com pouquíssima água, sem saneamento básico, vivendo em barracas, com praticamente a mesma roupa a vida toda, naquelas condições climáticas…
    O que você faria se estivesse lá, naquele contexto, e algumas pessoas tivessem lepra? Deus se preocupa com o seu povo
    e sempre nos mostra a direção.
    Na Bíblia, a lepra significava muita coisa, também significava pecado. Se você quisesse ver um símbolo do pecado, era só olhar para o leproso, todos se afastavam de pessoas assim, ah claro, menos
    uma, Jesus, Ele não correu da lepra e ainda curou os leprosos.
    Não importa quão impuro e quanto você esteja contaminado pelo pecado, Jesus não isola você. Jesus abraça-lhe, cura e perdoa, simplesmente, porque Ele ama.
    Você pegou esse trecho porque mencionei Levítico, daí como convém a você, usou também um trecho de Levítico, só que
    esqueceu que não só mencionei no comentário anterior o antigo testamento, como outro do novo testamento, onde Deus renova
    o que já havia condenado há muito tempo atrás.
    Amigo, texto sem contexto é motivo de pretexto…
    Outra coisa, o crente precisa lembrar de desempenhar trabalhos na obra de Deus além da fé para não ser ocioso: “E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade.
    Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” 2 Pedro 1:5-8
    Abraço.

    • Leonardo

      Não entendi o sistema de dois pesos e duas medidas.

      Então a parte da lepra deve ser interpretada conforme a realidade daquele período e a aversão à homossexualidade não? Por que eu não posso interpretar que, por exemplo, o repúdio a tal prática não foi fruto de um preconceito da época e, hoje, o assunto deve ser tratado de maneira diferente?

      Fica realmente muito prático interpretar a bíblia como convém a própria ideologia. O que eu não gosto ou o que me prejudica e/ou não favorece meu ponto de vista, eu manipulo?

      Meu repúdio ao Malafaia não vem da defesa da religião, porque isso é direito de todos. O que me aborrece é a utilização inapropriada de argumentos sem fundamento real, a leviandade com que fala “isso a ciência já comprovou” quando se sabe que não é esta a verdade. É a imposição de estatísticas que saíram do NADA, estatísticas que chegam à discussão sem nenhuma fonte fidedigna.

      E se Deus deu o livre arbítrio e todos podemos ser o que somos e fazer o que queremos, porque obstar o direito homossexual à união civil reconhecida pela lei?

  • http://aterceiramargemdosena.opsblog.org/ Lelec

    Salve, salve, Diego,

    Puxa, só posso lhe dizer uma coisa: você está completamente equivocado, totalmente errado.

    Sim, errado porque um cara como você não pode ficar tanto tempo sem escrever na internet, equivocado em não colocar um texto na internet de vez em quando para nos tornar um pouco menos idiotas. Escreva mais!

    Parabéns pelo texto e pela maneira lógica como estrutura sua argumentação. Excelente!

    Você escreveu sobre algo que há tempos me intriga na postura de teólogos e pastores em questões que tangenciam a teologia/doutrina com a ciência (no sentido lato): a tentativa de dar um verniz de demonstrabilidade ao arrazoado teológico, integrando esse princípio do método científico à argumentação teológica. A tática atinge níveis paroxísticos quando eles usam um preceito do método científico, a falseabilidade, para atacar uma teoria científica (como o evolucionismo), mas não aceitam quando o interlocutor assinala que, por coerência, o arrazoado teológico que está sendo exposto também poderia ser criticado sob o mesmo prisma da falseabilidade científica. Assim tem sido nos últimos cem anos, não ?

    Você dissecou a argumentação do Malafaia, que é apenas o emblema mais estridente dessa retórica. Um William Lane Craig, um Adauto Lourenço, poderiam ser igualmente dissecados…

    Assim, você expôs brilhantemente a limitação epistêmica desse tipo de discurso teologizante. Mas fico com uma dúvida bem minha e sobre a qual gostaria de ouvi-lo: se epistemicamente a batalha deles está perdida, temo que, política e socialmente, eles não estão encurralados. Pelo contrário: entendo que as forças teocráticas estão cada vez mais poderosas no nosso Brasil. O número de evangélicos tem crescido consistentemente, a bancada evangélica está cada vez mais articulada e influente… Enfim: se a limitação epistêmica do discurso malafaiático está evidente para uns poucos, isso não parece ter influência alguma sobre os rumos da política e da sociedade brasileira, que estão cada vez mais sob a influência evangélica. É isso mesmo ?

    Abração, mon ami!

    PS: Incrível como tem gente comentando sem ter lido o texto, atacando-o por algo que ele não veicula. O caminho é longo.

  • roberto de lima cruz

    Silas, líder, expõe de forma científica(tenta) sua visão ou condenação a respeito do homossexualismo. É líder sem dúvida.
    Necessita de liderados, que resultarão em poder e DINHEIRO!
    Simples assim!

  • Walciney

    De uma coisa eu tenho certeza meus caros, cada um de vós deverá usar a sua “liberdade” como lhe convém assim como suas consequências. Abraço!

  • zelia

    Acho q se as pessoas lessem mais a palavra de Deus teriam mais sabedoria , respeitavam os valores não haveria esta inverçao de valores. familia é sagrada ,é composta por homen e mulher.e filhos.