William Lane Craig, mercador de desculpas esfarrapadas

Seu objetivo não é esclarecer, nem mesmo gerar um debate produtivo, mas armar os crentes, levantar a torcida, reforçar a fé dos fiéis.

O amigo editor Daniel Lopes me informa de que o teólogo e polemista americano William Lane Craig virá ao Brasil. Uma rápida consulta ao Oráculo de Google me revela a verdade desse momentoso anúncio: Craig fará um “tour” cristão-ecumênico, falando, entre outros lugares, no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, e na Igreja Batista de Itucuruçá, no Rio, agora em março.

Fora do círculo ativo – porém restrito – da apologia cristã, Craig é talvez mais conhecido por ter sido esnobado por Richard Dawkins que, desafiado pelo teólogo para um debate sobre a existência de Deus, recusou-se a se prestar ao serviço.

Fãs de Craig saudaram a recusa como um ato de “covardia” do biólogo britânico, mas Dawkins justificou sua atitude, primeiro, fazendo troça das credenciais de Craig como filósofo e, depois, dizendo que o apologista cristão era também um “apologista do genocídio”, uma vez que ele já escreveu dizendo que as crianças massacradas impiedosamente por ordem de Yahweh, de acordo com a narrativa do Velho Testamento, deveriam se dar por felizes, porque foram salvas e levadas para o Céu. A consequência lógica dessa premissa – que os inocentes estão melhor mortos, porque Deus os acolhe no Paraíso – é a de que um holocausto nuclear seria um ato de caridade. Só a religião, mesmo, é um estultificante suficientemente forte para fazer alguém abraçar placidamente uma ideia assim.

No meio acadêmico, Craig é, ao lado do também americano Alvin Plantinga, o principal defensor contemporâneo da ideia de que o teísmo tradicional de matriz cristã – com um Deus pessoal criador do Universo, infinitamente bom e amoroso, que sacrificou Seu Filho para nos salvar, de acordo com o que diz a Bíblia – é não apenas uma crença religiosa, um compromisso ético-estético ou uma mitologia, mas uma postura filosófica respeitável, defensável à luz da razão e largamente confirmada por fatos históricos.

Claro que qualquer pessoa minimamente familiarizada com o “estado da arte” em termos de história, arqueologia, mitologia, religião comparada e filosofia sabe que esses caras vivem em algum tipo de Universo paralelo, mas como pessoas assim são uma minoria, nada disso os atrapalha.

Dos dois, Craig é o menos sofisticado. Plantinga tece alguns argumentos interessantes sobre a natureza do conhecimento humano – sobre como cada um de nós dá a si mesmo permissão para acreditar que isso ou aquilo é verdade – a fim de defender a ideia de que “autorizar-se” a acreditar em Deus e na missão salvífica de Jesus não é pior do que acreditar na evidência dos próprios olhos. O argumento soçobra, é verdade, mas é intenso e original, além de oferecer alguns insights instigantes a respeito do sempre fascinante campo da epistemologia.

Craig, ao contrário, se limita a reeditar argumentos refutados há séculos por David Hume, a ignorar toda a matemática de Euler a Cantor e a oferecer versões profundamente distorcidas do que realmente dizem a Teoria da Relatividade e a Mecânica Quântica. Ele e seus áulicos quedam-se embevecidos diante do que chamam de Argumento Kalam para a Existência de Deus. O argumento é o seguinte:

Tudo o que passa a existir tem uma causa para sua existência.
O Universo passou a existir.
Logo, o Universo tem uma causa para sua existência.

Se o leitor não vê nada de realmente original e impressionante nessas três linhas, parabéns. O suposto fascínio do argumento é como a velha pegadinha em que uma pessoa para de repente na rua e começa a olhar para cima. Logo haverá dezenas de outras pessoas olhando para o céu vazio, mesmo sem que exista nada de realmente interessante por lá.

As duas premissas são ambas igualmente problemáticas. O caráter aleatório da Mecânica Quântica, por exemplo, somado à reversibilidade dos fenômenos subatômicos, lança sérias dúvidas sobre a natureza fundamental do conceito de “causa” – é bem provável que aquilo que nossas mentes processam como sendo “causalidade” não passe de uma propriedade emergente do cosmo, e não um requisito metafísico básico. Assim sendo, a primeira premissa, plausível à luz do que se entendia como ciência física na Idade Média, se desintegra na atmosfera contemporânea.

Além disso, como David Hume já nos alertava no longínquo século XVIII, talvez não seja apropriado tratar “Universo” como uma “coisa”. Sendo a soma de tudo o que existe, o Universo talvez seja melhor descrito como um conjunto de coisas. Supondo que cada elemento interno do Universo – pessoas, planetas, átomos – tenha uma causa e uma explicação apropriadas (em termos, digamos, de biologia, física, teoria quântica de campo, etc.), que sentido há em questionar a causa do Universo?

É só fazendo uma leitura especialmente seletiva e enviesada da filosofia, de Hume a Wittgenstein, e da física, de Galileu a Hawking, que Craig consegue defender suas premissas.

A segunda – o Universo passou a existir – é sustentada por meio de uma série de ataques ingênuos ao conceito de infinito. Infinitos reais não podem existir porque conduzem a paradoxos, diz ele, fazendo pouco caso do trabalho do matemático alemão Georg Cantor, que desenvolveu uma sólida teoria dos números transfinitos, usada com sucesso pelos matemáticos há quase cem anos. Como a matemática é a disciplina onde, por excelência, contradições não têm lugar (exceto como provas cabais de que alguma coisa está errada), alguém nessa história não sabe do que está falando. Pista: não é Cantor.

Na verdade, coisas que Craig chama de “paradoxos”, como o Hotel de Hilbert, não passam de características contraintuitivas das infinidades. Vejamos o caso do hotel: imagine uma hospedaria que tenha um número infinito de quartos, e que esteja lotada com um número infinito de hóspedes. O que o gerente faz quando chega um novo hóspede? Simples: transfere o hóspede do quarto 1 para o 2; do 2 para o 3; do 3 para o 4, e assim por diante. O quarto 1 estará livre e o novo hóspede poderá ocupá-lo.

O Hotel de Hilbert não é um paradoxo: ele não produz uma contradição, mas apenas ilustra o fato de que conjuntos infinitos têm propriedades diferentes dos finitos. Para visualizar isso, imagine a sequência dos números naturais – 1, 2, 3, 4… – escrita numa tira infinita de papel. Agora, imagine outra tira igual, emparelhada com a primeira. Empurre a segunda tira um pouco para a direita, de modo que seu número “1” agora esteja encostado ao “2” da primeira. A despeito disso, a cada número de uma das tiras continua, sem falhas, a corresponder um, e apenas um, número da outra (mas agora o emparelhamento é 1-2, 2-3, 3-4, etc., e não mais 1-1, 2-2, 3-3…). É a isso que o suposto “paradoxo” se resume. Ao invocá-lo, enfim, para tentar “provar” que infinitos são impossíveis, Craig apenas revela uma importante limitação intelectual: a de considerar “impossíveis” coisas que sua imaginação é incapaz de alcançar.

Em outra linha de ataque, ele diz que o Universo não pode se prolongar infinitamente para o passado porque, nesse caso, um tempo infinito teria de ter transcorrido entre a origem dos tempos e o presente. Como um tempo infinito não acaba nunca, ainda não teríamos chegado ao presente. Mas o presente está aqui. Logo, o passado não pode ser infinito.

O raciocínio tem uma plausibilidade superficial mas, como no caso do Hotel de Hilbert, revela uma falha crassa da imaginação: se o passado é infinito, isso significa que não houve uma origem dos tempos. Um passado infinito não implica uma origem infinitamente distante, mas a ausência de uma origem. Uma vez compreendido este ponto, não é muito difícil perceber que qualquer intervalo de tempo concebível será, necessariamente, finito. Intervalos de tempo funcionam como intervalos entre os números reais: embora o conjunto dos números seja infinito, o intervalo – a diferença – entre dois números é sempre uma quantidade finita e bem definida.

Craig também às vezes invoca os Teoremas de Hawking-Penrose para tentar provar que o Universo teve de ter uma origem. Esses teoremas, demonstrados pelo físico Stephen Hawking e pelo matemático Roger Penrose há algumas décadas, provam que, se o Universo for dominado pela Teoria da Relatividade Geral, então este Universo (entendido como o espaço-tempo onde os eventos ocorrem) teve início num ponto de densidade infinita, a chamada singularidade, onde as leis da física deixam de ter significado e que é, tradicionalmente, um dos esconderijos favoritos de Deus, ao menos entre os apologistas de mentalidade mais científica.

O problema aí é que o Universo não é dominado (apenas) pela Relatividade Geral. Há que se levar a Mecânica Quântica em consideração. Pelo menos desde 1988, quando da publicação de Uma Breve História do Tempo, Hawking renega a ideia de uma singularidade na origem dos tempos, e até mesmo de uma origem dos tempos. O teorema continua tão válido quanto um silogismo do tipo “Todos os marcianos são bípedes/Org é num marciano/Org é bípede”. Mas, da mesma forma que o silogismo, não se aplica ao mundo como ele é.

Claro que, mesmo se o argumento Kalam tivesse algum peso, ainda seria preciso estabelecer que a tal “causa do Universo” é o Deus da Bíblia, mas tremo só em imaginar o tipo de contorcionismo mental, as doses cavalares de desonestidade intelectual e de cara-de-pau necessários para chegar a isso.

William Lane Craig é menos um filósofo e muito mais um spin doctor teísta. No mundo das relações públicas, spin doctors são profissionais que criam desculpas superficialmente plausíveis para explicar o inexplicável – por que o mensalão nunca existiu, por exemplo. E, assim como os spin doctors da política, Craig é bem-sucedido porque prega para o coro. As pessoas que o ouvem e o aplaudem são as pessoas que já saíram de casa predispostas a ouvi-lo e aplaudi-lo. Seu objetivo não é esclarecer, nem mesmo gerar um debate produtivo, mas armar os crentes, levantar a torcida, reforçar a fé dos fiéis.

Mas, enfim, apologia cristã sempre foi isso: como bem notou Nietzsche, o homem de fé não quer saber a verdade – a menos que ela seja o que ele já esperava de antemão. Se não for, buscam-se desculpas. William Lane Craig é um mercador de desculpas. Esfarrapadas.

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  • Kaxner

    As pessoas que o ouvem e o aplaudem são as pessoas que já saíram de casa predispostas a ouvi-lo e aplaudi-lo. Seu objetivo não é esclarecer, nem mesmo gerar um debate produtivo, mas armar os descrentes, levantar a torcida, reforçar a fé dos “céticos”.

    Dou 2 biscoitinhos de chocolate para quem adivinhar de quem eu estou falando.

    • Alguém

      Uma versão atéia do Craig.

  • http://flaviomorgen.com Flavio Morgenstern

    Artigo simplesmente excelente.

    É comum que os cristãos (“teísta” é um termo que, na verdade, vai quase de encontro ao que pregam os cristãos, embora seja usado como uma forma abrangente para todos aqueles que acreditam em alguma espécie de Deus) busquem uma justificativa para sua crença num mundo de física quântica, evolução, milagres desmascarados e com cada vez mais coisas atribuídas ao misterioso mundo além caindo no misterioso mundo em que vivemos – mas que não promete Justiça infinita, bondade (ao mesmo tempo, paradoxalmente) e qualquer espécie de recompensa pelo caos.

    William Lane Craig é exatamente isso: alguém com uma retórica excelente, mas na maior parte do tempo simplesmente risível.

    Sou um ateu de alma religiosa. Ao contrário daqueles que simplesmente acreditam que religiosos são moralistas chatos, penso apenas que são antiquados. Esse argumento ateísta seria minimamente verdadeiro se o percentual de chatos entre ateus fosse milimetricamente menor que o percentual de chatos entre religiosos. Balela pura. Qualquer reunião de sindicato dá saudade das aulas de catequese.

    Mas justamente por isso, fui ler o tal grande novo argumento de Craig até pausando o som. Era algo novo desde Tomás de Aquino. Precisava de inspiração e concentração.

    Quá. O simples fato de trocar “existe” por “passou a existir” já é uma falha em qualquer teoria possível, tanto a Quântica quanto a Relatividade Geral (Einstein rejeitava o Big Bang, é sempre bom lembrar).

    Se o Universo teve a tal singularidade, isso não significa que ele “passou a existir”, como se não existisse antes. Na verdade, é apenas um caminho alternativo da Relatividade supondo, justamente, que toda a matéria do Universo SEMPRE existiu: como o tempo depende do espaço, o tempo no Big Bang é “zerado”, e como toda a matéria fora acumulada neste ponto de densidade infinita, não podemos mais contar o Universo, o somatório de todas as coisas, dali para trás: como não podemos mais contar as peças de três carros distintamente se os esmagamos ate´caberem em um metro quadrado.

    A grande e possivelmente futura Teoria M busca unir as duas grandes teorias divergentes do séc. XX: a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica. Ambas concordam em muito pouca coisa, mas exatamente naquilo que é claro como água em qualquer uma das duas é aquilo que Craig manipula para fazer sua audiência feliz.

    Uma bobageira sem tamanho. Infelizmente, o wishful thinking que temos diante de algo no qual queremos acreditar sempre conta mais do que uma lógica mais distante.

    • http://www.deusemdebate.com Rafael

      Vai lá mostra a ele, que vc descubriu a grande farça que ele é, muito facil vai lá bonzão!

  • Paulino

    Igreja Batista de Itacuruçá?! Caramba… Imagino quantas pessoas vão lá. E, desculpem se pareço elitista, quantas vão entender sobre o que ele vai falar. A não ser que ele vá lá só para rezar uma missa e dar um passeio na baia de Sepetiba…

  • http://blog.amaraticando.org/ Rodrigo Amaral

    Parabéns pelo artigo simples e ao mesmo tempo esclarecedor sobre o apologista William L. Craig e sua principal técnica de conversão pela “razão”.
    Ele, aliás, não utiliza apenas o argumento cosmológico de kalam, mas uma gama de outros: argumento da moralidade, argumento da contingência, argumento ontológico, argumento da historicidade da ressurreição de Jesus etc. Todos esses podem ser encontrados traduzidos em língua portuguesa, em diversos blogs apologéticos que, em geral, são fan sites de Craig. Por isso, é importante desmascarar esses estratagemas e lembrar ao crente que a fé continua sendo o principal motor do cristianismo.

    • http://carlosorsi.blogspot.com Carlos

      Ah, sim. Peguei o kalam porque é o que se vende como o “crème de la crème”. O fato de ele usar também o argumento moral, ao mesmo tempo em que acha legal matar criancinhas porque Deus mandou, é especialmente divertido.

  • Thiago

    Acho que não entendo muito filosofia, fisica quantica ou não tenho imaginação. Fiquei meio sem entender os dois primeiros contra argumentos. No primeiro, entendi que a mecanica quantica se sobrepoe a mecanica de Newton, logo a mecanica de Newton não corresponde a realidade dos fenomenos naturais. Isso torna impossivel saber se escrevi primeiro esse comentario ou li primeiro o texto; se postei meu comentario primeiro ou alguem o respondeu primeiro. A casualidade é um tipo de “ilusao”. No segundo contra argumento, entendi que a matematica abstrata dos numeros infinitos corresponde perfeitamente a realidade concreta, logo, assim como é possivel contar quantas letra tem esse texto é possivel construir um edificio com infinitos quartos e encontrar infinitas pessoas para ocupa-los. Num sei se entendi certo!?

    • http://carlosorsi.blogspot.com Carlos

      Oi, Thiago.

      Primeiro, a causalidade: é possível que a causalidade seja uma propriedade emergente, e não fundamental, das coisas dentro do nosso Universo. Uma “propriedade emergente” é algo que surge da interação de coisas mais básicas — por exemplo, a umidade é uma propriedade emergente da água: as moléculas de água individuais não são úmidas, a umidade surge quando temos muitas dessas moléculas juntas.

      Se a causalidade é realmente emergente (e as leis da física parecem apontar para isso), então não é verdade que tudo tem uma causa, mas sim que as coisas, a partir de um certo grau de complexidade, passam a apresentar comportamento causal. Como a primeira premissa busca ser universal (“Tudo que passa a existir tem causa”), nesse caso ela deixa de ser verdadeira.

      Segundo, o infinito: a matemática já demonstrou que é possível trabalhar racionalmente com conjuntos infinitos, e que não há nada de irracional ou contraditório no conceito. Craig diz o contrário, que o infinito é impossível porque gera contradições, e cita o caso do Hotel de Hilbert. Eu apenas mostro que não há contradição alguma na historinha do hotel. Ela apenas desafia nossa intuição imediata, acostumada como está a lidar com coisas pequenas e finitas. Mas estar além da intuição e ser impossível são categorias diferentes, como deve ser razoavelmente claro para qualquer um.

      Fico, no entanto, feliz em ver que você não encontrou nenhum problema nos outros contra-argumentos — o de que a noção de causa não é adequada para tratar do Universo e o de que uma sequência temporal infinita não tem origem, logo não há intervalos de tempo infinitos. Que bom!

  • Vitor Grando

    Sendo o William L. Craig um “filósofo” tão facilmente desmascarável, sugiro que vá lá ao Mosteiro e o desafie com suas contra-argumentações. Faça esse favor aos alunos do Mosteiro. Dúvido que o fará.

    • http://relances.wordpress.com Vinícius de Melo Justo

      Ué, mas os monges com certeza já dão conta de perceber as falácias. Se não derem conta, de que adianta ir lá enfrentar?

  • João Luis

    Pois é, a vida surgiu assim, do nada…tal como o relógio que muitos carregam, também apareceu, assim, do nada… é irracional conceber que para algo existir tenha que se pressupor a existência de um criador. Nada na vida é assim…coisas aparecem do nada..principalmente se forem pouco complexos como o ser humano.

    • Lelec

      Nem todos os seres humanos são complexos.
      Alguns são incrivelmente simplórios, de uma racionalidade mambembe, tal qual o argumento criacionista que apela à analogia do relógio que precisa de um criador, blá blá blá.

  • Virginia Langley

    Se entendi bem o que os doutos e letrados defendem aqui é a teoria do boeing no ferro velho…que é o seguinte: o evolucionismo como explicação da vida, por exemplo, o darwinismo, a seleção natural é equivalente a acreditar que um suficiente numero de vendavais no ferro velho acabaria por resultar em um reluzente superjato boeing pronto pra decolar (ou airbus, pq a esquerda sempre prefere a europa) no fim do processo.

    • Lelec

      O que os doutos e letrados que recorrem à parábola do 747 (ou do Airbus, nessa nova versão anaeróbica) desconhecem (ou fingem desconhecer) é a falácia de Hoyle, na qual se apoia a analogia.

      Não, não vou explicar aqui o que é a falácia de Hoyle. Largue sua revista da Escola Bíblica Dominical e vá ler um livro.

      Aliás, é por isso que o argumento do 747 no ferro velho só surge em púlpitos e sites criacionistas, e jamais em um jornal científico do porte da Science ou da Nature. Até hoje, o lero-lero do 747 foi o melhor argumento do físico Adauto Lourenço (formado na tchan-tchan-tchan-ruflem-os-tambores Universidade Bob Jones!).

      Mas se a douta e letrada comentarista quiser tentar, escreva uma carta ao editor da Nature, fundamentando bem sua crítica ao evolucionismo a partir da parábola do 747. E nos diga o que recebeu como resposta. Ah, já sei: vai dizer que sua carta não foi publicada por causa do complô comunista-gayzista-evolucionista…

      PS: Sim, prefiro a Europa aos EUA. Rock britânico é melhor do que rock americano. E os vinhos da Bourgogne são melhores do que os californianos.

  • Virginia Langley

    Defender uma posição sem alinhavar um unico argumento sequer, baseado apenas na suposta “autoridade cientifica” de uma possivel fonte de saber e informação tem um nome facil: religião…pq ciencia é outra coisa, tem a ver como exame aberto e lógico de todos os aspectos de uma hipotese..fé baseada em autoridade é…crendice.

    • Lelec

      Insinua que apelo ao argumento da autoridade? Ora, a única a “autoridade científica” que eu citei foi o físico da Bob Jones (Exmo Ilmo Prof Dr. Adauto Lourenço) que, convenhamos, não é autoridade científica nem na escolinha do Gugu.

      Mas vamos lá. Você citou um argumento contra o evolucionismo: a analogia do 747. E evoquei um argumento que refuta a analogia do 747: a falácia de Hoyle. Você não se deu ao trabalho de rebater a falácia de Hoyle.

      Mas como é com prazer que eu discuto ciência e argumentos científicos, insisto em ouvi-la sobre o assunto. Por isso, vou explicar a falácia de Hoyle, que foi quem criou a metáfora do furacão no ferro-velho resultando no avião.

      A analogia do 747 é equivocada porque considera a evolução e o “surgimento” do homem como um evento único, em que uma primeira sequência redunda no último elo da cadeia, em um único passo. Isso reduz drasticamente as chances probabilísticas da ocorrência de tal evento. Ora, o evolucionismo não sustenta isso, mas, ao contrário, a evolução de um dado organismo é resultado de muitas etapas intermediárias, em que a ocorrência bem-sucedida de uma etapa é necessária para a ocorrência da etapa subsequente. Em uma pedagógica metáfora, Dawkins (já sei, vai ter urticária, né?) associa a metáfora do 747 com a ideia de que se poderia chegar ao topo do Everest em um único salto, o que é efetivamente impossível. Para chegar ao topo, há que se subir devagarinho, passo a passo, morro acima (a explicação está nos livros “A escalada do monte improvável” e “O Relojoeiro Cego”).

      Além do mais, a falácia de Hoyle desconhece também a simultaneidade e a multiplicidade das reações bioquímicas na chamada “sopa primordial”: o argumento do 747, para ser válido, requer que apenas uma reação é possível em um dado instante, o que não é absolutamente o caso.

      Enfim, a metáfora do 747 repousa em: a) uma deturpação da teoria evolucionista (at the best of my knowledge, nenhum cientista sério sustenta a ideia de um evento único) e b) desconhecimento de regras básicas de cálculo probabilístico.

      Assim, aguardo da comentarista:

      1) Qual autor evolucionista, qual cientista, qual biólogo molecular entende o evolucionismo como um evento único, como preconiza a metáfora do 747?

      2) Qual sua proposição teórica, e baseada em que observações experimentais, em quais cálculos probabilísticos, para introduzir no evolucionismo a probabilidade do evento único, tal como entronizada pela analogia do furacão no ferro-velho?

      Aguardo a resposta, por favor. Ficaria feliz em ouvi-la.

      PS: Muito obrigado por explicar que ciência “tem a ver como exame aberto e lógico de todos os aspectos de uma hipótese”. Vou colocar a frase aqui no laboratório em que trabalho.

  • Carlos

    Nem parece que foi um jornalista de verdade que escreveu tais coisas. Está na hora de parar de se limitar a procurar pelos trabalhos de Craig apenas no youtube. Mas vai lá e leve tais “refutações”, iremos rir muito.
    Muito amador.

  • Orlando

    Prezado Carlos Orsi!

    Sua tentativa de explicação da origem do universo é extremamente especulativa. Não se baseia em fatos, mas em suposições e, sobretudo, tem mais a ver com filosofia do que com ciência.

    [[[…Um passado infinito não implica uma origem infinitamente distante, mas a ausência de uma origem. Uma vez compreendido este ponto, não é muito difícil perceber que qualquer intervalo de tempo concebível será, necessariamente, finito. Intervalos de tempo funcionam como intervalos entre os números reais: embora o conjunto dos números seja infinito, o intervalo – a diferença – entre dois números é sempre uma quantidade finita e bem definida….]]]

    Não sou cientista. Como você, sou apenas um especulador. Mas…

    1. Se o universo sempre existiu – TUDO sempre existiu;
    2. Se algo [universo] sempre existiu e, não tem fim, ele não conhece a “não existência”;
    3. Se algo sempre existiu, ele não EVOLUI, posto que, desde sempre ele “É” [pleno/autossuficiência] e não “ESTÁ”;
    4. Se algo sempre existiu NÃO MUDA/NÃO SE ALTERA/ NÃO SE TRANSFORMA;
    5. Nada seria “criado”/evoluiria nesse universo, pois, esse universo, já TEM tudo – desde sempre. Logo, nascer e morrer seria algo incompatível com esse universo. Se não há finitude não há início, não há carências e, sobretudo, não há conflitos;
    6. Para ser coerente com o caráter desse universo, sem início/com passado infinito, o homem e toda a espécie/ser que ocupa esse universo, igualmente, não teriam tido início e não teriam fim.

    Abs.

    • http://carlosorsi.blogspot.com Carlos

      Desculpe, Orlando, mas seu raciocínio falha quando você tenta estabelecer uma equivalência entre existência eterna e imutabilidade eterna. A confusão parece estar na acepção da palavra *tudo*. Se tormarmos *tudo* ao pé da letra então, sim, dizer que “tudo sempre existiu” quer dizer que pessoas, dinossauros e os meus óculos novos sempre existiram. O que é obviamente absurdo. Os óculos, pelo menos, foram feitos semana passada.

      Mas existem figuras de linguagem, certo? mais especificamente, a sinédoque, que usa o todo para falar da parte, ou a parte para falar pelo todo, como em “Saigon caiu” (não foi só Saigon, foi o Vietnã do Sul inteiro).

      Nesse caso, dizer que *tudo sempre existiu* é apenas um jeito abreviado de dizer *os ingredientes fundamentais de tudo que existe hoje sempre existiram, ainda que em outras formas*. Talvez meus óculos tenham sido feitos na semana passada, mas a energia materializada nas partículas que o compõem está por aí desde sempre.

      A ideia já aparecia numa intuição de David Hume que, de certa forma, antecipava a ideia de evolução — um gás de partículas, suspensas no vácuo por toda a eternidade, cedo ou tarde assumirá todas as configurações possíveis (incluindo casas, óculos, pessoas e dinossauros) assim como, cedo ou tarde, as destruirá. O Eterno Retorno de Nietzsche vai meio que por aí, também.

      Abs!

      • Orlando

        Boa noite Carlos!

        Se o universo tivesse, sempre, existido, não teria havido: dinossauros, ou, os seus óculos.

        1. A ideia de infinito contém, em si mesmo, o “aqui” e “agora”, logo, qualquer coisa que extrapolasse esse “aqui” e “agora” [vida posterior: dinossauros, seus óculos ou o ser humano etc.] estaria fora desse universo ou do “aqui” e “agora”. No entanto, é impossível, para esse universo infinito ir além de si mesmo [“aqui” / “agora”] ou “[re]criar” algo que não seja a si mesmo. Posto que o universo infinito não tem poderes para deixar de ser o que é: em essência, “aqui” e “agora”. Ou seja, esse universo, está “condenado” a viver o “aqui” e agora”, em razão da ideia de infinito ser perene. Esse universo infinito sempre foi o que é – isso em virtude de sempre ter existido. Portanto, esse universo não pode “evoluir”, por que ele é atemporal;
        2. Por outro lado, o universo em expansão é finito. Tanto em relação ao tempo quanto ao espaço. http://cas.sdss.org/dr7/pt/astro/universe/universe.asp E, se é finito, teve um começo.

        Abs.

        • http://carlosorsi.blogspot.com Carlos

          1. Continuo não entendendo como a ideia de infinito exclui a ideia de um devir, de uma sucessão de eventos. A ideia de que um universo eterno não teria uma passagem do tempo ignora o fato de que o tempo faz parte do universo. Talvez, se imaginarmos um meta-tempo, um “tempo fora do universo”, aí sim, nessa escala o universo pareceria um bloco congelado. Mas o tempo está dentro da totalidade, logo a sucessão dos eventos faz parte dessa totalidade.

          Há uma explicação melhor disso aqui:

          http://www.ipod.org.uk/reality/reality_block_universe.asp.

          2. A questão de se o Big bang realmente representa o início de “tudo o que existe”, ou se foi apenas uma etapa no desenvolvimento de um universo eterno, ainda está em aberto, mas ao menos no momento, o entendimento científico tende mais para a segunda opção. Um bom livro a respeito é o From Eternity to Here, do físico Sean Carroll.

          • Orlando

            Carlos

            Dentre os significados de “infinito” temos: eterno, imperecível, imutável e constante – dentre muitos outros.

            Algo infinito não tem começo, logo, não tem passado. Não tem fim, portanto, não tem futuro. Ele [universo infinito] é. Sempre foi e sempre será. A conjugação do verbo ser, no presente, contém, em si, o futuro e o passado.

            Esse universo infinito é imutável e constante. Ou seja, ele não se altera. Isto é, não acrescenta e nem subtrai. Se esse universo não teve um começo, ele não evolui ou se expande, por que ele já ocupa todos os espaços e contém, em si mesmo, o passado, presente e o futuro.

            Um universo infinito não tem carências ou imperfeições – ele é pleno/perfeito. Um universo infinito não [re]cria por que ele não tem a capacidade de perceber nada além de si mesmo, por que ele não tem consciência de si mesmo. Se o universo infinito tivesse consciência de si mesmo seria Deus.

            Algo infinito, isto é, universo infinito é eterno ou único ou absoluto ou imutável ou constante ou inalterável. Ou seja, algo infinito que é eterno e inalterável não muda e não cria e não evolui. Ele continua sendo – sempre – o mesmo.

            Perdoe-me se fui redundante.

            Abs.

            • http://gatoprecambriano.wordpress.com Eneraldo Carneiro

              Orlando

              Você parece estar tentando resolver um problema de Cosmologia com jogos semânticos; ‘o dicionário diz que infinito = imutável, o Universo não é imutavel, logo não é infinito’. O problema evidente dessa abordagem é que dicionários são na verdade compilações. Não são os dicionários que definem as palavras, eles apenas capturam o uso que se faz delas em determinada época. Se não fosse assim, dicionários não precisariam de atualização.
              Outro problema dessa abordagem, que é o mesmo para Craig, mas ele o ignora, é que quando falamos de algo como a Origem do Universo, isso inclui o próprio Espaço-Tempo, portanto é algo que está muito além do nosso repertório de experiências, e consequentemente, aí nossas intuições tendem a falhar. Essa é uma das razões porque o raciocínio de Craig sobre infinitos é falho. O conceito de infinito leva a paradoxos se tratado pelo senso comum (muito embora Craig não se furte em usar o conceito de singularidade, do Teorema de Hawkins-Penrose, onde a matéria tem “densidade infinita”, a curvatura do espaço-tempo é “infinita”, e a temperatura é “infinita”, etc., o que é infinito à beça, para quem diz que infinito é apenas um conceito paradoxal, mas que não existe na realidade). Ou, dito de outro modo, e ecoando o texto do Orsi, conjuntos infinitos não podem ser tratados, matemáticamente, da mesma forma que os conjuntos finitos.
              Da mesma forma fica complicado falar em “começo”, ou “início” do Universo, quando esse “começo” inclui o próprio Tempo. Só faz sentido em falar em “começo”, ou “início”, já no contexto mesmo de uma sequência temporal, portanto essas categorias não podem se aplicar ao Tempo em si, não tem sentido em falar em ‘antes’ do Tempo, ou mesmo “início” do Tempo. E se não tem sentido falar que o Tempo “começou”, não tem sentido falar que o Universo “começou”, logo não se pode falar que o Universo tem uma causa, pois relações de causa e efeito não existem fora de um quadro de referência temporal. O que significa que a primeira premissa do Kalam não pode ser generalizada para algo como a Origem do Universo, portanto o Kalam é inválido.

              • Orlando

                Bom dia Eneraldo!

                Eu usei dicionários de filosofia. Quanto à ciência, ao falar sobre, ou tentar explicar, a origem do universo, ela ciência, entra no campo da filosofia e arranha a metafísica. Sobre a origem do universo só é possível especular e nada mais.

                Enfim, algo infinito não cria, pois, ele sempre foi e sempre será. E sobretudo, o fato de ser infinito implica autosuficiência. Isto é, não há conflitos ou carências ou ajustes de nenhuma ordem.

                E por uma questão lógica, algo infinito não contém, em si mesmo, a possibilidade de extinção. Algo que não teve começo não pode ter fim. É sabido, hoje em dia, que o universo se extinguirá um dia.

                Ademais, algo infinito não evolui, posto que ele já é, desde sempre, pleno e perfeito.

                Em razão da infinitude, qualquer coisa desse universo, por uma questão de coerência, possue todas as características desse mesmo universo infinito. Isto é, são igualmente infinitas. Ou seja, a atemporalidade desse universo não é uma escolha – é uma sentença.

                O universo, como o conhecemos, é um “ser ” imperfeito [finito], está em constante ebulição, se adaptando, se desconstruindo e se reiventando para não perecer.

                Fazendo uma analogia com a Terra, os terremotos existem para que as estruturas/placas tectônicas se ajustem. Um universo infinito seria perfeito e, portanto, não haveria necessidade de adequações de nenhuma ordem.

                A atemporalidade do universo não é consistente com a idéia de se criar algo. Ao se criar algo saimos da zona de conforto do “presente” e avançamos no “futuro”. Um universo infinito não teria nem futuro ou passado posto que a principal característica desse universo é SER TUDO AQUI E AGORA.

                • http://gatoprecambriano.wordpress.com Eneraldo Carneiro

                  Orlando

                  Quanto à ciência, ao falar sobre, ou tentar explicar, a origem do universo, ela ciência, entra no campo da filosofia e arranha a metafísica. Sobre a origem do universo só é possível especular e nada mais.

                  Se dependessemos da Filosofia para saber a posição da Terra no Universo, ainda estaríamos debatendo Geocentrismo x Heliocentrismo. Pois quando a idéia do Heliocentrismo foi concebida pela primeira vez, na antiguidade clássica, ela também era pura especulação metafísica.
                  Diferente da Filosofia, a Ciência tem desenvolvido métodos para verificar suas hipóteses (especulações), e chegar a conclusões acerca da sua validade e veracidade.
                  O restante do seu comentário é uma sequencia de non sequiturs que dispensa maiores observações.
                  Como eu disse, voce quer resolver uma questão científica (e mesmo Craig concorda que a questão é científica) com jogos semanticos.
                  Boa sorte!

                • Orlando

                  Eneraldo Carneiro

                  Existe um negócio chamado “testemunha ocular”, ela, talvez pudesse trazer evidências da origem do universo, no entanto, essa testemunha ocular não existe.

                  1. Ou os cientistas recriam como surgiu o universo [se soubessem como foi] ou se entra em uma máquina do “tempo” e se volta à origem;

                  2. Ou os cientistas continuam a fazer o que estão fazendo, isto é, especular.

                  Qualquer opinião sobre algo que você não viu será – desde sempre – pura especulação.

                  Abs.

  • Ricardo

    Isso mesmo Carlos Orsi, dê-nos um exemplo do que é a falácia do homem de palha, quando não concorda ou não consegue refutar seu adversário tente ridicuralizá-lo.

    Revolucionários são engraçados. Conseguem distorcer os fatos para corroborarem suas opiniões. Richard Dawkins JAMAIS ridicularizou Craig, ele debateu com antagonistas semelhantes, mas tem medo de Craig. Como você Dawkins não entende droga nenhuma sobre religião, interpreta uma igreja milenar em uma análise superficial, insinua que todo cristão é um acéfalo, mas não tem coragem de debater ao vivo com um deles que sejam capazes de argumentar.

    Caro amigo, fale do que conhece, quando for falar do que não sabe seja humilde e estude um pouco. Todas as vezes que você escreve sobre religião é extremamente medíocre como quando você quis convencer que a igreja católica é politeísta.

    Há! Esses neo-ateus!

  • http://carlosorsi.blogspot.com Carlos

    É isso aí, Ricardo. Dawkins debateu com o Arcebispo de Canterbury, mas tem medo de Craig. Acredite nisso. Quanto a jamais tê-lo ridicularizado, Dawkins escreveu no Guardian: “Um debate entre nós ficaria bom no currículo dele, mas não no meu”. Se isso não é ridicularizar, preciso trocar de dicionário.

    E eu não “quis convencer” ninguém de que a igreja católica é politeísta. Só afirmei que há bons argumentos que podem ser esgrimidos nesse sentido, a partir da questão da Trindade e do culto dos santos — inclusive argumentos levantados por importantes pensadores cristãos do passado, e por alguns líderes protestantes de tempos mais recentes. Se não sabia disso, é você que precisa estudar um pouco mais…

  • Rodrigo

    Dawkins correu sim do debate, porque conhece sua fragilidade e vulnerabilidade. E não poderia ser diferente! O problema de Dawkins é o fato, evidente, de que o coitado não sabe nada de filosofia, arqueologia, história… Seu argumento para o Guardian é pura arrogância; a prepotência explícita do fraco.
    Ele quer mesmo é vender seu livrinho ($$$$) e, para isto, é melhor ver o Craig e cia (Plantinga, John Lennox…) longe, porque o delírio neoatel foi desmascarado, os argumentos são bobinhos.
    Abraços a todos e parabéns pelo nível do debate!

    • http://gatoprecambriano.wordpress.com Eneraldo Carneiro

      Ricardo

      Primeiro, não sei qual é a relevância para a discussão, do fato do Dawkins viver da venda dos seus livros. Craig também publica livros, e não me consta que ele os distribua gratuitamente. Provavelmente ele vende bem menos que o Dawkins, o que também é irrelevante. Ou tem algo errado em ser um escritor bem sucedido? Craig vive das conferências e palestras que dá, e dos debates de que participa, e pelos quais ele é pago. Ele é um professional speaker, um apologista não um acadêmico, muito menos um cientista. Tem certeza que você quer fazer um julgamento de valor acerca de como cada um ganha a vida?
      Craig é um debatedor profissional, especialista num formato de debate pessoa-a-pessoa, tipicamente estadunidense, voltado para o tipo de teatro que os advogados fazem nos tribunais de lá. É um formato que tem menos a ver com encontrar a verdade do que defender um caso. É espetáculo sobretudo. Daí que o fato dele ser um debatedor de relativo sucesso não quer dizer muita coisa. Ele faz isso desde o ensino médio, domina as técnicas, é competente nisso. O que inclui um esforço considerável para ter o controle da cena, exigindo sempre sempre ser o primeiro a ter a palavra, e assim ditar os rumos do debate, com frequência jogando pela janela o tema inicialmente acordado, e assim anulando a preparação dos seus adversários. Os quais, além disso, com frequência ou subestimam Craig, ou não chegam a compreender a natureza do jogo em que ele se engaja, e se comportam como cientistas numa discussão franca, quando deveriam se comportar como advogados num tribunal.
      Portanto tomar o desempenho de Craig nesses debates como medida do mérito das suas alegações é, no mínimo, enganoso.
      Além disso, não é exatamente como se Craig, por sua vez, nunca recusasse desafios para debates.

  • http://gatoprecambriano.wordpress.com Eneraldo Carneiro

    Eu me dirigi ao Ricardo quando na verdade quem falou sobre o Dawkins “vender seu livrinho ($$$)” foi o Rodrigo. Fora isso o resto do comentário vale para todos os fâs de Craig.
    Aliás, aproveitando esse P.S., sugiro a leitura da mais sistemática desconstrução da retórica de WLC que já vi: Deacon Duncan no blog Evangelical Realism sobre o livro de WLC On Guard. A série começou em Junho do ano passado, e continua. Ele publica todo Domingo. Duncan também é responsável pelo Alethian Worldview no Freethoughtblogs.

  • Luiz Sergio Dadario

    Confusões conceituais convenientes parecem fazer parte da estratégia de Craig para induzir aplausos da platéia. No caso do Hotel de Hilbert tem-se o seguinte : Define-se um conjunto N com um número infinito ( enumerável ) de elementos quando é possível estabelecer uma bijeção ( uma aplicação injetiva e sobrejetiva ) entre um subconjunto próprio S de N e o próprio N. Assim, estabelecida uma bijeção entre o subconjunto dos números pares dos números naturais N e o próprio N e aplicando-se a definição chega-se à conclusão de que o conjunto N dos números naturais possui um número infinito ( enumerável ) de elementos. Logo, não há nenhum paradoxo. Simplesmente aplicamos a definição para deduzir uma proposição lógicamente válida. Paradoxos do infinito (e muito outros ) surgem em outros contextos que Craig muito provavelmente desconhece como por exemplo na Teoria dos Conjuntos e nas questões relacionadas aos fundamentos da Matemática. Sorte nossa.

  • Heber

    O ENERALDO CARNEIRO DISSE TUDO QUE EU PENSO SOBRE O CRAIG NOS COMENTÁRIOS ACIMA

  • Rodrigo

    Srs.
    Sendo pragmático: Dawkins fugiu sim do debate, não porque ele seja ruim em debater, mas porque seus argumentos são fracos, não subsistem a uma análise epistemologica séria. Craig pulverizou o zoólogo na última vez que se encontraram, fato que abalou a venda do seu livrinho. O interesse, portanto, em não debater com Craig, Lennox, Plantinga é comercial ($$$$), porque, vale repetir, os argumentos de Dawkins são limitados, fáceis de desconstruir quando devidamente enfrentados. A discussão, dessa forma, não se resume se um vende mais ou menos livro do que o outro; também não se discutiu formatos, mas argumentação racional e franca com o tal cientista: alguém mudou o foco da discussão aqui e não fui eu!
    Dizer que Craig e cia não têm compromisso com a verdade, mas que apenas os seus amigos o têm, é sua opinião particular apenas (aliás, bem controvertida, pois sem qualquer fundamento).
    A propósito, aletheian worldview e não alethian. Deacon Ducan não empolga ninguém.
    Em tempo: para aqueles que estão brandindo argumentos matemáticos, sugiro conhecerem o apologista cristão John Lennox, matemático da Universidade de Oxford. Sorte nossa!!
    fui…

  • Lelê

    Ora, gente, o matemático Cantor era teísta. O Infinito Absoluto é Deus, segundo o matemático. No final de sua vida complicada, ele se dedicava inteiramente ao estudo do envangelho. Engraçado não é? E nao foi só ele não viu: Newton, Bacon, Albright, Babbage, Bartram, Charles Bell, Boyle, Buckland, Carver, Cuvier, Dalton, René Descartes, Fabre, Faraday, Flamsteed, Fleming, Grew, Hales, Henry, Kepler, Huggins, Joule, William Thompson, Kidd, Leibinitz, Lineu, Lister, Marxell, Morse, Mendel, Paré, Pascal, Pasteur, Proust, Ramsay e outros tantos e tantos… Estamos em boa companhia. Sorte nossa não, caro Rodrigo, Graças a Deus!
    Vejam aqui que até Einstein, embora não fosse cristão (origem judáica), era teísta:
    “A opinião comum de que sou ateu repousa sobre grave erro. Quem a pretende deduzir de minhas teorias científicas não as entendeu.

    Creio em um Deus pessoal e posso dizer que, nunca, em minha vida, cedi a uma ideologia atéia.

    Não há oposição entre a ciência e a religião. Apenas há cientistas atrasados, que professam ideias que datam de 1880.

    Aos dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que estes cientistas costumam pressupor. Nele se depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria.

    Há, porém, várias maneiras de se representar Deus.

    Alguns o representam como o Deus mecânico, que intervém no mundo para modificar as leis da natureza e o curso dos acontecimentos. Querem pô-lo a seu serviço, por meio de fórmulas mágicas. É o Deus de certos primitivos, antigos ou modernos.

    Outros o representam como o Deus jurídico, legislador e agente policial da moralidade, que impõe o medo e estabelece distâncias.

    Outros, enfim, como o Deus interior, que dirige por dentro todas as coisas e que se revela aos homens no mais íntimo da consciência.”

    Tchau queridos!

    • http://gatoprecambriano.wordpress.com Eneraldo Carneiro

      Uau! Quer dizer que já houveram na história muitos cientistas e pensadores teistas? Isso quando TODO MUNDO era religioso, e era impossível ser abertamente não religioso e continuar vivo? Que incrível!
      Quanto a Einstein, sinceramente, há várias citações em que ele menciona Deus, e você escolhe uma que é reconhecidamente falsa? Que patético.
      Einstein específicamente rejeitava a idéia de um Deus pessoal, daí, suponho que você deve rever suas convicções não?

      • Gustavo Adolfo

        Deus não pessoal deixa de ser deus?

        E enquanto você leu… Aqui seu argumento morreu.

  • Luiz Sergio Dadario

    ¨ Se todos os ateus deixassem os USA o país perderia 93% da Academia Nacional de Ciência e menos de 1% dos presidiários ¨. Nenhum ateu abandonou os USA ? Sorte deles. Isto basta.

  • Pimenta nos ói

    Sr. Luiz Dadario,
    Conversinha mole esta hem? Impressiona sua precisão estatística para fazer afirmações vazias e sem qualquer fundamento. E mais: da premissa (vazia) só poderia vir mesmo uma conclusão errônea, lembrando que a ACN atualmente vem incentivando o debate (teístas e ateus), considerando que as últimas descobertas da ciência apontam definitivamente para o Grande Designer (Show me God, Fred Heeren), mudando radicalmente o posicionamento de vários e vários cientistas desde a década de 60.
    Demais disso, este argumento não leva a nada, uma vez que a Royal Society britânica possui 90% de teístas. E daí? Basta o quê?
    E mais: o que determinados cientistas dizem nao pode ser atribuído à ciência. Tem muito cientista meia bomba (tipo Dawkins, o aventureiro) preso a um campo específico do conhecimento e baixíssimo nível de conhecimento em outras áreas.
    As grandes cabeças que passaram neste mundo baixaram a guarda, tiveram que reconhecer Deus e sua excelência máxima.
    Então, Sr. Dadario, fico com os maiores cientistas, ou seja, à toda evidência, os teístas.

  • Albert

    Luiz Sérgio,
    Que maluquice é esta? O maior problema para a Ciência hoje em dia são os neo-ateus. Com este tipo de “argumento”, você conspira contra a própria ciência, como se houvesse incompatibilidade entre Deus e a Ciência.
    Os EUA é a nação cristã por excelência, cujos valores são calcados na Bíblia. SORTE DELES!!!
    Esta sua percentagem merece auditoria, porque está ultrapassada. 1% dos presidiários é, como li acima, especialmente divertido!

  • Luiz Sergio Dadario

    Afirmação vazia ? É só digitar a frase no Google e todos poderão ler o nome de quem disse isso, logo, respondam à ele e não para mim.

  • Luiz Sergio Dadario

    A propósito, hoje, véspera da Páscoa, paro diante de uma banca de revistas e lá está : à minha esquerda uma foto de Cristo ( na Folha de S. Paulo, foto de uma representação teatral ) pregado na cruz e com o rosto cheio de sangue. À dois metros de distância, à direita, alguns exemplares de uma coleção sobre ¨Bombardeiros¨ para os aficcionados do gênero. Isto é a mente humana. Querem saber ? Ele, Craig, que vá defender suas teses ao lado de belas garotas na Praia de Ipanema. Sorte dele pois a Praia de Ipanema não é a Praça da Sé, lugar que tenho de passar com uma certa frequência, devido ao meu trabalho, em meio à vagabundos fedorentos, muita sujeira, erros de projeto aos montes, etc.., etc…, . É muito fácil defender teses como essas quando se dispõe de fartura no supermercado ao lado de nossa casa. Não pensem porém que possuo algum outro tipo de deus. Vocês gostam de Bob Dylan, que inclusive cantou para o Papa ? Pois eu gosto !! Como isto é possível ? Ora bolas, sorte minha !!

  • http://zapmag.com.br Eduardo

    Alguém me explica como uma pessoa pode “um renomado estudioso sobre a existência de deus”?

    Como é isso? A pessoa fica meditando e olhando pro céu pra ver se tem alguma resposta do além????

    Fiquei curioso agora. Gostaria muito te ter um debate com esse cara.

  • Carlos

    Creio que Dawkins não perderia nada se fosse, aliás se William fazia apologia ao geoncídio ele não iria matá-lo ali frente. Pra mi Dawkins naõ tinha argumento suficiente. E vocês ateus por acaso não estão fazendo a mesma coisa que ele se pensam assim? vocês tentam mostrar que Deus não existe, ele tenta mostrar que existe, ele cria argumento que existe e voces argumentos que não existe, então é simples: responda os argumentos dele.

  • http://www.reidadeverdade.com F.H.S.C

    certamente o pilantrismo de Dawkins encheu irracionalmente a mente ateísta…Richar Dawkins é um proêminente paltrador de ilogica desonesta…li seu livro Deus, um delirio, é muita infatilidade seu argumento e suas probabilidades sem numeros…apenas falacias sem justificativas e muitas sem nexo….filosofia barata!!!!

  • Jonathan David

    O Prof. Richard Dawkins foi um covarde. O Dr. Willian Lane Craig é gabaritado e competente o bastante e seus argumentos são claros e perfeitos. Se ele perde em alguma coisa, será apenas pelo ardil psicológico e sorrateiros desses ateus fracassados. Só o Lane Craig daria uma surra em Hitchens, Dawkins e todos esses neo-ateus mentirosos…

  • http://none paulo eduardo

    Tem algo tão inútil e ridículo do que ir TODOS os domingos a um Templo puxar o saco de um SER que não existe? Tem, Ir a uma Palestra pseudo-intelectual ouvir um babaca dizer que o Tal SER existe, rsrsrssss E Assim INFELIZMENTE caminha a humanidade.

    • Gustavo Adolfo

      Deus não jamais seria um SER, é uma entidade. Um ser foi necessariamente criado e não é existência por si próprio. Uma entidade por sua vez é uma existência por si própria e não depende de outra causa para existir.

      São faltas de preparo assim, regadas a sarcasmo sem argumentação e preconceito achando que vai ter uma vitória fácil e não sabe o básico de nada que facilitam a vida do Craig para espancar qualquer neo ateu de raciocínio tão frágil…

  • Fabricio Carvalho

    Dawkins se acovardou, por favor admitam e parem com a velha tática ateísta de diminuir as pessoas e refutem suas idéias. Dawkins (o pseudo-biólogo) juntamente com seus companheiros de “religião”, Harris e hitchens são esmagados debates após debates. Para correr eles alegam que não tem tempo ou que Craig não é filósofo. Vcs são uma piada !!! Realmente é bom não ir mesmo aos debates, vão sair com o rabo entre as pernas sempre, sempre, sempre !!!!

  • Clayton Vilas

    Que podemos esperar já tendo feito os argumentos necessários a respeito de Deus? Agora, meus caros, só resta a quem recebeu tanto a mensagem quanto o argumento esperar fechar os seus olhos, cessar seu derradeiro sopro de vida e, então, ver (ou não) o que o aguarda… Só desejo aos meus irmãos em Cristo que sejam fiéis até a morte e estudem mais e mais para não cair na falácia superlotada de argumentos panorâmicos mal interpretados que o colunista teceu: vão ler os livros de cada autor citado por ele (já li boa parte e achei “buracos” em quase todos). Já aos meus amigos ateus, continuem “matando” um Deus “morto” (não é assim que chamam? Rsrsrsrs) e… Boa sorte (vão precisar, caso estejam somente ligeiramente enganados).

  • Junior

    Ne não. O cara é fantástico. Os ateus sofisticados tremem. Kkkk

  • tiago

    Realmente … Craig é tão supérfluo e incoerente que é inexplicável como alguém tão preparado como Dawkins fugiu de expor toda superficialidade argumentativa e acadêmica dele, ou talvez, não seja este o caso não é ? Afinal me lembro que Dawkins bradava aos quatro ventos que qualquer um poderia debater com ele e de pronto seria derrotado, mas interessantemente não foi este o caso com Craig não é ?

  • Silvio

    A idéia de “infinito atual” não é aceita entre matematicos intuicionistas ou construtivistas. Porém, da recusa de tal ideia não se segue necessariamente que o universo deve ter uma origem ou causa do tipo que Craig postula. Ao que tudo indica, o argumento padece de falácia de composição. Mas se os fisicos falam de início ou causa primeira ou origem, eles estão tratando de uma série de eventos que determinam outros eventos e isto permite a entrada de Deus pela porta dos fundos. Com efeito, é até possivel dizer que houve uma causa primeira e que esta pode ser chamada de Deus, mas, neste caso, poderiamos fazer uma objeção à la Albert Caieiro, heterônimo Fernando Pessoa: “Se Deus é as flores, as arvores, o sol e o luar, então acredito nele/ E toda a minha vida é uma oração e uma missa/ Mas se Deus é as flores, as árvores, o sol e o luar, por que lhe chamo eu “Deus”?/ Já lhes chamo de “flores, “arvores”, “sol”, e “luar”…

  • https://concrecoesfilosoficas.wordpress.com/ Concreções Filosóficas

    Artigo prolixo este, hein!

  • José Neto

    Ridicularizar alguém é bem fácil, citar autores também, a dificuldade se inicia quando se dispõe a analisar os fatos sobre a transparência, se dizem que os Cristãos ( Não crente, pois até ateu é crente) estão disposto a acreditar no que Craig fala, grande parte dos ateus também estão disposto a não acreditar.
    Os “pre-conceitos” não são direcionados a um só via. Como o professor Thomas Nagel cita “Eu queria que o ateísmo fosse verdadeiro e foi mais difícil pelo fato que muito das mais inteligentes e bem-informadas pessoas que eu conhecia eram religiosos”. Ele continua: “Não é justo que eu não acredite em Deus e, naturalmente, tenha esperança de estar certo em minha crença. Eu espero que Deus não exista! Eu não quero que Deus exista; eu não quero um Universo como esse” Ou o próprio Thomas Huxley “A maior parte da ignorância é uma ignorância vencível. Nós não sabemos porque não queremos saber. É a nossa vontade que como e em quais assuntos nós usaremos nossa inteligência. Esses que detectam que não é sentido no mundo geralmente o fazem porque, por uma razão ou outra, isso fecha com as suas idéias de que o mundo deveria ser sem sentido.”