Quatro razões para ir às ruas no dia 15 de março
O povo na rua é um aviso à “banca” do “poder integrado” da Nova República. Não admitimos o reino da mentira sem contestação.
1. O nosso julgamento não é jurídico – há 200 milhões de razões para pedir o impeachment
Há uma dimensão política no Petrolão. Como afirmou Pedro Barusco, depois da eleição de Lula, a captação de propinas na Petrobrás passou a ser metódica e institucionalizada. Ela passou a atender aos interesses do governo, e não interesses pessoais de quem se deixou corromper. Óbvio que essa transformação não foi a esmo.
A propina recebeu um significado político: comprar consciências de parlamentares e irrigar campanhas eleitorais, sabotando os princípios da democracia. Independente dos meandros jurídicos, nós sabemos que é impossível – por inferência lógica – este esquema funcionar sem o Executivo, pois todo o seu sentido girava em torno do interesse do governo federal.
Há o julgamento formal, de acordo com as leis. E há o julgamento dos cidadãos, por raciocínios sem presilhas jurídicas. Collor sofreu impeachment e não foi condenado juridicamente.
Pedro Barusco afirmou que o PT recebeu até U$$ 200 milhões de dólares em propinas da Petrobrás. Podemos inferir, embora ainda não provar juridicamente, que as campanhas de Dilma foram feitas com dinheiro de propina. Paulo Roberto Costa confirma. O outro delator, Youssef, testemunha ocular, confirma: Lula e Dilma sabiam de tudo.
Pronto – independente do julgamento jurídico, já temos 200 milhões de razões para pedir o impeachment.
2. Nós somos o Estado – todo o poder emana do povo, e não o contrário
A soberania é popular. Nossos representantes nos servem, e não o inverso. Nós constituímos o Estado, e não ele, como instância separada e superior, nos ameaça.
É inadmissível o impeachment estar na boca do povo, nas conversas em ônibus, no trabalho, e a elite política (governo e oposição), mídia e empresários quererem nos tutelar: olha, não falem disto, pode pegar mal, de repente tem uma crise institucional, queremos tranquilidade.
O Petrolão é apenas o maior esquema de corrupção a que tivemos conhecimento na história das democracias. Ele atende interesses do poder Executivo, irriga caixas de partidos com dinheiro público, envolve os presidentes do Senado e da Câmara Federal, e, segundo um dos delatores (Youssef), um ex-presidente e a atual tinham conhecimento do esquema. No entanto, os “moderados” querem nos convencer que não é nada demais, não há crise institucional.
Temos todo direito (e a obrigação diante do já descoberto) de ir às ruas e gritar em alto e bom som o que queremos: o impeachment ou renúncia da atual presidente. E ninguém (mais preocupado com outros assuntos pragmáticos) vai nos tutelar.
3. Defender a operação Lava Jato – contra as pressões políticas, queremos a verdade doa a quem doer
O jogo político sempre será pesado. As pressões do governo federal foram explicitadas por um dos acusados, Renan Calheiros.
Porém, Renan acusa esta pressão ao mesmo tempo em que pressiona o Ministério Público. Cada envolvido pressiona para o que lhe convém.
Contra os jogos políticos, precisamos ir às ruas para defender a atuação do MP, da Polícia Federal e a investigação conduzida pela equipe do juiz Sérgio Moro.
Queremos a verdade doa a quem doer. Estamos de olho na atuação de cada agente público e, na rua, mostraremos que estamos prontos a cobrar.
4. Quebrar a “banca” (elite política, mídia etc.)
Os principais líderes do PSDB são contra o impeachment. O PT chama o impeachment de golpe. Os principais veículos de televisão não tocam no assunto, e quando falem dos protestos é sempre rapidamente e com muito cuidado. A elite política não quer o impeachment. A mídia não quer o impeachment. A elite econômica? Ainda não sabemos, mas também parece reticente.
A corrupção na Petrobrás foi obra de uma aliança entre elite política, elite econômica e burocracia tecnocrática, em nome de um projeto de poder, de vantagens ilícitas, por um controle estatal forte e quase diluído. E, como o Estado é o maior anunciante no Brasil, a mídia também é dependente dele de alguma forma.
O povo na rua é um aviso à “banca” do “poder integrado” da Nova República. Não admitimos o reino da mentira sem contestação. Não admitimos o reino do segredo universal. Não admitimos o reino dos acordos subterrâneos entre os donos do poder.
Não acreditamos na farsa de que está tudo bem e que existiram apenas desvios pontuais de agentes públicos. Não admitimos sermos governados por criminosos ou sujeitos lenientes com a corrupção. Não é admissível sermos roubados e pagarmos a conta como se fossemos servos do Estado.
Não, não é normal o que ocorreu. Iremos às ruas avisar a quem manda: vamos desmontar qualquer projeto de poder que ameace nossas liberdades civis.