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Uma nova estratégia para a vitória de Israel

por Amálgama Traduções (05/03/2017)

Quando os palestinos ainda viviam sob o controle direto de Israel, a violência política diminuía.

Daniel Pipes, Commentary Magazine
trad. Gabriel Castro, do Middle East Forum

A diplomacia israelo-palestina lamentavelmente se encaixa na definição de insanidade: “fazer a mesma coisa repetidas vezes esperando resultados diferentes”. As mesmas suposições – terra por paz e a solução dos dois estados, com Israel carregando a maior parte do fardo – prosseguem permanentemente, não interessa o quão frequentemente elas falham. Décadas daquilo que os insiders chamam de “processo de paz” deixaram as coisas piores do que quando eles começaram, e ainda assim as grandes potências insistem, mandando diplomatas e mais diplomatas para Jerusalém e Ramallah, sempre acreditando que a próxima rodada de negociações vai levar ao avanço fugidio.

Já é hora de uma nova abordagem; de repensar as bases problema. Ela se baseia na bem-sucedida estratégia de Israel nos seus primeiros 45 anos. O fracasso da diplomacia israelo-palestina desde 1993 sugere essa abordagem alternativa – com ênfase na rigidez de Israel na busca pela vitória. Isto seria, talvez paradoxalmente, do interesse dos palestinos e reforçaria o apoio americano.

1. A quase impossibilidade de vencer

Desde a Declaração de Balfour, em 1917, palestinos e israelenses vêm perseguindo objetivos estáticos e opostos.

Nos anos que antecederam a instituição do novo Estado, o mufti de Jerusalém, Amin al-Husseini, articulou uma política de rejeicionismo, ou seja, de eliminação de todo vestígio da presença judaica naquilo que hoje é o território de Israel. Essa política permanece em vigor. Mapas em árabe que mostram uma “Palestina” no lugar de Israel simbolizam essa aspiração contínua. O rejeicionismo é tão profundo que ele guia não só a política palestina, mas muito do cotidiano palestino. Com consistência, energia e perseverança, os palestinos têm buscado o rejeicionismo via três abordagens principais: desmoralizar os sionistas por meio da violência política, prejudicar a economia de Israel por meio de boicotes comerciais e enfraquecer a legitimidade de Israel ao obter suporte estrangeiro. As diferenças entre as facções palestinas tendem a ser táticas: dialogar com os israelenses para obter concessões deles ou não? Mahmoud Abbas representa a primeira perspectiva e Khaled Mashal a segunda.

No lado israelense, quase todos concordam com a necessidade de obter aceitação por parte dos palestinos (e outros países árabes e muçulmanos); novamente, as diferenças são táticas. David Ben-Gurion articulou uma abordagem – a de mostrar aos palestinos o que eles podem ganhar com o sionismo. Vladimir Jabotinsky desenvolveu a visão oposta, argumentando que os sionistas não têm outra escolha que não romper a má vontade dos palestinos. As abordagens opostas permanecem a pedra de toque do debate a respeito da política externa de Israel, com Isaac Herzog como herdeiro de Ben-Gurion e Benjamin Netanyahu herdeiro de Jabotinsky.

Essas duas buscas – rejeicionismo e aceitação – permanecem praticamente inalteradas por um século; a Autoridade Palestina, o Hamas, o Partido Trabalhista e o Likud atuais são descendentes diretos de Husseini, Ben-Gurion e Jabotinsky. Ideologias, objetivos, táticas, estratégicas e atores variados mostram que os detalhes mudaram enquanto os fundamentos, de forma notável, permaneceram os mesmos. Guerras e tratados vieram e se foram, gerando apenas pequenas mudanças. As muitas rodadas de conflito tiveram um impacto surpreendentemente pequeno sobre os objetivos finais, enquanto acordos formais (como os Tratados de Oslo em 1993) apenas aumentaram a hostilidade contra a existência de Israel, e, portanto, foram contraproducentes.

A rejeição palestina ou a aceitação de Israel é binária: sim ou não, sem meios-termos. Isso torna um acordo quase impossível, porque a resolução exige que um lado abandone totalmente seu objetivo. Ou os palestinos abrem mão da sua centenária rejeição do estado judeu ou os sionistas desistem de sua busca por uma nação soberana, que dura 150 anos. Qualquer coisa além desses dois resultados é um desfecho instável que serve somente como a fundação para uma futura etapa de conflito.

O “PROCESSO DE PAZ” QUE FALHOU

A dissuasão, ou seja, convencer palestinos e as nações árabes a aceitar a existência de Israel por meio de ameaças de uma retaliação dolorosa, está por trás do histórico formidável de visão estratégica e brilhantismo tático israelenses no período de 1948 a 1993. Com o tempo, a dissuasão funcionou à medida que os inimigos de Israel nos estados árabes passaram a ver o país de forma muito diferente ao fim daquele período; em 1948, os exércitos árabes invasores esperavam sufocar o estado judeu no seu nascimento mas, em 1993, Arafat se sentiu compelido a assinar um acordo com o primeiro-ministro de Israel.

Dito isso, a dissuasão não terminou o serviço; ao passo que os israelenses construíram um país moderno, democrático, rico e poderoso, o fato de que palestinos, árabes, muçulmanos e (cada vez mais) a esquerda ainda rejeitam a existência de Israel se tornou a fonte de uma frustração crescente. O povo impaciente e expedito de Israel se tornou desconfiado das nada atraentes características da dissuasão, que por natureza é passiva, indireta, áspera, lenta, entediante, humilhante, reativa e custosa. Ela também é internacionalmente impopular.

Essa impaciência levou ao processo diplomático que culminou com o aperto de mão confirmando a assinatura dos Acordos de Oslo no gramado da Casa Branca em setembro de 1993. Por um breve período, “O Aperto de Mão” (com maiúsculas, como era tratado na época) entre o líder palestino Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense Yithzak Rabin serviu como um símbolo da bem-sucedida mediação que deu a cada lado o que mais queria: dignidade e autonomia para os palestinos, reconhecimento e segurança para os israelenses. Entre muitas honrarias, Arafat, Rabin e o ministro de relações exteriores de Israel Shimon Peres ganharam o Prêmio Nobel da Paz.

Os acordos, entretanto, desapontaram os dois lados rapidamente. De fato, se israelenses e palestinos concordam em quase nada além disso, eles concordam quase unanimemente que Oslo foi um desastre.

Quando os palestinos ainda viviam sob o controle direto de Israel, antes de Oslo, a aceitação de Israel havia aumentado com o tempo, ao passo que a violência política diminuía. Moradores da Cisjordânia e Gaza podiam se deslocar localmente sem as barreiras de fiscalização e ter acesso a locais de trabalho em Israel. Eles se beneficiaram do estado de direito e de uma economia que tinha mais do que quadruplicado sem depender de ajuda externa. Surgiram hospitais e escolas, assim como algumas universidades.

Yasser Arafat prometeu transformar Gaza na “Singapura do Oriente Médio”, mas seu despotismo e agressão contra Israel transformaram seu feudo em um pesadelo, mais parecido com o Congo do que com Singapura. Sem estar disposto a desistir da revolução permanente e se tornar um líder obscuro de um Estado obscuro, ele explorou os Acordos de Oslo para infligir aos palestinos os males da dependência econômica, da tirania, da instituições fracassadas, da corrupção, do radicalismo islamismo e do culto da morte.

Para os israelenses, Oslo levou não ao fim esperado do conflito mas às ambições inflamadas dos palestinos de eliminar o Estado judeu. Conforme a ira palestina entrava em uma espiral ascendente, mais israelenses foram assassinados nos cinco anos depois de Oslo do que nos 15 anos antes dos acordos. Discursos raivosos e ações violentas se multiplicaram – e continuam inabalados 23 anos depois. Mais do que isso, o esforço de deslegitimação por parte dos palestinos teve um custo para Israel no plano internacional, já que a esquerda se voltou contra a nação, gerando inovações antissionistas como a Conferência Mundial das Nações Unidas contra o Racismo em Durban e o movimento Boicoite, Desinvestimento e Sanções (BDS).

Da perspectiva de Israel, sete anos do apaziguamento de Oslo, entre 1993 e 2000, desfizeram 45 anos de dissuasão bem-sucedida; depois, seis anos de retiradas unilaterais, de 2000 a 2006, enterraram ainda mais a dissuasão. A década que se passou desde 2006 não produziu grandes mudanças.

O exercício de Oslo mostrou a futilidade das concessões de Israel aos palestinos quando estes deixam de cumprir suas obrigações. Ao sinalizar fraqueza de Israel, Oslo tornou uma má situação pior. O que se convencionou chamar de “processo de paz” poderia ser mais precisamente chamado de “processo de guerra”.

A FALSA PROMESSA DE UMA VITÓRIA REFINADA

Por que as coisas deram tão errado com aquilo que parecia um acordo tão promissor?

A responsabilidade moral pelo colapso das mentiras de Oslo é de Yasser Arafat, Mahmoud Abbas e do resto da liderança da Autoridade Palestina. Eles fingiram abandonar o rejeicionismo e aceitar a existência de Israel mas, na verdade, buscaram a eliminação de Israel de novas e mais sofisticadas maneiras, substituindo a força pela deslegitimização.

Dito isso, os israelenses cometeram um grave erro ao ingressar no processo de Oslo com uma premissa falsa. Ytzhak Rabin frequentemente resumia esse erro na frase: “Você não faz a paz com amigos. Você a faz com inimigos muito desagradáveis”. Em outras palavras, ele esperava que a guerra fosse concluída por meio de boa-vontade, conciliação, mediação, flexibilidade, contenção, generosidade e acordo, acompanhados da assinatura de documentos oficiais. Neste espírito, seu governo e os sucessores concordaram com uma ampla variedade de concessões, chegando ao ponto de permitir uma milícia palestina, sempre esperando que os palestinos fossem retribuir com a aceitação de um estado judeu.

Eles nunca retribuíram. Ao contrário, a condescendência de Israel agravou a hostilidade palestina. Cada gesto radicalizou, exaltou e mobilizou ainda mais o corpo político palestino. Os esforços israelenses para “fazer a paz” foram recebidos como sinais de desmoralização e fraqueza. As “concessões dolorosas” reduziram o temor palestino de Israel, fizeram  estado judeu parecer vulnerável e inspiraram sonhos irredentistas de aniquilação.

Em retrospecto, isso não surpreende. Ao contrário do slogan de Rabin, não se “faz a paz com inimigos muito desagradáveis” mas, em vez disso, com ex-inimigos muito desagradáveis – ou seja, inimigos que foram derrotados.

Isso nos leva a um conceito central da minha abordagem, que é a vitória, ou seja, impor-se a vontade ao inimigo, compelindo-o por meio da derrota a desistir de suas ambições bélicas. Como mostram os registros históricos, as guerras acabam não por meio da boa vontade mas por meio da derrota. Aquele que não ganha perde. Guerras normalmente terminam quando o fracasso causa um dos lados a se desesperar, quando aquele lado abandonou suas  bélicas e aceitou a derrota, e quando a derrota exauriu a vontade de lutar. Da mesma forma, enquanto os dois combatentes ainda aspirarem a conquistar seus objetivos de guerra, o conflito vai prosseguir ou será potencialmente retomado.

Pensadores e guerreiros através dos séculos concordam a respeito da importância da vitória como o objetivo correto da guerra. Por exemplo, Aristóteles escreveu que “a vitória é a finalidade do generalato”, e Dwight D. Eisenhower disse: “Na guerra, não há substituto para a vitória”. Os avanços tecnológicos não alteram essa verdade humana duradoura.

Os conflitos do século 20 que terminaram de forma decisiva incluem a Segunda Guerra Mundial, China x India, Argélia x França, Vietnã do Norte x Estados Unidos, Grã-Bretanha x Argentina, Afeganistão x União Soviética e a Guerra Fria. A derrota pode ser o resultado do desmantelamento militar ou da acentuação de pressões políticas e econômicas; ela não exige uma perda militar total ou a destruição econômica, muito menos a aniquilação de uma população. Por exemplo, a única derrota na história dos Estados Unidos, no Vietnã do Sul, em 1975, ocorreu não por causa de um colapso econômico ou porque a munição tenha acabado, ou ainda por um fracasso no campo de batalha (o lado americano estava vencendo a guerra), mas porque os americanos perderam a disposição de continuar combatendo.

De fato, 1945 marca uma linha divisória. Antes disso, uma superioridade militar avassaladora esmagava a disposição do inimigo em lutar; desde então, grandes sucessos no campo de batalha raramente ocorreram. Superioridade no campo de batalha não se traduz mais – como anteriormente se traduzia – em uma quebra na disposição do inimigo em lutar. Nas palavras de Clausewitz, o moral e a vontade, não tanques e navios, são o centro de gravidade agora. Apesar de os franceses terem superado seus adversários na Argélia em homens e armas, como fizeram os Americanos no Vietnã e os soviéticos no Afeganistão, essas potências perderam suas guerras. Da mesma forma, as perdas no campo de batalha sofridas pelos estados árabes em 1948-82, pela Coréia do Norte em 1950-53 e pelo Iraque em 1991 e 2003 não se traduziram em rendição e derrota.

Quando um lado perdedor preserva seus objetivos de guerra, o ressurgimento do combate permanence possível, e até mesmo provável. Os alemães mantiveram seu objetivo de comandar a Europa após serem derrotados na Primeira Guerra Mundial, e escolherem Hitler para outra tentativa, causando os Aliados a almejar uma vitória total para ter certeza de que os alemães não tentariam uma terceira vez. A Guerra da Coréia terminou em 1953, mas o Norte e o Sul se apegaram aos seus objetivos de guerra, o que significa que o conflito poderia ser retomado a qualquer momento, assim como poderiam as guerras entre Índia e Paquistão. Os árabes perderam todos os episódios de Guerra contra Israel (1948-49, 1956, 1967, 1973 e 1982), mas por muito tempo têm visto suas derrotas como meramente transitórias e partiram para uma nova tentativa.

2. O trabalho duro de vencer

Como Israel pode induzir os palestinos a abandonar o rejeicionismo?

Para começar, uma vistosa coleção de planos (mutuamente excludentes) para encerrar o conflito de forma favorável a Israel apareceram ao longo das décadas. Indo do mais brando ao mais severo, eles incluem:

* Um recuo territorial da Cisjordânia ou um acordo territorial dentro da Cisjordânia.

* Arrendar as terras das cidades israelenses na Cisjordânia.

* Encontrar formas criativas de dividir o Monte do Templo.

* Desenvolver a economia palestina.

* Incentivar a boa governança palestina.

* Empregar forças internacionais.

* Levantar fundos internacionais (no modelo do Plano Marshall).

* Unilateralismo (construir um muro).

* Insistir que a Jordânia é a Palestina.

* Retirar a cidadania israelense de palestinos desleais.

* Expulsar palestinos de terras controladas por Israel.

O problema é que nenhum desses planos ataca a necessidade de romper a disposição palestina para lutar. Esses planos apenas gerenciam o conflito sem resolvê-lo. Todos eles procuram uma vitória refinada por meio de artifícios. Assim como as negociações de Oslo falharam, também falhará cada proposta que negligenciar o trabalho duro de ganhar.

Este padrão histórico sugere que Israel tem apenas uma opção para obter a aceitação palestina: uma volta à sua antiga política de dissuasão, punindo palestinos quando eles agridem. Dissuasão significa mais do que táticas duras, que todo governo israelense procura adotar; requer políticas sistêmicas que encorajem os palestinos a aceitar Israel e desencorajem o rejeicionismo. Exige uma estratégia de longo prazo que promova uma mudança de espírito.

Induzir uma mudança de espírito não é um processo bonito ou agradável, mas é baseado em uma política de resposta comensurada e gradual. Se os palestinos transgridem moderadamente, eles devem pagar moderadamente; e assim por diante. As respostas dependem de circunstâncias específicas, então o que segue são nada além de sugestões gerais de exemplos para Washington propor, indo da mais branda para a mais severa:

Quando “mártires” palestinos causarem danos materiais, pague pelos reparos utilizando os quase US$ 300 milhões em obrigações tributárias que o governo de Israel transfere para a Autoridade Palestina a cada ano. Responda às atividades designadas para isolar e enfraquecer Israel internacionalmente limitando o acesso à Cisjordânia. Quando um agressor palestino for morto, enterre o corpo discreta e anonimamente em uma cova para indigentes. Quando a liderança da Autoridade Palestina incitar a violência, proíba agentes públicos de retornarem à Autoridade Palestina vindos do estrangeiro. Responda ao assassinato de israelenses expandindo as cidades judaicas na Cisjordânia. Quando armas oficiais da Autoridade Palestina forem voltadas contra israelenses, apreenda-as e proíba novas, e se isso ocorrer repetidamente, desmonte a infraestrutura de segurança da Autoridade Palestina. Se a violência continuar, reduza e então interrompa a água e a eletricidade que Israel fornece. No caso de ataque armado, lançamento de morteiros e foguetes, ocupe e controle as áreas de onde eles se originarem.

Evidentemente, esses passos vão diretamente contra a visão consensual em Israel hoje, que busca sobretudo deixar os palestinos quiescentes. Mas este ponto de vista míope surgiu sob  pressão incessante do mundo exterior, e do governo dos Estados Unidos em especial, para acomodar a Autoridade Palestina. A remoção dessa pressão sem dúvida encorajará os israelenses a adotar as táticas mais assertivas apresentadas aqui.

A verdadeira construção da paz significa encontrar maneiras de coagir os palestinos a passar por uma mudança de espírito, desestindo do rejeicionismo e aceitando os judeus, o sionismo e Israel. Quando um número suficiente de palestinos abandonar o sonho de eliminar Israel, eles vão fazer as concessões necessárias para encerrar o conflito. Para encerrar o conflito, Israel precisa convencer mais de 50% dos palestinos de que eles perderam.

O objetivo aqui não é que os palestinos amem a Sião, mas o desmantelamento do aparato de guerra: o fechamento das fábricas de suicidas, o fim da demonização dos judeus e de Israel, o reconhecimento dos laços judaicos com Jersualém e a “normalização” das relações com os israelenses. A aceitação de Israel por parte dos palestinos vai ser alcançada quando, por um período prolongado e com total consistência, a violência terminar, sendo substituída por embates com palavras afiadas e cartas ao editor. Simbolicamente, o conflito vai ter fim quando judeus vivendo em Hebron (na Cisjordânia) não tiverem mais necessidade de segurança do que os palestinos vivendo em Nazaré (em Israel).

Para todos que veem os palestinos como fanáticos demais para serem derrotados, eu respondo: se os alemães e japoneses, não menos fanáticos e muito mais poderosos, puderam ser derrotados na Segunda Guerra Mundial e depois transformados em cidadãos normais, por que não os palestinos agora? Além disso, os muçulmanos repetidamente cederam aos infiéis ao longo da história quando confrontados por uma força superior determinada, da Espanha aos Bálcãs e ao Líbano.

Israel desfruta de duas vantagens fortuitas. Primeiro, seu esforço não começa do zero: pesquisas e outros indicadores sugerem que 20% dos palestinos e outros árabes consistentemente aceitam o estado judeu. Segundo, Israel precisa deter somente os palestinos, um ator bastante fraco, e não toda a população árabe ou muçulmana. Mesmo fracos em termos objetivos (econômico, militar), os palestinos são a ponta-de-lança da guerra contra Israel; então, quando eles abandonarem o rejeicionismo, outros (como os marroquinos, iranianos e malaios, et al.) aceitarão a sugestão dos palestinos e, com o  tempo, vão seguir seu exemplo.

OS PALESTINOS PODERIAM SE BENEFICIAR DA DERROTA

Independentemente de quanto os israelenses ganharem por acabarem com o problema palestino residual, eles vivem em um país moderno e bem-sucedido que absorveu a violência e a deslegitimação que lhes foi imposta. Pesquisas, por exemplo, mostram que os israelenses estão entre os povos mais felizes do mundo, e a fecunda taxa de natalidade confirmam essa impressão.

Em contraste, os palestinos estão atolados em miséria e constituem a população mais radicalizada do mundo. Pesquisas de opinião consistentemente mostram os palestinos escolhendo o niilismo. Que outros pais celebram o fato de seus filhos se tornarem homens-bomba suicidas? Que outro povo prioriza mais a geração de prejuízos a seu vizinho do que as melhorias em seu próprio solo? Tanto o Hamas quanto a Autoridade Palestina comandam regimes autoritários que reprimem seus cidadãos e ambicionam objetivos destrutivos. A economia na Cisjordânia e em Gaza depende, mais do que qualquer outra coisa, do dinheiro livremente recebido do exterior, criando ao mesmo tempo dependência e ressentimento. Os costumes palestinos são atrasados e se tornam cada vez mais medievais. Um povo engenhoso e ambicioso está preso à repressão política, instituições fracassadas e uma cultura que celebra a ilusão, o extremismo e a autodestruição.

A vitória de Israel liberta os palestinos. A derrota os compele a deixar para trás suas fantasias irredentistas e a retórica vazia da revolução. A derrota também os liberta para melhorar as próprias vidas. Libertados da obsessão genocida contra Israel, os palestinos podem se tornar um povo normal e desenvolver seu governo, sua economia, sociedade e cultura. Negociações poderiam finalmente começar a sério. No geral, considerando seu ponto de partida muito mais baixo, os palestinos ganhariam, ironicamente, ainda mais com a própria derrota do que os israelenses com sua vitória.

Dito isso, esta mudança não será fácil nem rápida: os palestinos terão de passar pelo cálice amargo da derrota, com toda sua privação, destruição e desespero enquanto eles repudiam o legado imundo de Amin al-Husseini e reconhecem o erro centenário que cometeram. Mas não há atalho.

A Necessidade de Apoio Americano

Os palestinos empregam um time único de apoio global que consiste das Nações Unidas e de um vasto número de jornalistas, ativistas, educadores, artistas, radicais islâmicos e esquerdistas. Eles não são nenhum obscuro front de liberação africano, mas a causa revolucionária favorita do mundo. Isso torna a tarefa de Israel longa, difícil e dependente de fiéis aliados, principalmente o governo dos Estados Unidos.

Para que Washington seja útil não é necessário arrastar as partes de volta a mais negociações, mas apoiar robustamente o caminho de Israel à vitória. Isso se traduz não somente no apoio a demonstrações de força episódicas de Israel, mas em um esforço internacional sustentado e sistemático para trabalhar juntamente com Israel, alguns estados árabes e outras partes de forma a convencer os palestinos da futilidade do rejeicionismo: Israel existe, é permanente e desfruta de amplo apoio.

Isto significa apoiar que Israel adote os passos mais firmes apresentados acima, desde enterrar os corpos de assassinos anonimamente até isolar a Autoridade Palestina. Significa apoio diplomático em favor de Israel, como por exemplo desfazer a farsa do “refugiado palestino” e rejeitar a reivindicação de Jerusalém como a capital palestina. Também implica encerrar benefícios aos palestinos até que eles trabalhem pela aceitação total e permanente de Israel: sem diplomacia, sem reconhecimento de um estado, sem auxílio financeiro, e certamente sem armas, muito menos treinamento de milícias.

A diplomacia israelo-palestina é prematura até que os palestinos aceitem um estado judeu. As questões centrais dos Acordos de Oslo (fronteiras, água, armamentos, inviolabilidades, comunidades judaicas na Cisjordânia, os “refugiados palestinos”) não podem ser discutidos de forma útil enquanto uma das partes continua a rejeitar a outra. Mas negociações podem ser reabertas e renovar os temas de Oslo no glorioso momento em que os palestinos aceitem o estado judeu. Este prospecto, entretanto, repousa num future distante. Por ora, Israel precisa vencer.

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