Cinema

Dupla Implacável

por Amálgama (16/04/2010)

por Jean Garnier – Na época do hype que o mundo viveu em volta de Pulp Fiction: Tempo de violência, entre algumas teorias sobre os diálogos escritos por Quentin Tarantino e as exaustivas repetições da música “Misirlou”, interpretada por Dick Dale, uma frase me chamou a atenção: lembraram como foi divertido ver John Travolta dançando […]

por Jean Garnier – Na época do hype que o mundo viveu em volta de Pulp Fiction: Tempo de violência, entre algumas teorias sobre os diálogos escritos por Quentin Tarantino e as exaustivas repetições da música “Misirlou”, interpretada por Dick Dale, uma frase me chamou a atenção: lembraram como foi divertido ver John Travolta dançando novamente em um filme. Pois bem, depois de assistir Dupla implacável (em cartaz) tive a mesma sensação, só que ao invés de ver o astro mexendo o esqueleto, o que me animou foi vê-lo no mesmo papel do cafajeste/descompromissado/irresponsável, um pouco diferente do terrorista de O sequestro do metrô e, felizmente, totalmente distante das atuações na série de comédias insossas a que se sujeitou nos últimos anos – como Surpresa em Dobro, Hairspray e Motoqueiros Selvagens.

-- Cena --

Na história, Richard Stevens (Jonathan Rhys-Meyers) é um assistente pessoal do embaixador dos Estados Unidos em Paris e ao mesmo tempo está treinando para ser espião. Ele tem uma vida boa, cheia de requintes com a namorada Carolyn (Kasia Smutniak), mas anseia cada vez mais por trabalho. Se é de ação que ele está precisando, aparece o truculento careca Charlie Wax (Travolta), um americano que chegou à Cidade Luz para uma missão secreta e assume o controle, impondo o caos em todos os cantos que os seus olhos conseguem enxergar. Perseguições, sangria, balas e até uma bizarra sequência em que o inocente Richard carrega um vaso e é obrigado a cheirar pó branco, tudo isso subindo o elevador da Torre Eiffel. Todo o ritmo do longa é incessante, só que as sucessões desse enredo um tanto alucinante por vezes deixa a sensação de que trata-se apenas de mais uma trama de aventura.

O diretor Pierre Morel (Busca Implacável) guiou com entusiasmo essa carnificina misturada com adrenalina de uma maneira engraçada, num misto de correria e comédia. Essa descontração fica evidente até em Travolta. O ator, em determinado (e raro), momento de calmaria senta com o parceiro às margens do Sena e, ao fazer um lanche, oferece um “Royale with Cheese”, frase que ficou famosa com o seu personagem em Pulp, Vicent Vega. Pena que todo o caminho que poderia ser percorrido para homenagear aquela grande obra ficou apenas nessa referência.

[veja o trailer]

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