O fim de Lost

por Maria Ivonilda *

(Como sabem, ontem foi o final da série de TV que começou há seis anos: Lost. Não acompanho desde o início, mas me rendi pouco tempo atrás. Fiz esse texto para expressar a ideia geral que tive a respeito do desfecho da história.)

-- Jack Shephard, Hugo Reyes e Kate Austen no episódio final --

O que é a luz? Uma metáfora para a fé e esperança.

Por que a alguém precisa “proteger” a luz? Para que a humanidade continue acreditando que há um propósito nisso tudo. A ilha parece ser não o purgatório, tampouco o inferno, mas o núcleo original de tudo isso, e um lugar que possui uma reserva dessa luz que está também nos homens, mas que eles parecem ignorar. Para tanto, há a necessidade de que essa luz seja preservada e não destruída. Uma espécie de reeleitura da “Caixa de Pandora”.

Jacob era um homem de fé, protegia algo que desconhecia, porque a fé só passa a ser fé quando não se conhece o objeto a priori, apenas se acredita nele. Não sei em que medida o Homem de Preto pode ser ou não a representação do mal (faria sentido se ele fosse uma entidade maligna na medida em que se comprova que a morada do diabo não é o inferno, mas alguma prisão cujo acesso só é permitido por portais, mas isso de fato não me interessa tanto.) Talvez ele seja e tenha sido apenas um elemento necessário que desafia a fé das pessoas, que as julga, que as faz colocar à prova o que de fato importa, seus valores, suas crenças, suas perspectivas de vida; um elemento necessário, em suma. Todos os outros que tiveram que entrar na ilha para desafiar essa fonte da vida existiram mais ou menos nesse sentido.

Por que eles vão juntos à ilha? Porque, primeiro: a regra parece ser um salto de fé, eles não podem simplesmente viver sem esse contato com os obstáculos, com as dificuldades. Tanto é que Jacob só se tornou o guardião quando se tornou mais velho, quando assumiu a responsabilidade para si. Segundo: parece que os candidatos sempre têm a escolha, o guardião só os escolhe, mas não pode dizer qual deles vai assumir essa responsabilidade para si, pois é como um sacrifício.

O interessante é que eu considero o final maior que aquilo que os próprios roteiristas fizeram, e aqui há uma leitura bem particular. Há uma teoria na Filosofia que talvez comece com Platão (e que também está presente no pensamento oriental) – que é representada também em forma de mitologia, pelo mito de Er etc. – que consiste no fato de que o conhecimento não se realiza apenas no viver, no sentido de existir na realidade empírica, mas significa também recordar, reconhecer (conhecer novamente) aquilo que você já sabe, isto é, conhecer verdades que já existem em nós. Resumidamente falando, isso se dá a partir de todo um processo no qual experenciamos as nossas vivências e depois lembramos delas (rememoramos) em determinado momento. É nesse sentido que muitas doutrinas religiosas se aproveitaram (como o empiritismo) dessa ideia, o que incomoda bastante os fãs de Lost.

Mas a teoria da reminiscência é interessante e bem maior que o reducionismo comumente aludido. Eu considero essa temática interessante no seguinte aspecto: a morte é, obviamente, o fechamento de um ciclo, de um processo orgânico (vivo), mas se fosse apenas isso, poderíamos nos declarar máquinas ou qualquer coisa que o valha. Eu prefiro acreditar que há algo mais, e não necessariamente relacionado à religião, mas ao conhecimento mesmo.

Há algo em nós que nos chama para o “um”, para o início disso tudo: são as formas. Um exemplo dessa forma é homem. E aqui remeto a um ponto em especial. Quando o Homem de Preto fala que a sua humanidade foi roubada, e as pessoas são contrárias a ele – no caso, Jacob e sua “mãe” -, é porque a sua concepção de humanidade está equivocada. Se ele concebe os humanos como somente aqueles que chegam, conquistam e destroem, isto é, são uma falha, é porque talvez ele ignore o fato de que há um sentido maior para além daquilo que é só “corpo”.

Muito bem, todo o percurso interessa, mas que espécie de conhecimento é esse que de algum modo não se encerra totalmente? O progresso a que Jacob se refere pode ser entendido como o fim do percurso dos losties (enquanto finitos) e isso de alguma maneira será compartilhado e, portanto, eternizado na medida em que algumas pessoas não morreram e poderão reproduzir o que viveram (enquanto outros representaram o sacrifício, pois o progresso não é gratuito, ocorre à custa de alguma coisa importante). Para falar de modo simples e mais específico – lembrando que Lost não fala de modo específico, por isso não terminou com a explicação da equipe Dharma e afins – , em relação à ciência, por exemplo, as ideias de Einstein não morreram com ele, foram englobadas por uma comunidade científica e, por sua vez, inseridas dentro de um contexto sócio-cultural. Para ser fiel à letra (teoria), há realmente o retorno às formas, aquilo que nunca mudará, mas também um aperfeiçoamento. É sempre bom ter cuidado com essa leitura, por isso gosto de entendê-la sob a perspectiva do conhecimento: analogicamente, há um acúmulo de saber por parte das pessoas e que será incorporado novamente à realidade, ou seja, devolvido a ela.

O que há  de mais forte nessa teoria, ao meu ver, é a capacidade de o homem ter algo em sua mente (ou alma) que permita conhecer as coisas, isto é, são dotados de razão. Isso às vezes parece óbvio, mas é fundamental no seguinte aspecto: há algo em nós que se assemelha àquilo que conhecemos, e que de certa forma o molda, mas que ultrapassa nossa subjetividade, tornando o que vivemos, não fruto da nossa imaginação, fantasia, mas algo concreto, real. Donde podemos concluir que tudo o que os losties viveram foi verdadeiro, tudo existiu sim! E a prova de que foi real é justamente a capacidade de os homens reconhecerem, lembrarem, rememorarem o que foi vivido: por isso eles estavam juntos; não haveria prova se fosse uma consciência apenas. Um exemplo claro é quando Jacob simula o afogamento de Richard e pergunta a ele: “Você ainda acredita estar morto?”

*

Se alguém ainda acha que Lost deveria terminar com a solução dos números, com uma alusão à comunidade científica Dharma, com um episódio louco do “brotha” e uma possível explicação do eletromagnetismo e da “criação de outra realidade”, eu até compreendo. Também gostaria de um episódio todo “mastigado”, mesmo que isso deixasse de ser científico e se tornasse pura ficção, especulação.

Mas agora percebo o quão genial foi o final de Lost, quando os roteiristas resolvem terminar justamente com o fechamento do ciclo sob a perspectiva da mitologia: os personagens, as pessoas perdidas. Lost terminou com a resolução dos conflitos daqueles que aprendemos a amar ou odiar desde o primeiro momento da série, quando eles foram condenados a ficar presos naquela ilha e, portanto, aprender o que tinham que aprender, fazer as escolhas que tinham que se feitas. Sim, eles acabaram, Lost acabou, e agora podemos partir para outra. Achei o final honesto, Lost é uma série que teve um fim e por ser tão genial não pode se dar ao luxo de ter aquele caráter interminável de certos filmes ou séries que são escravos da indústria, da mídia de massa.

Faço menção especial ao personagem Jack: sempre acreditei nele. Afinal ele sempre anda com os losties, mas não é um deles. Jack é aquele que fez o sacrifício, e instruiu Hurley para fazer o que tinha de ser feito porque suas forças haviam se esgotado. Além disso, ainda se reconciliou com o pai.

Claro, há muitos elementos ainda a serem investigados, aquilo que constitui a ilha e também as figuras que conseguiram sair dela, como Walt, ou mesmo as que talvez nunca tenham entrado nela, como o vidente. Há ainda muitas imagens enigmáticas na minha cabeça, como aquela da Ilana acidentada, a execução do Mr. Eko, entre outras, que serão devidamente analisadas no momento certo, depois do impacto do final de Lost (faz sentido imaginar todos esses elementos que conferem um aspecto quase sobrenatural à ilha se ela for vista como esse núcleo originário e orgânico ao qual remeto, mas isso vou deixar para depois).

Por enquanto, só reproduzo os pensamentos que me vieram imediatamente com o final épico dessa jornada chamada LOST!



  • Pingback: Juliana Teixeira()

  • Pingback: thαhy()

  • Pingback: Blog Arlesophia()

  • http://nãotenho vania da rosa

    Inrteressante análise da série. nunca a assisti, mas com tua análise eu fiquei curiosa. a propósito um dia zapeando pelos canais parei numas cenas porque chamaram-me a atençao, e eu, ollhando para o cenário, os atores, a posição da
    câmera achei que a ilha fosse um lugar onde todos convergem para um possível conhecimento interior. e crescimento espiritual.
    obrigado pela tua ajuda.

  • Mário Kodama

    Maria Ivonilda, espero que você não tenha “lost” o seu tempo assistindo esse negócio, hein!!!!!! Série de seis ano é do piru em minha amiga!!!

  • Ivonilda

    Vania,

    é bem interessante esse aspecto que você comentou pois é justamente o que me prendeu a atenção na série. Não foi o fenômeno Lost, não foi a mudança que Lost exerceu na relação série-espectador, foi justamente a beleza da ilha, a forma como toda a história foi conduzida para nos deixar livres dentro dessa “jornada” pela qual os personagens passaram.

    Bem, eu não sei exatamente em que sentido você toma o termo “espiritual”, mas como dei a entender no texto, há sim um resultado nisso tudo. puxando a sardinha para o meu lado (Filosofia), é como ela (a ilha) se tratasse do que Kant chama de “sublime”, algo tão forte, maior que o homem, mas que ao mesmo tempo o homem não se intimida, apesar de temer. É uma questão quase, se é que podemos falar assim, de respeito pela natureza.

    A cada vez minha leitura só se expande. É isso, se você tiver oportunidade, não deixe de ver. Obrigada pelo comentário!

  • Ivonilda

    Mário,

    não assisti desde o início, tenho até vergonha de falar há quanto tempo assisti (assisti da primeira à quinta temporada num período de pouco mais de um mês), mas não me importaria de ter acompanhado ao longo dos seis anos, e respeito quem fez isso.

    De qualquer forma, todos nós precisamos rever Lost. Quando falo que podemos partir para outra, é só pelo fato de que devemos nos desapegar da história. Mas que se precisa ser visto novamente, independente do tempo, ah, isso precisa!

  • Pingback: Andira Medeiros()

  • Luís

    A série é bem acima da média, sem dúvida, especialmente a primeira temporada: criativa, com personagens e situações mutio bem construídos.

    Depois veio a obrigação de divertir, esticando tudo por 6 temporadas. A partir do final da 3ª temporada comecei a cansar – a série assumia de vez o tradicional “bang-bang entre mocinhos e vilôes”. Lembro que os próprios criadores admitiam, na segunda temporada: “chega de conviverem uns com os outros, precisamos de ação”… é showbusiness, afinal.

    O final foi bonito e inteligente, mas desconectado de boa parte das estórias contadas; por isto a reclamação dos que não gostaram, que leio por aí, é pertinente. Por exemplo: a “Iniciativa Dharma” – homens que sempre tentam controlar e tirar o máximo da Natureza – foi uma das ótimas “sacadas” da série que merecia uma melhor elaboração (um dia, eles simplesmente foram mortos… isto sim pareceu final de novela sem solução).

    No final das contas, para mim fica uma moral muitíssimo interessante, que permeou boa parte da estória: o que interessa é saber conviver, consigo mesmo e uns com os outros, não é mesmo?!

    • Ivonilda

      Sim, sim, Luís, concordo bastante com você. Mas discordo da parte que você falou que “depois veio a obrigação de divertir”, eu já acho o contrário, a série, a partir da segunda temporada, passou a se consolidar, não foi com a primeira temporada que “Lost” conseguiu me prender, foi com a segunda, que comprovou o fato de que ela merecia ser assistida.

      No mais, é lógico que fiquei muitíssimo decepcionada com a não-resolução dos mistérios (vi vídeos muito engraçados nesse sentido, que calculam o tanto de mistérios não-resolvidos), mas como eu indiquei, o final enquanto final foi excelente.

      Outra crítica que eu acho que deve ser feita, e nesse caso, talvez você concordo comigo: acho que os roteiristas deveriam se assumir mais, se posicionar em relação ao final, eles não deveriam apenas sugerir. Nesse caso, a leitura que eu fiz foi a partir do que eu acho verdadeiramente, mas não que esteja claro para todos.

      Uma amiga me falou que muita gente justifica que “Lost” é genial porque deixou a reposta em aberto e, de acordo com ela, “Lost” teria sido genial se tivesse respondido os mistérios, ou, pelo menos, parte deles, os mais importantes. Eu já acho “Lost” genial não pelo desfecho – nesse caso, entendo perfeitamente quem se revoltou com ele – mas pela história em si, pela ousadia em tocar em assuntos tão díspares de forma tão atrativa. Como uma epopéia moderna. :)

      • Luís

        Talvez não tenha me expressado bem ao usar o termo “divertir”, que, afinal, não deve ser pejorativo. Na minha opinião, uma coerência narrativa e amarração de conteúdo é essencial numa boa estória, e o que quis dizer é que, para mim, a coerência da estória como um todo perdeu para a necessidade comercial. Isto ocorre na maioria das séries de TV, e sempre em séries longas… inevitável na nossa sociedade de consumo e imediatista, no “showbusiness”.

        Mas estes comentários críticos não anulam o mérito da série… antes lamento não se explorar devidamente algumas estórias que achei fascinantes. No geral concordo com o teu texto, e acrescento: se a TV em geral tivesse uma programação do nível de LOST, já estaríamos em outro nível de sociedade…

        • Ivonilda

          Entendo, Luís, é muito provável que isso tenha ocorrido mesmo, e é difícil se livrar dessas exigências do “showbusiness”, não sei como eles conseguiram convencer os marqueteiros da necessidade de um final.

          É, penso a mesma coisa, “Lost” foi muito ousado em quase todos os termos, locações, atores, enredo…É difícil agrupar todas essas qualidades em uma série atualmente. Por isso é considerada por muitos épica.

  • Tati

    Assisti o esperado final e da parte da ilha, adorei o fim, o Jack salvando a ilha, o Hurley assumindo a responsabilidade, Kate, Sawyer, Lapidus, Clarie e Miles sainda da ilha com o avião.. foi bonita esta parte (tudo bem que Lock morreu muito fácil, mas vamos deixar de lado).
    Agora e a realidade paralela? Jack tinha um filho com Juliet? E simplesmente ele estava morto? Assim como os outros personagens? E James (Sawyer), um policial que também estava morto? E Sun e Jin, ela estava grávida, mas estava morta? Isso que não entendo….

    • Ivonilda

      Tati: ele não teve um filho com Juliet, como Locke afirma. James enquanto policial estava morto (ele nunca foi um policial). Sun e Jin tiveram uma filha, mas ela estava fora da ilha, ou seja, a filha ficou órfã. Resumindo, tudo o que vivemos nessa outra realidade, que de paralela não tinha nada, muito menos de realidade, era uma idealização (de Jack e dos demais personagens). Estavam todos mortos (mas não morreram necessariamente ao mesmo tempo). Aquela montagem toda naquela “realidade” que vimos era para uma hora eles lembrarem do que viveram e reconhecerem-se enquanto mortos.

      • Rafaella

        Olá, então Ivonilda aí que está a questão: aquela realidade paralela, na verdade não existia…até aí tudo bem…Mas ficou uma lacuna para mim: como os 6 do Oceanic saíram e depois voltaram para a ilha? Por que alguns morriam na ilha, já que todos estavam mortos? Todos entao morreram na ilha..pq no final, novamente eles decolam? Enquanto alguns ficam lá?
        Na verdade, gostaria que a realidade paralela tivesse existido sim, como se o avião nao tivesse caído, e na medida que eles iam se encontrando iam se lembrada de algo da vida passada, por exemplo. Pois a ligação entre eles foi excelente e lindo por sinal…..
        Abraços
        Rafaella

  • http://www.tudocondominio.com.br eder portões

    Puxa todo este tempo e eles finalmente vão conseguir sair da ilha?
    Que bom hein.

    • Ivonilda

      Para você ver como são as coisas. :D

  • Bosco

    Assistí poucas vezes, pensei que nunca iam da um um fim na história e parei de assistir. Para mim tudo que tem começo tem que ter um fim.

    • Ivonilda

      Para mim também. Tenho pena dos atores. Lembro que quando assisti a série OC (muito tempo depois de ter terminado), vi uma entrevista de um dos principais atores da série e ele dizia estar cansado de interpretar um adolescente.
      Bem, imaginemos isso para o elenco diversificado de “Lost”, interpretar pessoas perdidas numa ilha por seis anos é muito tempo!

  • Paulo Cesar

    Sabe, até que assisti três episódios da série. É um sistema que utilizo nos últimos tempos , onde os filmes vão acabando e as ´series, mais difíceieis de vivrrem DBD pirata, estão em todos os canais.Depois que vocÇe vÇe 3 apisódios, com espaço de uma semana para cada um, já da pra ver se o estilo é “um seriado normal” ou “um seriado sem série”. E é o caso dessa pouca vergonha que segurou o pessoal durante nos. Como não tinha estória, como não se referia nada, como não dizia coisa com coisa, como explorava e amoção barata, desprovid de origem, e que levava ao futuro nada, já que não havia parâmetro, lembrei-me da menina , em”Short Cuts”, de Robert Altman, que fazia sexo por telefone, explicando par sua curiosa amig,num determinado bar: ” Olh, é de verdade, acontece de verdade, o cara sente de veerdade, eu gnho uma grna de verdade, mas é virtual”. Assim, Lost não existiu. Apenas isso. Pelo menos na minha pequen opinião.

    • Ivonilda

      Paulo Cesar:

      não considero “Lost” uma série que não se refere a nada, que não diz coisa com coisa, tampouco acredito que explore a emoção de forma barata. Acredito que o que incomoda muita gente — não sei se é o seu caso — é a inovação no roteiro, não necessariamente na idéia principal, que já é bem batida. Muitos não sentem necessidade de estar abertos ao novo, mas paciência, “Lost” existiu e com certeza atraiu um público diversificado, cada um se apropriando da atmosfera da série ao seu modo. “Lost” foi o lugar no qual o inusitado ganhou forma.

      Agora, não sei dizer até que ponto nós, enquanto espectadores, estamos certos quanto à riqueza da série. Talvez você e muitos outros estejam corretos, talvez tenham uma visão de longo alcance, que atravessa a natura dos filmes e séries, dos seus recursos narrativos, da técnica artística etc. Entretanto, independente do que for verdadeiro, esse resultado só se mostrará com um tempo. Com todo o tempo necessário para que algo diferenciado seja produzido. Até lá, “Lost” continua a ocupar o seu merecido lugar de destaque para muitos daqueles que acompanharam durante seis anos a saga dos “perdidos”.

  • André Isse

    Li alguns comentários de americanos e também de brasileiros, respeito cada um deles, no entanto, resumo Lost como uma série única, inteligente, intrigante e que retrata o ser humano, revelando as suas falhas, mas com elas aprendendo a serem pessoas melhores, retrata suas decepções e conquistas, e da grande necessidade de se viver em grupo. O amor é a obra prima de Lost, e gostei muito do final. Faz 6 anos que acompanho a série, e foi prazeroso assistir todos os episódios. Fico triste com comentários como perdi 6 anos de minha vida, ou que quem perde tanto tempo assistindo uma série assim só pode ser alienado.

    • Ivonilda

      Sim, André. Mas vale lembrar que o mínimo que podemos fazer, depois de ter assistido a uma série tão inteligente, intrigante, única — como você mesmo o diz — é ter senso crítico. Temos que reconhecer os erros de “Lost”, mas temos também que ser capazes de avaliar toda a grandeza da série.

      Quanto aos comentários que você citou, é mesmo uma pena que tenha gente que pense assim, não é mesmo?

  • André Isse

    Como pessoas que assistiram 2 ou 3 episódios podem querer opinar sobre a série? Como podem criticar e despejar indignação, raiva e dizerem que entedem Lost?
    A realidade paralela, na verdade foi a idealização de todos os personagens, Jack um médico bem sucedido, Benjamim um professor bom carater, Soyer um policial, Hurley um homem rico e de muita sorte, e dessa vez sem a maldição dos números, ou seja todos estavam mortos e como que esperando aquele momento mágico de reencontro e de recordações para seguirem adiante. A conversa de Jack e seu pai nos deixa bem claro isso, que todos ali estavam mortos, alguns antes outros depois de Jack.

  • carlos

    Ivonilda,

    Muito interessante sua análise, um tanto complexa, mas o que esperar de uma série idem. Acho que muitos mistérios foram explicados, embora não explicitamente, mas se pode deduzir muitas coisas de tantas informações e referências (metáforas faladas e visuais) ao longo destas 6 temporadas. Da vontade de ver tudo de novo sob a ótica da última temporada, só para conferir se tudo esta devidamente amarrado.

    Acho que vale a pena ver este video, palestra do JJ Abrams na TED, ai da pra entender um pouco oque ele quis com a série.

    http://www.ted.com/index.php/talks/j_j_abrams_mystery_box.html

    • Ivonilda

      Carlos,

      foi uma análise bem apressada, preciso melhorar. Quando tiver um tempo, posso escrever outro texto; este foi mesmo mais para provocar os ânimos, e principalmente as mentes preguiçosas que não se esforçaram para imaginar (no sentido de “criar imagens”) a partir do conteúdo que nos foi dado no “The End”.

      Lost sempre foi esse turbilhão de conteúdo que existiu ali, inclusive, para nos provocar, suscitar a imaginação, é uma pena que logo no final muitas pessoas tenham esquecido disso!

      Obrigada pelo comentário e pelo link do vídeo.

  • MArc

    também figo intrigado quando alguém fala que perdeu 6 anos da vida vendo a série. Na verdade esse foi um meme surgido na internet e comprado pelas pessoas, alguns fãs absorveram isso e assumiram que, sendo o final não satisfatório isso seria o coroação de 6 anos perdidos.
    Isso pra mim é incompreensível. Como o fim faz episódios como “The Constant” perder seu brilho? ou cenas lindas perderem a força?
    O fim nos mostra que todos são a constante de todos, pois como o pai de JAck fala, ninguém consegue fazer isso sozinho.
    Claro que existem falhas na série, mas eles nos deram o fim arrebatador, porém quem não se apegou aos personagens n pode aproveitar.
    Vejo amigo que só viu até a 2º temporada querer discutir comigo sobre a qualidade do fim, só pode ser piada.
    Com todo respeito, o leitor que viu 3 episódios querer fazer uma análise do que foi a série que mudou a forma de fazer tv aberta não parece correto.
    O fim ainda me faz pensar bastante e quando relembro cenas antigas vejo o quanto o fim foi significativo.
    Nunca vi uma série fazer personagens mortos na 1º temporada fazer fãs chorarem por umas aparições 6 anos depois. Nem que tivesse uma lista tão grande de personagens importante.
    Só o fato de trazer atores de várias nacionalidades, compersonagens de todo mundo, mesmo um Iraquiano entre os bons, para a tv aberta americana pós 11 de Setembro merece um prêmio. E ver os atores de Locke, Ben, Jack e companhia em ação é uma festa p quem gosta de boas interpretações. Giachino e suas músicas de cinema nem se fala.

    • Ivonilda

      Marc,

      você não faz idéia das coisas que eu já li a respeito de Lost. Sorte é que ultimamente não tenho tido muito tempo, mas mesmo sem querer a gente tem acesso a essas coisas. Já li, inclusive, que Lost pode ser visto como o funeral da dramaturgia. Imagina, pareço viver em um mundo diferente dessas pessoas, pois Lost representa para mim justamente o contrário. Interessantes essas tuas colocações, só mostram que a diversidade de Lost também é responsável por esse caráter único da série. Alguém pode se contrapor afirmando que esse é um recurso usado para atrair atenção, mas para mim, a forma com que foi conduzido só demonstra que o conteúdo não está ali gratuitamente.

    • Arlon

      falou pouco mas falou tudo !!!!

  • Alisson

    Quando li este texto fiquei pensando o quão maravilhosa foi essa série que eu não assisti, talvez maravilhosa seja esta interpretação que poucos poderiam fazer da estória em questão, a verdade é que o pensamento filosófico pode ser aplicado a um único evento e isto é maravilhoso, apenas acho sofrível ter de assitir 100 horas de seriado onde os eventos seriam facílmente explicitos em um filme de duas horas. Lamentável.
    Parabéns Maria Inovilda, grande interpretação. O Oscar devia ser seu e não da produção.

    • Ivonilda

      Nossa, Alisson, obrigada pelo elogio, mas esse foi um texto apressado, talvez nem tão inteligível como eu gostaria que fosse.

      Mas você me fez lembrar que tenho vontade de escrever sobre outras obras que não fizeram os espectadores usar tanto tempo para vê-las, mas talvez para digeri-las, como o filme Stalker, do Tarkovsky. É isso que me interessa em Lost, não apenas o que você vive quando vê, mas o quanto você pode ficar envolvido. E não tomo aqui no sentido de espetáculo, mas de experiência estética mesmo. Há tantas discussões acerca disso, mas que só são proporcionadas quando há algo interessante do qual podemos extrair algum sentido — e não condiz com esse esse escasso material a que comumente temos acesso.

  • laura

    Não acompanhei a série em sua totalidade, mas assisti o ultimo capítulo. Em um entendimento bem simplista, entendi que a Ilha seria o local onde eles exerceriam os seus laços afetivos, experiências, e superações. O antes e o depois da ilha seria o local de partida e chegada da nossa evolução. Como se fosse o lar espiritual , ou seja, de onde nos viemos e para onde iremos após a nossa própria experiência.

    • Luís

      Laura, uma interpretação simplista assim, como tu mesmo admites, só é possível sem assistir toda a série. Eu particularmente gostei do último capítulo – achei bem feito, emocionante – mas, com variações aqui ou ali, a principal linha crítica à série é que a 6ª temporada foi uma simplificação forçada de desfecho, quase ignorando toda as nuances da trama ao longo das 5 temporadas anteriores.
      Neste sentido, a crítica mais ácida que o editor da SUPERINTERESSANTE fez no site da revista talvez tenha razão: na produção do episódio-piloto não se imaginava que LOST teria vida longa, e a idéia central original era a de que a ilha era mesmo uma espécie de purgatório, e os que “sobreviveram” ao acidente de avião eram os que precisavam continuar convivendo uns com os outros e com os seus dilemas. Isto, para mim, realmente dá sentido a várias situações criadas ao início da trama, até a 2ª temporada… depois, os criadores/produtores da série se perderam…

  • DANIEL

    ÓTIMO FINAL, COMO SUA INTERPRETAÇÃO, PARABÉNS.

  • Ivonilda

    Laura, Luís, Daniel e demais: obrigada a todos pelos comentários, fico feliz que o texto tenha eventualmente contribuído para que a discussão ocorresse.

    abraços!

  • Camila Suizzy

    De todos os finais possiveis,LOST,ou BOST(A),terminou da forma mais pragmatica possivel.Até a 3° temporada tudo OK.Na 4° aonde culmina aquela famosa greve de roteiristas,a serie é a fumaça preta em pessoa.Um final decepcionante ,tão presisivel ,que me lembro dos produtores terem criticado severamente Stephen King dele ter antecipado o fim desta serie que tinha de tudo pra ser excelente.Pra ser sincero,series melhores ,foram canceladas.

  • Ouverney

    Eu sou na verdade um grande fã, acho que em toda minha vida nunca assiti uma serie tão boa com LOST, tive que ouvir todos meus amigos e conhecidos falarem que o fim foi ridiculo, o que eu naõ considero, não sei se por ter cido realmente bom ou pelo fato de eu não querer me decepcionar, o que eu mais gosto em LOST é a liberdade e imaginação que a serie me dá isso desde a primeira temporada o que também aconteceu na ultima, esse motivo creio eu que foi a maipor decepição de todos os outro.
    para LOST: serie perfeita e fim perfeito.

  • Fernando

    só O Que Eu Achei Ruim Na Sexta Temporada Foi Sun , Jin e Sayid Ter Morrido E Jack.
    Era Pra Todos Ter Ido Embora Depois De Ter Matado Locke E O Ben Ficasse Cuidando Da Ilha Ben Conbina Muito Com A Ilha .

  • http://www.tudocondominio.com.br/empresas_redes_protecao_sp.asp pablo redes

    Este final foi uma falta de respeito pelos telespectadores, os caras só queriam audiencia mesmo.
    ainda bem que acabou
    pablo redes
    proteção sp

  • Vanini

    Uma grande dúvida para mim: Se Ford, Kate, Lapidus, MiIles e richard saíram da ilha e morreram muito tempo depois, de que forma eles voltaram para o mundo real?! Com que vida?! O período de anos que passaram na ilha, como foi o impacto desse tempo lá fora no que se refere a vida deles mesmos?! Onde estavam os seus corpos, para que revivessem no mundo real?!

  • Arlon

    MARAVILHOSO! nao perdi nem um capitulo, e nem um detalhe! assisti no netflix os 6 anos em apenas 3 semanas (virei 2 fins de semana so no LOST )kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  • Arlon

    pessoal eu penso que quem acompanhou a serie durante esses 6 anos, acabou se perdendo e nao entenderam nada! Eles estavam todos mortos a ilha era so uma chance de eles se redimirem. Eles nao usaram religiao, mas abusaram de “cada um decidia seu destino” e conforme eles se redimiam (na ilha) a memoria deles mudavam sobre a vida passada! bla bla bla bla …. eu aconselho aos que realmente gostaram. assistir pelo menos os ultimos 17 episodios, todos de uma vez!! kkk sao 777 minutos ou 13horas.

  • Tatisa

    Prezada Ivonilda:

    Desde que assisti o final desta série, Lost, tenho pensando e muito sobre aquilo que foi feito. O seu artigo, veio expressar exatamente e diametralmente, tudo o que estava pensando e tentando sintetizar.Parabéns. Compartilho com você a respeito de Lost.

    • Ivonilda Martins

      Fico feliz. Lost realmente marcou muita gente. Vou te confessar que às vezes me dá vontade de assistir tudo ou pelo menos parte da série novamente para tentar ver as coisas com outros olhos, pois a série é riquíssima no sentido de possibilitar outras interpretações.

  • renato

    Muito bem observado o exemplo citado, quando Jacob simula o afogamento de Richard e pergunta a ele: “Você ainda acredita estar morto?”. Este trecho da série foi muito bem elaborado. Me levou, assim como deve ter levado a maioria dos que assistiram, a uma reflexão lógica que provocou uma dúvida fascinante sobre o final da série: a relação realidade x fantasia. Na minha opinião, o que se poder tirar da série são interpretações. Me identifiquei muito com a interpretação dada pela Maria Ivonilda. Foi basicamente o que consegui sintetizar, o sentido que notei na série. Parabéns Maria, muito boa a sua análise. Um abraço!

    • Ivonilda Martins

      Obrigada, Renato. Este exemplo que eu citei e que você ressaltou é um dos meus preferidos. :-) Acho que nunca vou esquecer dele enquanto lembrar de Lost.

      Abraço!

  • http://www.tudocondominio.com.br/empresas_redes_protecao_sp.asp Pablo redes

    Muito bom este post
    parabéns
    Dificil encontrar materia de qualidade
    sobre este assunto nas redes

    • Ivonilda Martins

      Obrigada!

Widgetized Section

Go to Admin » appearance » Widgets » and move a widget into Advertise Widget Zone