Economistas falam que o país está em depressão econômica. Não poderia haver palavra mais precisa.

O economista Affonso Celso Pastore divulgou um relatório aos clientes de sua consultoria, publicado este final de semana na Folha de São Paulo, avaliando que o país atravessa uma longa depressão econômica iniciada em 2014.

Considerando o estado de ânimo da sociedade brasileira, eu diria que a depressão vai além da economia, ou até mesmo que é ela quem deprime a economia. A palavra usada não poderia ser mais precisa para descrever o país.

Pela primeira vez em décadas, a crise de liderança é tão grande que não se vê saída ou esperança para grupo algum do país. Mesmo o apego da direita ao governo Bolsonaro soa uma opção desesperada pela total falta de opções. Tanto que os grupos que levaram o presidente ao poder, incluso o partido dele, estão divididos quanto à manifestação do próximo domingo.

O mesmo se dá no outro extremo do espectro político. O apego a um líder preso por corrupção, mesmo depois de todo o dano que este apego causou a esquerda, é significativo de que eles não têm para onde ir.

Entre os dois extremos, o cidadão comum assiste bestializado a esse teatro de horrores, pressionado de um lado a outro a tomar partido por causas que não lhe dizem respeito. O desemprego sobe, a renda cai e a economia patina na falta de confiança e de perspectivas. O apego do mercado à reforma da previdência, necessária, também é representativa da falta de perspectivas para a economia.

Não precisamos de cruzados neste momento. Precisamos de pacificadores, capazes de unir o país em torno de uma esperança compartilhada.

Paulo Roberto Silva

Jornalista e empreendedor. Mestre em Integração da América Latina pela USP.

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