Quase todo imã negará que haja qualquer conexão entre as crenças do atirador e as suas próprias.
Douglas Murray, The Spectator
trad. Daniel Lopes
Na noite passada, um atirador atacou uma boate gay em Orlando, Flórida. Até agora, pelo menos 50 pessoas foram confirmadas mortas e outras 42 feridas – o que faz do ocorrido o pior assassinato em massa com arma de fogo da história americana. O atirador aparentemente foi um cidadão dos EUA chamado Omar Mateen. Até o FBI agora admite que ele teria “inclinações” para a ideologia islâmica radical. Seus pais, afegãos, disseram estar chocados.
Eis uma previsão. Se o atirador da noite passada tivesse sido um fundamentalista cristão, toda e qualquer pessoa com quem ele tivesse se associado no passado estaria agora sendo perseguida não só pelas autoridades, mas também pela imprensa. Figuras conhecidas de igrejas e líderes por todo o país e no resto do mundo teriam condenado o ato e dito o quão importante é erradicar esse tipo de ódio do coração das pessoas. Todo grupo, indivíduo ou companheiro de viagem que estivesse de alguma forma associado com a ideologia do atirador estaria para sempre manchado por associação, mesmo que não tivesse conexão com o atirador em si.
Mas o ataque em Orlando parece ter sido realizado por um radical muçulmano, não um radical cristão. E, assim, as autoridades minimizarão o componente ideológico. Enquanto isso, líderes dos EUA e de outros países tentarão negar a conexão ideológica ou dizer – na melhor das hipóteses – que é importante não apontar o dedo para uma única ideologia. Quase todo imã nos Estados Unidos e alhures negará que haja qualquer conexão entre as crenças do atirador e as suas próprias.
Se algum jornalista investigar com quais mesquitas ou grupos o atirador estava associado, a totalidade dos líderes da comunidade muçulmana americana insistirá que qualquer identificação das crenças do atirador é, na verdade, “islamofóbica”. Dessa forma, o ódio que impulsionou o atirador não apenas continuará vivo, mas evoluirá. Que é o que o resto de nós poderia pensar ter sido o objetivo desde o início.
Tem apenas dois meses que nós britânicos ficamos sabendo que 52 por cento dos muçulmanos britânicos acreditam que ser gay deveria se tornar algo ilegal no Reino Unido. Quando essa pesquisa foi divulgada, praticamente a totalidade da liderança muçulmana no país e seus porta-vozes atacaram, não a intolerância de sua própria comunidade, mas a pesquisa.
É sempre assim. E, não obstante, há uma ligação perfeitamente direta desse tipo de crença para o que aconteceu na Flórida na noite passada. Nós, e eles, admitiríamos isso se qualquer outra comunidade religiosa estivesse no foco. Mas não quando é o islã.
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