O perigoso populismo de Alexis Tsipras

Com um referendo de pergunta deliberadamente não clara, Tsipras conseguiu o apoio de quase o dobro de eleitores que votaram em seu partido.

David Patrikarakos, na The Spectator

O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras acabou de fazer algo inimaginável. Ele venceu o referendo grego. E não se engane, a vitória foi dele. Foi uma decisão sua o chamado ao referendo, cerca de uma semana atrás, e o pânico europeu. O último primeiro-ministro a tentar isso foi George Papandreau, em 2011, antes de ser rapidamente forçado a voltar atrás. Pouco depois ele renunciou.

Mas vencer o referendo não é o mais surpreendente – pesquisas de opinião estavam cabeça a cabeça toda a semana, e assim que as urnas fecharam, às 19h, quase imediatamente ficou claro que o Não iria ganhar.

O que torna sua façanha tão notável, é que Tsipras conseguiu – por meio da proposição de um referendo com uma pergunta deliberadamente não clara – perguntar ao povo grego algumas questões bem simples para as quais a resposta de qualquer forma seria Não.

Na Grécia, votar no referendo de ontem teve a ver com se os gregos estavam contentes com o status quo. Eles tinham empregos? Viam um futuro para si mesmos? Tinham dinheiro o suficiente? De fato, ele perguntou ao povo se ele estava feliz, e, após anos de austeridade, só havia a possibilidade de uma resposta.

Isso lhe permitiu fazer algo que nenhum outro político grego jamais fizera antes: unir todos na Grécia que estão, em maior ou menor grau, sofrendo. Ao fazer isso, roubou eleitores de todos os outros partidos. O Syriza foi eleito com 36,3 por cento dos votos. Ontem, o Não ganhou por mais de 60 por cento dos votos.

Para apoiar a agenda defendida pelo governo, Tsipras conseguiu juntar quase o dobro de eleitores que votaram em seu partido. É alquimia política no ponto máximo, e populismo no ponto mais perigoso.

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  • João Paulo Rodrigues

    Sempre que algum político de esquerda apresenta ou implementa uma proposta que alguém que não é de direita não gosta, levanta-se o espantalho do “populismo”. Sempre que um texto da imprensa atual argumentar neste sentido, pode-se ter como certeza que será um texto vazio – como este.

    • Daniel Lopes

      verdade. a direita acusou por nada o espantalho do populismo de Chávez e Cristina, por exemplo, só porque ela não aprovava as medidas, e se deu mal.

      • João Paulo Rodrigues

        E todos sabemos que Chávez, os Kirchner, Obama (http://thehill.com/business-a-lobbying/192551-obama-turns-to-populism-to-boost-second-term-agenda), Lula, Dilma, Morales, Correa, Mujica, Tsipras, o “Podemos” (http://elpais.com/elpais/2015/04/06/opinion/1428341485_453181.html) são todos iguais e as políticas por eles implementadas são todas as mesmas.