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Jihad Hammadeh denuncia a “islamofobia” das autoridades brasileiras. Eu denuncio quem o leva a sério

por Daniel Lopes (22/07/2016)

Um breve apanhado de opiniões suas mostra que ele está longe de ser um modelo de pessoa moderada.

Jihad Hammadeh (dir.)

Nesta sexta, a União Nacional das Entidades Islâmicas (UNI) chamou uma entrevista coletiva para comentar a prisão de 10 pessoas que se pensa serem adeptas do islã radical e que planejavam atos violentos. O sheikh Jihad Hammadeh, presidente do conselho de ética da UNI, disse que sua organização é aliada das autoridades, desde que as operações sejam feitas com transparência e provas.

Seja como for, a entrevista foi mais uma oportunidade para se falar pomposamente de “islamofobia”. “Há uma crescente islamofobia”, disse o sheikh, “principalmente por parte dos órgãos que deveriam trazer segurança para a sociedade”. Bobagem, claro. Ainda assim, a imprensa brasileira repercutiu suas falas como se divulgasse as falas de um sábio, e como se ali diante das máquinas fotográficas e câmeras de televisão estivesse um paradigma de moderação.

Ninguém se interessou em pesquisar sobre o senhor Hammadeh. Um breve apanhado de opiniões suas mostra que ele está longe de ser um modelo de pessoa moderada, e às vezes não tem sequer o menor compromisso com a verdade.

Sobre Israel, o sheikh Hammadeh diz se tratar de um estado genocida, simplesmente. Na clássica falsa equivalência que existe apenas para incomodar, quando não caçoar, o povo judeu, Hammadeh disse há dois anos que Israel promove um holocausto nos moldes daquele que seu povo sofreu com os nazistas.

2014 foi um ano glorioso para Jihad Hammadeh. Segundo ele, era “totalmente infundada e retórica” a ideia de que um grande número de mortes em Gaza naquele ano tivesse a ver com a política do Hamas de usar civis como escudo humano. O próprio grupo terrorista, no entanto, admitiu que fez disparos contra Israel a partir de áreas civis e usou escolas e hospitais como escudo.

É que o conflito na Palestina, para ele, não é religioso, mas apenas territorial – ou seja, culpa de Israel; os grupos que combatem esta nação são somente reparadores de injustiças históricas. É possível que ele não saiba do antissemitismo na base do Hezbollah? É possível que desconheça que a carta de fundação do Hamas diz que “Israel existirá e continuará a existir até que o islã o invalide, assim como invalidou outros antes”; que judeus merecem o ódio divino; que a guerra santa contra esse povo é obrigação de todo muçulmano? E olhem que Hezbollah e Hamas são moderados perto de outros grupos palestinos, como a Jihad Islâmica.

Em 2008, a nação ficou feliz em saber que Jihad Hammadeh não tem o menor problema com mulheres muçulmanas participarem de atividades esportivas se assim o desejarem – desde que usem o “traje adequado”, como o “burquíni”.

Quando, em 2012, um juiz de São Paulo mandou o YouTube retirar do ar o vídeo que ficou conhecido como A Inocência dos Muçulmanos, Hammadeh, aparentemente sem ironia, comemorou a decisão como uma vitória não só dos muçulmanos, mas “da democracia e da liberdade de crença e de expressão garantida a todas as pessoas”.

Uma curiosidade. Em 2009, o senhor Hammadeh foi descrito pelo consulado americano em São Paulo como pregador de um islã “fortemente fundamentalista”. Quando esse documento veio à tona em 2010, Hammadeh disse à imprensa que, se há mesmo radicais islâmicos no Brasil, os americanos deveriam mostrar provas disso e deixar as autoridades brasileiras trabalharem. Agora que as autoridades brasileiras estão trabalhando, Hammadeh convoca uma entrevista para falar de “islamofobia”.

Tudo isso não quer dizer que os brasileiros presos esta semana realmente não devam ser condenados apenas após o devido processo legal. Mas que as prisões temporárias tenham sido indício de “islamofobia” é tolice. Será que nossa imprensa vai continuar repercutindo acriticamente pseudodenúncias de líderes de “comunidades” que apenas posam de moderados?

Daniel Lopes

Editor da Amálgama.

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