Algum outro candidato tem um currículo remotamente próximo ao dele?
Passamos por um momento muito atípico no Brasil, tanto do ponto de vista político e institucional como também no tocante às afirmações de nossa soberania e identidades nacionais.
No momento que escrevia este artigo, as alianças partidárias acabavam de ser consolidadas e o cenário eleitoral se encaminhara. As disputas entre as forças políticas, os seus variados projetos e facetas ideológicas, que estarão em debate no pleito mais difícil e imprevisível desde a redemocratização, já dão os contornos e esboços do que provavelmente será tendência entre os discursos dos candidatos e suas prioridades nas plataformas de plano de governo.
Escrevo tocado pela crise – econômica, politica, moral e social. São quatro anos consecutivos de crise. Temo por 2019 e olho o cardápio de candidatos. Vejo uma única alternativa, real e garantida, que nos permita fazer a dura travessia do ciclo que se inicia no ano que vem. Essa alternativa é Ciro Gomes. Aqui explicarei minhas razões.
Para compreender a angústia vivida atualmente pela nossa sociedade é preciso entender que paira sobre a vida dos brasileiros uma taxa de desemprego de 13%, o que representa praticamente 14 milhões de pessoas sadias sem trabalho (isso não levando em consideração os que estão na informalidade sendo humilhados diariamente). Mais de 62.000 pessoas são assassinadas por ano, ante a completa desmoralização e apatia da autoridade pública e diante de um sistema de segurança falido e impotente. Trata-se de um indicador animalesco, um índice pior do que o de países em guerra civil declarada.
Mas não acabou. Temos 63 milhões de compatriotas endividados, que não conseguem honrar seus compromissos financeiros. Cinco milhões de micro e pequenas empresas estão inadimplentes e mais de R$2 trilhões em dívida das grandes e médias empresas. Tudo por conta de uma estúpida política econômica que reduz investimentos e induz a diminuição de salários e empregos, sacrificando o já sofrido povo brasileiro para garantir a manutenção dos juros incivilizados e da megaconcentração bancária. Mais de 13 mil indústrias e cerca de 75 mil estabelecimentos comerciais fecharam as portas entre 2013 e 2017, sufocando qualquer possibilidade de retomada do crescimento da economia e jogando o Brasil em um dos maiores processos de desindustrialização da história do capitalismo mundial.
Isso não pode continuar.
Todo o cenário de caos acima descrito representa o dia a dia, seja você um trabalhador, desempregado, autônomo, empresário ou aposentado. São estes os indicadores que costumam render caminhos fora da democracia e da política, que nutrem uma essência de simplificações mesquinhas ancoradas no ódio, que são extremamente audíveis por uma população temerosa e explorada. Diante do medo da criminalidade e do desemprego, ficamos à mercê de soluções aparentemente simples, de frases feitas. Essas artimanhas intensificam a irracionalidade do debate político e dão continuidade ao legado da polarização.
Tendo em vista essas primeiras considerações tecidas e o anseio que tenho para romper com a superficialidade de discursos vazios que se utilizam de soluções aparentemente fáceis para resolver questões altamente complexas decidi apoiar, trabalhar, votar, militar e acreditar no candidato à presidência, Ciro Gomes.
Nossos problemas têm raízes profundas, como são os casos da criminalidade, da crise econômica e da desigualdade social, mas também do desenvolvimento industrial, da corrupção e tantos outros. Também se constata que a hegemonia política que depois da redemocratização se perdurou e, após consolidar algumas conquistas através de políticas de Estado, sucumbiu e instaurou no país desgraças, escândalos, malversação de recursos públicos, desunião nacional e o caos institucional. Tudo isso me deixa descrente que a solução possa vir dos mesmos projetos de sempre.
Me pergunto sinceramente: como mudar escolhendo os mesmos de sempre?
Tenho certeza que, por sua experiência, Ciro Gomes terá a capacidade de liderar uma retomada urgente. Ele já foi deputado estadual, deputado federal, prefeito de uma capital (Fortaleza), governador (do Ceará), ministro da Fazenda em um período igualmente complexo da economia nacional (em 1994, o ano do Plano Real), ministro da Integração Nacional no primeiro mandato de Lula e por fim foi executivo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Algum outro candidato tem um currículo remotamente próximo ao dele?
Sua diferenciada inteligência e sofisticada capacidade discursiva e de síntese, associadas a decisão de propor e liderar um Projeto Nacional de Desenvolvimento, fazem de Ciro o candidato presidencial capaz de mitigar a banalização dos discursos jejunos, grosseiros e irracionais, romper com a polarização estabelecida há mais de 24 anos (vinte e quatro anos!) e despertar a consciência cívica dos cidadãos para lutarem pela defesa dos interesses nacionais e dos seus direitos históricos. É preciso reanimar a moral do poder político e a sua legitimidade através da retidão, do exemplo, da hombridade e da luta incansável pelo amadurecimento das instituições.
Todas essas primeiras ações são base para a reconstrução do nosso país e para reconquistarmos o apoio popular com a intenção de seguirmos em busca da retomada do crescimento econômico e das perspectivas e sonhos do nosso povo.
Para solucionarmos todos os problemas descritos acima é preciso colocar ordem na casa, restaurar a autoridade da política, dissipar a anarquia institucional e recelebrar uma unidade em torno de um projeto emancipador, soberano e que barre os vícios ideológicos do liberalismo entreguista e vira-lata.
Ao meu ver, somente Ciro Gomes consegue vislumbrar esses desafios e ir no centro real das mazelas brasileiras.
Ele é o único candidato que compreende o momento histórico que a humanidade transpassa e sabe que a defesa do Estado Nacional é cada vez mais a única saída para a afirmação da identidade cultural e da consumação de um desenvolvimento pleno, igualitário e sustentável. Não é a toa que ele está no PDT, partido que resgata o trabalhismo histórico que se configurou em Getúlio Vargas e sua luta pela industrialização do Brasil, pela superação do colonialismo e escravismo e na batalha pela introdução dos direitos dos trabalhadores e do estado de bem estar social.
No Brasil da segunda década do século XXI, quem materializa o espírito getulista e dá vida à “Carta Testamento” é justamente Ciro Gomes, com algumas ações as quais transcrevo: teve ímpeto necessário para não transigir ao fisiologismo e não estar disposto a recuar em nenhuma das suas propostas, soberanas e nacionais, de plano de governo, quando a aliança com um grande bloco político, que poderia oferecer diversos benefícios eleitorais, exigia. Ele também defendeu a Embraer, as empresas e os empregos nacionais do aliciamento das grandes corporações internacionais; bateu de frente com o sistema financeiro altamente concentrado e blindado por poderosos que sugam as riquezas de quem trabalha e produz para remunerar a especulação e o rentismo; prometeu enfrentar com ardor, veemência e inteligência o crime organizado, que assola nosso povo, sequestra nossos jovens e tira a paz dos cidadãos de todas as regiões do país; garantiu que retomará todos os poços de petróleo vendidos a preços irrisórios para multinacionais e estatais estrangeiras; prometeu revogar a selvagem reforma trabalhista que na prática tentou extinguir a CLT e por fim ao legado de Getúlio Vargas e dentre outros tantos firmes posicionamentos.
Enfim, Ciro deseja reunir a nossa sociedade em um projeto de desenvolvimento e de construção de uma verdadeira nação, em que as afirmações das identidades nacionais sejam a locomotiva do anseio popular para alcançarmos o progresso e superarmos as tragédias sociais.
Estamos diante de um precipício. Ciro é o caminho seguro, que nos coloca no rumo. A alternativa é uma queda terrível, sendo nada improvável mostrar que aquilo que parecia ser o fundo do poço pode ser a porta de entrada para o abismo.
Gabriel Cassiano
Estudante de Economia na PUC-SP. Candidato a deputado estadual pelo Partido Democrático Trabalhista de SP.