Che – A Guerrilha

Cinema

Che – A Guerrilha

por Amálgama (18/09/2009)

por Jean Garnier – Depois de se juntar a Fidel e Raul Castro e derrubar o presidente cubano, Fulgencio Batista, Ernesto Guevara de la Serna retorna de uma frustrada tentativa de fazer o mesmo no Congo. O ex-médico argentino parte então para a Bolívia, querendo levar o espírito da revolução cubana para a América do […]

por Jean Garnier – Depois de se juntar a Fidel e Raul Castro e derrubar o presidente cubano, Fulgencio Batista, Ernesto Guevara de la Serna retorna de uma frustrada tentativa de fazer o mesmo no Congo. O ex-médico argentino parte então para a Bolívia, querendo levar o espírito da revolução cubana para a América do Sul, uma terra arrasada por períodos de ditadura. Esse é o pano de fundo de Che – A Guerrilha (estreia hoje), sequência de O Argentino.

O ator porto-riquenho Benício Del Toro (um dos produtores do longa) encarna novamente Che, que em 1964 fez discurso nas Nações Unidas, no qual afirmou o compromisso de lutar contra o imperialismo norte-americano. Através de uma carta, lida por Fidel, se despediu de Cuba, abrindo mão dos cargos administrativos que tinha na ilha, juntamente com seus luxos e vantagens, deixando claro que outros países precisavam de sua ajuda. Clandestinamente, chega à Bolívia, com passaporte falso e o nome de Ramon, recruta guerrilheiros e começa a tramar um plano para a derrubada do governo corrupto local, e o que começa aí o relato do que aconteceu nos 341 dias de uma campanha frustrada.

Se no primeiro filme tudo se arrasta para a vitória, nesse acontece exatamente o oposto e tudo funciona (parece ser proposital, um complô. Sugestão: tudo volta-se, ou vira-se) contra ele. A dificuldade se dá por vários motivos, como o desconhecimento do terreno, a recusa de apoio do partido comunista boliviano e a desconfiança dos camponeses da região – ninguém do grupo de Che falava a língua indígena local. A imagem que se tem de Che no final é a de um homem cansado, doente (malária) e sofrendo com a asma. O resto é a história: ele é capturado em 8 de outubro de 1967 e executado no dia seguinte. A atuação de Benício é surpreendente, devido à sua força. Há participações em pequenas pontas de Matt Damon, Lou Diamond Phillips (o Ritchie Valenz de La Bamba), Catalina Sandino Moreno (Maria Cheia de Graça) e Rodrigo Santoro (rápida aparição como Raul Castro). O restante do elenco é praticamente desconhecido.

Não há como negar que Che é uma das grandes figuras do século passado, até a revista Time o elegeu como uma das 100 maiores personalidades mundiais. A maioria das pessoas o idolatra como um ícone da liberdade, e há uma minoria que acredita que ele não passou de um louco assassino. O diretor Steven Soderbergh preferiu não comprar a polêmica, e apenas segue com clareza um roteiro baseado nos diários do próprio guerrilheiro, mostrando que o seu não é um filme de guerra, apenas a história de um homem determinado em busca de seus ideais.

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