Conto de carochinha no Wall Street Journal

Matéria do jornal americano sobre o "visionário" Fernando Haddad é cheia de desinformações e omissões.

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Para deleite de muitos, foi publicada reportagem no Wall Street Journal na qual se afirma que, fosse São Paulo Berlim, São Francisco ou outra “metrópole voltada para o futuro”, Fernando Haddad seria considerado um “visionário urbano”.

É compreensível: aqui faltam notícias boas e elogios a Haddad. Não em razão de uma suposta “mídia local hostil e conservadora”, como ele alega. Mas porque Haddad seja, talvez, o pior prefeito que São Paulo já teve. E olha que a concorrência é forte.

De todo modo, não deixa de ser engraçado ver mídias, sites e jornalistas da extrema-esquerda subvencionada com o dinheiro dos seus impostos dando audiência ao maior jornal dos EUA, de viés predominantemente conservador e cujo dono é ninguém menos que o magnata das comunicações, Rupert Murdoch.

Dez entre dez veículos da grande imprensa nacional, por sua vez, atribuem a opinião particular de dois jornalistas/repórteres à do próprio WSJ, como se o editorial do jornal tivesse alcunhado Haddad de visionário. Seria o mesmo que atribuir à própria Folha de SP as opiniões de Reinaldo Azevedo ou Gregório Duvivier.

O viés da reportagem – quem leu, percebeu – é muito mais opinativo do que informativo. Até um leigo como eu sabe que, quando se trata de isenção jornalística, deve-se subtrair os adjetivos das redações. Afora a repercussão da reportagem no Brasil, em alguns aspectos ela peca no conteúdo. Ao contrário do que se afirma, Haddad não é economista. Ele estudou direito na USP e obteve mestrado da faculdade de economia da USP cinco anos depois de graduado, em 1990.

Convinha ao jornalista mencionar que a tese de mestrado de Haddad, denominada “O caráter sócio-econômico do sistema soviético”, entre outras bobagens esquerdistas exalta e elogia o sistema econômico do comunismo. Isso enquanto a URSS já estava em franco esfacelamento. No ano seguinte à obtenção do título de mestre, a URSS ruiria por completo. Grande “visionário”…

Haddad ainda disse ver as bicicletas como “instrumento de transformação” e do seu desejo de “humanizar” São Paulo. Surpreende-me que um dos repórteres do WSJ não lhe tenha perguntado que raios significa esse discurso vago, demagogo e desprovido de qualquer significado. Os autores também poderiam ter indagado ao prefeito se ele vetará ou sancionará a proibição do Uber, aprovada na câmara municipal. Não sei quanto a vocês, mas o mínimo que eu espero de um visionário – aquele que antevê o futuro – é a adesão às novas ideias e tecnologias.

Os custos de implantação das ciclovias/ciclofaixas também estão desatualizados. A reportagem fala em R$ 80 milhões para implantar 400 km. R$ 200 por metro. Esse número corresponde à previsão inicial da prefeitura. Em inúmeros casos os custos foram consideravelmente maiores, tendo o Tribunal de Contas do Município apontado sobrepreço em várias obras. Sorocaba, por exemplo, gasta em média R$ 120 por metro. É difícil encontrar no Brasil ou no mundo ciclovias/ciclofaixas tão caras quanto às paulistanas.

Para completar, a reportagem faz uso de uma foto (acima) mostrando uma ciclofaixa e uma ciclovia, digamos, arrumadas e bonitas. Ela certamente desconhece (ou prefere esconder) a nossa realidade: há ciclovias/ciclofaixas sem sinalização, pintura, pavimentação e segurança adequadas espalhadas por toda a cidade.

Os repórteres também reclamam da ausência de áreas verdes em São Paulo. Como lembrou um colega, SP possui mais de 100 parques e tem média de área verde superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde – embora essas áreas estejam distribuídas de forma desproporcional pela cidade.

Talvez a foto de um dos autores da matéria, Rogerio Jelmayer, nos dê pistas e sugestões sobre o porquê de se redigir um texto tão tendencioso:

Rogerio Jelmayer (foto pública do Facebook do autor)

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  • bleano

    “Mas porque Haddad seja, talvez, o pior prefeito que São Paulo já teve.” não achava isso, mas passei a concordar com você diante de tantos argumentos. A foto do autor do lado de um retrato do Che então abriu meus olhos pra essa conspiração comunista.

  • jp camargo

    Só queria dizer que eu tenho foto do autor desse texto “ao lado” do che guevara também :p
    (não que isso me faça discordar do texto)