por Cairbar Garcia * – Agora que tudo acabou mal, em mais um caso de mocinha, bandido e polícia, não podemos deixar de negar que o grande vilão do caso Eloá não foi sua criação familiar, seu namorado e tampouco a polícia. Se culpas há de todas as partes (e isso é evidente), o desfecho […]
por Cairbar Garcia * – Agora que tudo acabou mal, em mais um caso de mocinha, bandido e polícia, não podemos deixar de negar que o grande vilão do caso Eloá não foi sua criação familiar, seu namorado e tampouco a polícia. Se culpas há de todas as partes (e isso é evidente), o desfecho não teria sido trágico se não fosse a ganância circense de uma imprensa apodrecida pelos costumes de uma sociedade pouco civilizada que se excitou ao extremo com o desenrolar dos acontecimentos.
E é esta mesma imprensa que manipula assuntos de relevância social e política, que inverte resultados de eleições e demoniza ou endeusa quem lhe convêm, conforme sua necessidade ante o inescrupuloso poder que lhe é atribuído pelos dominadores elitistas.
Tivessem os urubus midiáticos um mínimo de bom senso, sem quererem trabalhar como “negociadores”, em troca de uma audiência desqualificada e sadomasoquista, as coisas teriam seguido um caminho menos traumático. Provavelmente não teríamos uma adolescente de quinze anos morta, uma outra ferida (e poderia ter sido gravemente) e um jovem arrebentado pela truculência policial que ainda insiste em fazer justiça com as próprias mãos, utilizando-se de métodos de tortura, conforme aprenderam com os norte-americanos, que os repassaram para nossa recente ditadura militar.
É evidente que o mundo inteiro, principalmente o dito ocidente rico e civilizado, também tem sua imprensa sensacionalista e cretina. Basta ver o El País e o Corriere della Sera, entre outros da Europa.
Agora é tarde para chorar, mas ainda é tempo de a imprensa cumprir sua função de informar sempre, sem escândalos exagerados e sem querer ser dona da verdade, pois isso é o que ela nunca é, salvo raríssimas e pouco conhecidas exceções.
* Cairbar Garcia foi colaborador do Diário da Região e da Rádio Anchieta, ambos de São José do Rio Preto-SP, onde mora ainda hoje. A rádio acabou fechada pela ditadura militar. Trabalhou na Secretaria da Educação paulista, da qual foi obrigado a aposentar-se precocemente sob pretexto, por parte da chefia, de “incapacidade mental”.
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