Comportamento

Essa crueldade não dá pra encarar

por Amálgama (13/10/2008)

por Tais Luso – Esta crônica surgiu num dia em que eu estava pintando e escutando rádio. Depois de algum tempo, colocaram no ar uma reportagem sobre a crueldade com que os animais são tratados pelo homem, que visa obter lucro com a sua carne, sua pele ou suas plumas; nem tudo é em prol […]

por Tais Luso – Esta crônica surgiu num dia em que eu estava pintando e escutando rádio. Depois de algum tempo, colocaram no ar uma reportagem sobre a crueldade com que os animais são tratados pelo homem, que visa obter lucro com a sua carne, sua pele ou suas plumas; nem tudo é em prol da necessidade. O que me revolta é a capacidade que o ser humano tem de ser cruel com os desprotegidos, seja os da própria raça ou de outras.

Todos nós já comemos ou ouvimos falar do patê de fígado de ganso (foie gras). Lindo nome! Parece coisa de estilista francês, mas não é: é coisa de “louco”. Pois bem: o ganso e o pato são a matéria prima que fornecem o tal do patê. E um fígado por ganso é pouco. Não dá lucro. Então, de uma maneira… (sei lá como eu chamaria isso), os chamados “humanos” entopem os animais de comida: introduzem um funil em suas bocas e através dele vão despejando comida em excesso – de 3 em 3 horas – para que o fígado do animal cresça de seis a doze vezes de tamanho, o que lhes causa uma doença chamada lipidose hepática. Essa comida é quase que pura gordura. Quanto maior o fígado, mais foie gras. O sofrimento é tanto que os animais param de caminhar. Ficam confinados em espaços reduzidos para não se mexerem, o que garante mais gordura no fígado para a elaboração do patê.

Nesse empurra-empurra dos alimentos acontecem duas coisas: a comida não tendo para onde se expandir acaba indo para os pulmões ou rompendo o estômago. Isso é feito somente com os animais machos, pois as fêmeas não agüentam o “tirão”. Os machos agüentam mais ou menos 17 dias e morrem.

Solicitem no site de busca, “patê de fígado de ganso”. Só temos a dimensão do sofrimento vendo as fotos (exemplo, leve, acima). Estou ciente de que sou uma voz perdida, mas torço pela conscientização dessa gente. Que tenham compaixão.

Muitos desconhecem que este patê tem gordura saturada, o que aumenta muito o nosso colesterol. Mas deixo isso para os sites de saúde que estão capacitados para falarem do assunto.

Este foie gras já foi banido da Alemanha, Dinamarca, Noruega e Polônia. Os Estados Unidos já estão pensando em proibir, se já não proibiram. Não sei onde ficam esses locais de tortura, mas sei como é feito o tal patê.

Mais uma historinha:

Comprei, infelizmente, duas vezes a carne de novilho – o tal do “baby beef” (vitela) é a carne do bezerro. Para a carne ficar macia, especial, o bezerrinho é alimentado apenas com leite, mas não mama na mãe. É separado assim que nasce. Passado algum tempo, o bichinho fica tão fraco – por escassez de nutrientes – que não consegue manter-se em pé. E assim vai ficando até o abate. Esse sofrimento dura três meses, quando já estão “prontos” para o abate. São então levados para um local onde são cruelmente mortos.

E para encerrar…

Os lindos casacos de pele de foca, que desfilam pra lá e pra cá com suas elegantes donas, são dos bichinhos do Canadá, na sua grande parte. Primeiro Mundo! Os bichinhos são mortos a pauladas para que sua pele não seja danificada. Se fosse aqui diriam que “é coisa de tupiniquim…” Sei que o homem é igual em qualquer lugar, mas quando dá para se vangloriarem que são de “primeiro mundo”, não perdem tempo… Dá pra encarar isso?

Certas pessoas ainda não se deram conta que para terem o supérfluo, os animais sofrem horrores. O que me resta dizer depois disso? Quase nada: apenas que para a desgraça dos animais a natureza dotou, esses homens vis, com coração de rocha e banhado por alguma substância cáustica. E eu os vejo como uma excrescência da natureza humana.

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