Se o partido não se descolar de Trump, os democratas também chegarão ao controle do congresso.
Jonathan V. Last, The Weekly Standard
trad. Daniel Lopes
Em um importante sentido Donald Trump “ganhou” o debate de domingo: ele não implodiu. Ele não foi “bom”, ou atraente, ou bem informado. Foi grosseiro, chorão e desagradável. Mentiu constantemente. E foi o primeiro candidato a presidente na história de nossa República a prometer que, se eleito, tentará fazer com que seu oponente sofra perseguição criminal. Na verdade, ele foi um pouco mais longe que isso, dizendo a Clinton que, se ele fosse presidente, “você estaria na cadeia”. O que, a propósito, deveria lhe aterrorizar e ser desqualificador por si só.
Mas Trump não teve um surto psicótico no palco. E chegando a esse nível já pode ser o bastante para evitar que Mike Pence, Paul Ryan e Reince Priebus repudiem publicamente sua candidatura na semana que entra.
E isso, senhoras e senhores, é o que passa por uma vitória de Trump nestes dias.
Estamos em um ponto da história em que dezenas de deputados, senadores e governadores republicanos não apenas juraram publicamente não votar no indicado republicano, mas o convidaram a abandonar a indicação. Quatro semanas antes do dia da eleição, um em quatro eleitores republicanos quer que seu indicado abandone a disputa. (E é quase certo que esse número vai crescer na próxima semana.)
Isso não tem precedentes. E é catastrófico. Antes da gravação do “agarre-as pela vagina”, Trump já estava cinco pontos com apenas quatro semanas para recuperar. Estava atrás na Flórida. O mesmo na Carolina do Norte. Seu déficit na Pensilvânia era de quase dois dígitos.
Então a pergunta antes do debate de St. Louis não era “Trump pode virar a disputa?”. Ele não pode. A pergunta era: “Trump pode se sair bem o bastante para evitar ser excluído antes do dia da eleição?”.
Os três homens com poder para forçar a mão de Trump são Pence, Ryan e Priebus. E, se é verdade que nenhum deles é tolo o bastante para achar que Trump tem chance de ser presidente, pode ser que depois de hoje eles achem arriscado demais apertar o botão de autodestruição da campanha presidencial do partido; que é melhor tentar sair vivo da tempestade.
Não houve um verdadeiro “vencedor” no debate. Clinton foi terrível. Trump foi pouca coisa pior. Mas o maior perdedor foi o Partido Republicano. Porque o pior cenário para o 9 de novembro não é que Hillary vença – novamente, isso são favas contadas. O pior cenário é que, se o partido não se descolar de Trump, os democratas também chegarão ao controle do Senado. E levarão a Câmara.
Além disso, enquanto tenta se reconstruir dos escombros, o GOP permanecerá enterrado no vergonhoso legado trumpeano.
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