Um eventual governo Hillary teria a possibilidade de mudar de forma radical a composição da Suprema Corte.
Felizmente Donald Trump não será eleito. O candidato republicano não apresenta minimamente nenhuma característica desejável para o cargo de presidente da maior democracia do mundo. É inconsequente, é despreparado e age insistentemente como se estivesse participando em um de seus realities. Em outras palavras: Donald Trump está longe de ser um conservador. Ao contrário, um hipotético governo Trump seria uma aceleração do estatismo que tomou velocidade e corpo já no governo George Bush. Donald Trump sempre foi um prolífico financiador do Partido Democrata, inclusive em algumas ocasiões afirmou que Hillary Clinton seria uma ótima presidente.
Porém, Trump nem de longe configura o maior risco dessa eleição. A campanha midiática de Trump, sua personalidade e seus enormes defeitos o fazem o adversário perfeito para a mais extremista candidata do Partido Democrata nos últimos 50 anos. Um eventual governo Hillary teria a possibilidade de mudar de forma radical a composição da Suprema Corte, que, com a morte de Antonin Scalia, perdeu sua grande voz conservadora. Por esse motivo, será importante para os republicanos manterem o comando do Senado.
Mas o perigo da eleição de Hillary não termina na Suprema Corte.
As investigações que estão ocorrendo em relação à manutenção de um sistema de comunicação eletrônica apartada do oficial, que Hillary criou, demonstram uma inacreditável sucessão de acobertamentos que não imaginaríamos acontecendo em um país com o sólido sistema judicial como o dos EUA.
Mesmo com todas as evidências, provas e testemunhos, o FBI, por orientação do Departamento de Justiça, não irá processar Hillary pelos crimes cometidos. Porém, estranhamente, o Departamento de Justiça tem distribuído acordos de imunidade a uma enorme quantidade de funcionários de Hillary Clinton.
Que fique bem claro, o que Hillary Clinton fez é crime. A justificativa do FBI e do Departamento de Justiça americano em não processá-la é de que ela não teve “intenção de prejudicar os EUA”. Há casos em empresas em que um funcionário que envia informações para sua conta de email particular é demitido sumariamente. Imagina casos onde informações vão desde estratégias de política internacional até nomes de agentes e informantes cujas vidas próprias e de suas famílias dependem de segredo de Estado.
Acreditar que alguém que sempre esteve dentro da política, que ocupou cargos de Primeira Dama, Senadora e Secretária de Estado não entendesse que manter um servidor de email particular era contra as regras é de uma falácia enorme.
Como afirma Ben Shapiro:
Resumindo: esta é, obviamente, uma atividade criminosa. A decisão do FBI não recomendar acusação foi uma fraude total; eles se esconderam atrás da folha de figueira de que ela não “pretendia” quebrar a lei, o que não era exigido pela própria lei. Mesmo assim, não há nenhuma maneira de que qualquer outro ser humano tivesse sido tratado com tanta deferência em relação à questão da intenção. Ou Hillary Clinton foi a mulher mais incompetente no comando de um grande departamento governamental, ou ela é uma criminosa. Não há meio termo aqui. E nós temos sido informados de que ela é a mulher mais competente na história humana.
A questão do servidor de email, que tem sido tratado de forma tão leniente pela imprensa brasileira, com raríssimas exceções, é apenas um dos casos dentre vários que indicam o quanto Hillary Clinton será a presidente mais corrupta da história americana.
A Fundação Clinton é outro caso. Já não é novidade para nós brasileiros que políticos utilizam o mecanismo de suas fundações para enriquecimento próprio. As notícias referentes ao Instituto Lula já desnudaram o modus operandi e a forma em que o dinheiro flui para essas fundações pelos mesmos motivos: vantagens políticas. O velho e conhecido tráfico de influência. Em abril de 2015 uma reportagem do New York Post mostrou que a Fundação Clinton funciona apenas como um fundo financeiro para o clã Clinton.
A lista de situações com potencial criminoso envolvendo Hillary Clinton é longo. No entanto, algo em especial chama a atenção: o total descaso com que a imprensa tem tratado do assunto. E é aí que reside o perigo dessa eleição.
Hillary será eleita a despeito de crimes de grande gravidade. Crimes esses que superam, e muito, qualquer coisa que Trump tenha dito ou feito até agora. No entanto, eleições são sim, na maioria de seus casos, concursos de popularidade, e Trump tem feito de tudo para perder esse concurso. E no final das contas teremos uma candidata eleita a despeito de seus crimes óbvios e de sua incompetência demonstrada diversas vezes.
Apenas a manutenção da maioria republicana no Senado e na Câmara poderá impedir o governo americano de virar uma total cleptocracia nas mãos de Hillary. É nesse esforço que o Partido Republicano deveria focar suas ações, e não em tentar salvar uma candidatura que não possui qualquer valor correspondente aos valores conservadores e republicanos.
Pablo Vilarnovo
Trabalha como analista na indústria de seguros.