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Ordem dos Templários de São Mimimi

por Horacio Neiva (29/10/2017)

Se você está disposto a calar seus adversários, já admitiu que o procedimento de silenciamento é adequado.

Judith Butler vem ao Brasil e os valorosos soldados da Guerra Cultural querem impedi-la de falar. Bravos, corajosos, defensores da civilização ocidental – civilização que não resistiria a uma palestra de duas horas no SESC.

Admiro esses bravos soldados. Não pela coragem, mas pelo esforço tremendo que fazem para sentir-se íntegros e coerentes.

Porque, afinal, esses são os mesmos soldados que rasgam as vestes e denunciam aos quatro cantos do mundo quando é o Olavo de Carvalho (ou o filme sobre ele) que não tem espaço em locais e eventos públicos.

São os mesmos soldados que denunciam a “intolerância dos intolerantes” quando figurinhas da direita americana, como Ben Shapiro e Milo, são impedidos de falar em universidades de elite.

São soldados que acham que a única forma de vencer uma dita “Guerra Cultural” é proteger a humanidade dos discursos que não concordam.

Mas aqui está o problema: se você está disposto a calar seus adversários, já admitiu que o procedimento de silenciamento é adequado. A dúvida agora é sobre quem silenciar – e, sim, podem ser os conservadores os próximos alvos.

Que ditos “liberais” tenham se juntado ao coro reacionário para calar Judith Butler é só um sinal do baixo nível político do Brasil. E também um sinal de um defeito intelectual – para não dizer moral – em parcela importante do “liberalismo” brasileiro.

Mas e a Guerra Cultural? Não é importante? Claro que é: é importante para que pessoas de preparo intelectual questionável se sintam famosas e prestigiadas ao pregarem para pessoas ainda menos preparadas do que elas.

Então já sabem, não é? Vocês podem até calar a Judith Butler. Mas não vão ficar chorando no quarto quando Olavo ou Bolsonaro forem os próximos.

Horacio Neiva

Mestre em Teoria do Direito pela USP.

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