Do Twitter aos botecos com wi-fi

por Otávio Dias – Mídias sociais podem ser definidas das mais diversas formas. De acordo com a agência Riot, “são espaços de interação entre usuários”. Já para o Mídia Social, a interação entre usuários deve acontecer por meios eletrônicos; essa definição é compartilhada pela Wikipedia (em inglês), que é ainda mais específica e afirma que a interação deve ocorrer através da internet. O About.com desmembra o termo dizendo que mídias sociais são um instrumento social de comunicação que pode, sim, envolver o uso de internet; a Wikipedia-pt oferece ainda uma outra definição, mais abrangente, porque não envolve a internet e nem ao menos o uso da eletrônica: “Trata-se da produção de conteúdos de forma descentralizada e sem o controle editorial de grande grupos. Significa a produção de muitos para muitos.”

Interessante. Interessante e um bom exercício de imaginação pensar em períodos anteriores à internet – e no que significaria a ideia de mídias sociais nesses tempos. Sempre que pensamos em tecnologia imaginamos raios laser, traquitanas eletrônicas e canivetes orientais com funções como tocador de LP, lanterna, cortador de unha e telefonia celular; às vezes simplesmente fazemos questão de ignorar a alavanca, a polia, a roda e o papel, como se estes não fossem exemplos clássicos de tecnologia usada há milênios.

Um excelente exemplo de mídias sociais sem o suporte eletrônico é narrado no livro A invenção do ar, de Steven Johnson; reuniões que mais se assemelham aos NOBs que a congressos e encontros científicos, onde pensadores com inclinações e interesses diferentes se reuniam, tomavam álcool, fumavam e bebericavam café enquanto discutiam abertamente, por horas. Era um prenúncio para a Idade da Razão: pessoas muito capazes e inteligentes, pensando, argumentando e transformando em ideias coletivas conceitos desenvolvidos por indivíduos. Possibilidades da internet numa cafeteria, perto de você (e, pra quem ficava longe: cartas, cartas e mais cartas, cheias das últimas notícias, pensamentos do dia, discussões correntes – sem correntes, pelamor!). A internet, inclusive, nasceu da nescessidade de aumentar a velocidade na troca de informações, num laboratório de física; conversas muito mais específicas, mas que acabavam – e as conversas entre físicos sempre acabam assim – numa cafeteria, noite adentro.

Orkut, Facebook, Youtube, Vimeo, Twitter, fóruns, e-mails, blogs: são algumas das muitas ferramentas de mídias sociais existentes. Este espaço mesmo, reúne uma amálgama de autores que geram discussões, quer seja aqui dentro ou noutro canto qualquer. Liberdade é sugestão das mídias sociais, quase uma palavra de ordem; todo mundo pode falar sobre tudo (inclusive eu). Classificamos, opinamos, criamos listas e mais listas.

Todo mundo pode opinar e ninguém precisa concordar. Criações, moralismos, todo mundo é refém de si mesmo. Comecei este texto por uma lista de definições. Vivemos de listas, elas são fundamentais e, maravilha das maravilhas, mudam com o tempo. Umberto Eco andou a dizer isso, em entrevista à Der Spiegel, e disse mais: “O Google é uma tragédia para os jovens”; logicamente, as mídias sociais também o são. Este texto começou com definições extraídas de espaços cibernéticos diferentes. Nenhuma delas está errada. A escolha depende de contextualização, tanto de quem escolhe quanto das definições. Por isso que eu leio montes, via internet; e daqui sempre caio nos livros, pra então sentar com meus amigos em torno de um pingado e ouvir, falar, ouvir. Um boteco com wi-fi é a melhor das mídias sociais que se poderia imaginar.



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  • http://sandrobatista.blogspot.com Sandro Alex Batista

    As redes sociais são uma realidade que vem crescendo entre os jovens, no entanto algumas pessoas a utilizam como um meio para difamar os amigos, postando vídeos e imagens que geram constragimento. Claro que eu defendo o uso destas redes, mas com certas ressalvas, enfim a função delas é criar um networking e fazer amigos.

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  • Qwertps

    Creio que quando invetaram a comunicação eletronica, tinha o propósito de manter contato com pessoas que já se conhecia, e que era apenas uma ferramenta, não que viesse a se tornar o principal meio de se conhecer alguem, e que o respeito era a prioridade, mas como sempre as pessoas deturpam o uso das coisas e no caso da internet, nossa fabulosa rede, muitos nem sequer foram educados para usar ela, é uma pena , mas acredito que ela se revolucionará como sempre faz e, poderemos enfim ter uma rede agradável.

  • http://fastosenefastos.blogspot.com Lelê Teles

    Até os seres menos sociáveis que conheço usam redes socicais. Ali se socializam, por assim dizer. Eu sou do tempo em que ainda existiam comunidades, eu sentava com os amigos numa praça, fumava um cigarrim do capeta, tomava um vinho barato e sorria muito e de tudo. E nós, cada um, aprendia um pouco um com o outro.
    A praça virou shopping, os amigos virtuosos viraram virtuais e as nossas comunidades só existem em redes sociais.

  • http://caducando.wordpress.com Otávio

    Todo mundo sentindo falta do mundo real e de um pouco de respeito. Não sem razão.

    As boas conversas com meus melhores amigos são feitas pessoalmente ou por carta, quase nunca através de messengers, nem com webcam, nada. Uma garrafa, mãos sujas de gordura, tempo e muita risada, in loco. Aaaaah!

  • Ana

    eu gosto de usar o http://www.meadd.com .. pra mim é o melhor site de fotolog.
    e o twitter.. o resto é lixo! principalmente o orkut que só tem pornografia e fakes..

  • Pingback: Andira Medeiros()

  • Bosco

    Quando saia da faculdade, me sentava num boteco com meus colegas para jogar conversa fora, aprendí muitas coisas, uma delas, a de não encher o copo para não beber cerveja quente. Agora tenho muitos amigos que só conheço através da rede. Estou formando uma turma “ao vivo” para conversarmos sobre determinados temas que nos cahma atenção na rede. Vale a pena conversar ao vivo vendo o sorriso das pessoas e sentindo o calor delas. Confesso que na net aprendí a gostar e respeitar determinadas pessoas que nem sei como é o rosto delas. Espero um dia conhecer pessoalmente as que forem possivel conhecer. Sinto essa necessidade.

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