Ciência

O poder da oração

por Carlos Orsi (07/11/2011)

A eficácia da reza é tida como certa por leigos e clérigos de praticamente todos os sistemas religiosos

Em 1877, a economia dos Estados Unidos se viu diante de um risco muito concreto de colapso, causado não por banqueiros – mudam os séculos, mudam as ameaças – mas por gafanhotos. Em Minnesota – até os dias de hoje um dos principais centros de produção de cereais do país –, entomologistas haviam detectado a presença de ovos de grilos e gafanhotos em 129.500 dos 207.100 quilômetros quadrados do Estado. O perigo de uma praga estadual que acabasse sendo devastadora para a produção de alimentos – e para os cofres – da nação era real e imediato.

Cada fêmea de gafanhoto põe cerca de 20 casulos de ovos nos campos durante o outono. Cada casulo contém cerca de 150 filhotes de gafanhoto. Com milhões de ovos cobrindo mais de 60% do Estado, uma primavera quente, oferecendo condições adequadas para o desenvolvimento dos insetos, faria com que trilhões de gafanhotos famintos surgissem dos ovos, prontos para devorar toda a vida vegetal de Minnesota e, com ela, boa parte da safra nacional de grãos.

A praga de gafanhotos era um desastre esperando para acontecer. Uma catástrofe anunciada diante da qual fazendeiros e autoridades do Estado se viam impotentes, como se fossem passageiros de um trem desgovernado. Para piorar as coisas, o início de abril – mês em que começa a primavera do hemisfério norte – chegou quente e ameno.

A pedido dos agricultores desesperados, o governador John Pillsbury declarou que 26 de abril seria um dia estadual de jejum e oração. A medida causou polêmica e foi denunciada por intelectuais como um “descrédito para a inteligência” do povo do Estado. Os religiosos, por sua vez, agarraram-se à oportunidade, realizando missas, vigílias e cultos. O dia 26 de abril foi quente e ensolarado. Mas, à meia-noite de 26 para 27, o tempo fechou e uma chuva gelada começou a cair sobre a maior parte de Minnesota. Essa chuva logo se transformou em neve. Durante todo o dia 27, e também no dia 28, a tempestade continuou a cair, alternando chuva, neve e granizo. Ao fim da tormenta, os fazendeiros descobriram que os gafanhotos tinham sido abatidos pelo frio no momento em que saíam dos ovos. Os poucos insetos sobreviventes simplesmente foram embora, sem atacar a lavoura. Uma capela foi construída para celebrar a ocasião.

Impressionante como é, o fato histórico, pouco conhecido fora dos Estados Unidos, representa o tipo de relato a que cientistas se referem como “anedótico”. Nesse contexto, a palavra não faz referência a eventos engraçados, picantes ou jocosos, mas remete à raiz grega, anékdotos, “coisa não publicada”: o registro de uma experiência individual, um dado isolado que pode até ser interessante em si mesmo, mas que, por falta de contextualização adequada e de tratamento estatístico, não serve como base para conclusões mais amplas.

Resumindo, o anedótico pode talvez indicar uma verdade, mas não serve para provar uma verdade. Muitas superstições têm base anedótica, como o apego a gravatas, cuecas, sapatos ou joias “da sorte”.

Para muita gente, a história real da praga de gafanhotos de Minnesota pode parecer uma prova cabal de que orações funcionam e de que preces são atendidas. Mas será mesmo? E se os moradores do Estado não tivessem orado no dia 26 de abril de 1877, ou se, em vez de rezar, tivessem sacrificado pombos a Zeus, cabras a Baal, virgens a Lúcifer? O resultado meteorológico teria sido diferente? As massas de ar teriam se comportado de outra forma? É verdade que não temos como realizar o experimento – para felicidade dos pombos, das cabras e das virgens –, mas também é verdade que a eficácia da oração é tida como certa por leigos e clérigos de praticamente todos os sistemas religiosos já criados pelo homem.

Pondo de lado o aspecto suspeito dessa unanimidade – o fato de o pagão ter tanta confiança em suas orações quanto o cristão deveria fazer algumas pessoas pararem para pensar –, temos ainda o testemunho da experiência individual: você certamente conhece uma pessoa (você talvez seja uma pessoa) que tem uma fantástica história de prece atendida para contar. Como os fazendeiros de Minnesota.

Histórias de pequenos milagres pessoais obtidos por meio da oração abundam, principalmente, nos programas religiosos da televisão. Muito menos destaque, porém, recebem – na mídia e na memória individual – as orações que não são atendidas. Mas às vezes um ou outro caso vem à tona: em 2009, o jornal O Globo noticiou que um ex-fiel da Igreja Universal do Reino de Deus estava processando a denominação porque uma prece para que ganhasse uma ação trabalhista no valor de R$ 1 milhão não foi ouvida por Jesus.

Identificar preces não atendidas é especialmente difícil porque, primeiro, as pessoas tendem a não falar sobre elas; segundo, porque num mecanismo de “encaixe retroativo”, como o descrito no capítulo anterior, resultados ambíguos ou negativos podem acabar sendo interpretados como positivos. Por exemplo, um homem reza para que uma mulher aceite casar-se com ele; ela recusa; ele depois conhece outra mulher, com quem se casa e é feliz. Essa pessoa pode considerar que sua prece foi atendida, e de uma forma ainda melhor do que esperava, já que Deus impediu que cometesse um erro e pôs a “mulher certa” em seu caminho.

Casos não ambíguos geralmente envolvem situações extremamente dramáticas – como o de pessoas que rezam para não morrer durante um desastre –, e tendem a ser bastante problemáticos para os defensores do poder da prece. Fato que já havia sido notado pelo poeta grego Diágoras de Melos, também conhecido como o Ateu, que viveu no século 5 AEC. Diz uma história que Diágoras foi levado por um amigo para ver imagens votivas deixadas por pessoas que agradeciam aos deuses por terem sobrevivido a tempestades no mar. A resposta de Diágoras: “E onde estão as imagens das pessoas que sofreram naufrágio e morreram nas ondas?”

Em seu livro É Isto um Homem?, o químico e escritor italiano Primo Levi (1919-1987) comenta a oração que ouviu em Auschwitz, quando um velho, chamado Kuhn, rezou dando graças por ter escapado da “seleção” em que os nazistas escolhiam quem iria para as câmaras de gás: “Kuhn está fora de si. Ele não vê Beppo, o grego, no catre junto a si, Beppo que tem 20 anos de idade e vai para a câmara de gás depois de amanhã e sabe disso? (…) Se fosse Deus, eu cuspiria na prece de Kuhn.”

Numa nota menos trágica, o escritor e filósofo francês Voltaire (1694-1778) apresentava um ponto semelhante: o que acontece, queria saber ele, se eu rezar por chuva e meu vizinho, por sol?

— A estatística da oração —
A primeira tentativa científica de avaliar o poder da prece foi empreendida pelo britânico Francis Galton (1822-1911) e publicada em 1872, cinco anos antes da praga de Minnesota. Galton, um parente de Charles Darwin, é pouco lembrado hoje em dia e, geralmente, quando seu nome é mencionado isso não ocorre de forma muito elogiosa. Seu papel no desenvolvimento da eugenia – a ideia de “aperfeiçoar” a raça humana por meio da manipulação e do controle da hereditariedade – não é exatamente um bom cartão de visitas, em vista do que se passou depois, no século 20.

Mas reduzir Galton a um mero instigador do racismo pseudocientífico é injusto. Ele foi também um pioneiro no uso de impressões digitais para a identificação de criminosos, da meteorologia – o primeiro mapa meteorológico publicado num jornal foi elaborado por Galton, e impresso na edição de 1° de abril de 1875 do Times de Londres – e da criação de técnicas estatísticas para análise de dados. E é o Galton estatístico que nos interessa aqui. Em seu artigo “Statistical Inquiries into the Efficacy of Prayer” (Investigações Estatísticas da Eficácia da Prece), ele oferece uma série de sugestões sobre como validar a ideia de que orações são úteis.

O plano geral, adotado até hoje em vários campos da pesquisa científica, é comparar a população de interesse com um grupo de controle – no caso, pessoas que rezam (ou que são objeto de oração) com pessoas de caráter mais secular ou que recebem menos preces. Entre as comparações sugeridas por Galton estão: naufrágios de navios de missionários versus de navios de traficantes de escravos; tempo de recuperação de doentes religiosos e de doentes ímpios; mortalidade infantil em famílias religiosas e em famílias seculares – neste caso, informa o autor, o cotejamento das mortes de bebês anunciadas no jornal Record, religioso, e no mais mundano Times não revelava nenhuma diferença numérica perceptível.

Mas a parte mais famosa do artigo de Galton é a comparação da longevidade de membros de famílias reais com a de outros grupos de pessoas ricas. Era preciso manter a comparação restrita aos ricos para controlar outras variáveis – por exemplo, o acesso ao atendimento médico de qualidade (ou o que passava por isso entre 1758 e 1843, o período sob análise). Galton também só levou em conta as mortes naturais, excluindo da estatística os casos de acidente e de violência.

Por que a famílias reais? Porque, nas monarquias em que não há separação formal entre Igreja e Estado, a população reza pela saúde do rei na maioria dos serviços religiosos. Explica Galton: “A prece pública pelo soberano de cada Estado, protestante ou católico, é e tem sido no espírito da nossa, ‘Dê-lhe saúde e vida longa’.” Essa prece, erguendo-se aos céus a partir de praticamente todas as igrejas e catedrais da Europa no século 19, funcionava? Não. A idade média em que a morte alcançava os homens de famílias reais, no período de interesse, era de 64,04 anos, de fato a menor entre todas as classes afluentes. O grupo mais longevo era o dos proprietários rurais (70,22 anos).

A abordagem de Galton atraiu – como atrai até hoje – inúmeras críticas. A maioria delas pode ser resumida na queixa de que estudos do tipo tentam “confinar Deus ao laboratório”. Mas isso não impediu, no entanto, que nos quase 140 anos desde a publicação original, novas tentativas de medir o poder da prece por meio da estatística fossem feitas. Centenas, ou possivelmente milhares, de estudos já foram realizados a respeito, boa parte deles com o patrocínio de grupos de interesse religioso, e os que revelam correlações positivas entre prece, religiosidade e saúde costumam receber ampla divulgação na mídia.

O terreno, no entanto, é pantanoso. Embora duas revisões da literatura médica realizadas em 1998 e 2000 tenham apontado uma ligação entre prática religiosa e melhores condições de saúde, uma análise mais aprofundada, feita em 2002, mostrou que a maioria dos estudos com resultados positivos continha erros estatísticos ou metodológicos que invalidavam a conclusão. Por exemplo: um estudo publicado em 1988 mostrava que freiras tinham pressão arterial menor que o grupo de controle . Mas qual o ponto mais relevante aí – intervenção divina ou fato de que as freiras que participaram do estudo viviam em clausura, afastadas do estresse do mundo moderno, há vinte anos?

Neste século, os dois estudos sobre saúde e prece que mais repercutiram foram o trabalho de Rogerio Lobo, Daniel Wirth e Kwang Cha, “Does prayer influence the success of in vitro fertilization-embryo transfer?” (“A prece influencia o sucesso da transferência de embrião na fertilização in vitro?”), sobre o efeito da oração no sucesso da inseminação artificial, publicado em 2001 no Journal of Reproductive Medicine; e o STEP – Study of the Therapeutic Effects of Intercessory Prayer (“Estudo dos efeitos terapêuticos da Prece Intercessória”), publicado em 2006, que representou a culminação dos esforços de seis diferentes centros acadêmicos, envolvendo quase 2 mil pacientes.

— Rezando pelos embriões —
O trabalho de Lobo, Wirth e Cha veio a público um mês após os atentados de 11 de setembro e, de acordo com a nota publicada no New York Times, os próprios autores mostraram-se surpresos com o resultado. Os três pesquisadores, sob a chancela da Universidade Columbia, uma das mais prestigiosas dos Estados Unidos, afirmavam que mulheres inférteis que recebiam orações tinham o dobro da chance de engravidar via inseminação artificial, na comparação com mulheres que não contavam com o benefício da prece. A pesquisa envolvera 199 mulheres que tinham procurado um hospital de Seul, na Coreia do Sul, para tentar engravidar, entre 1998 e 1999. Das mulheres, 100 foram selecionadas, de forma aleatória, para receber orações de cristãos que moravam nos Estados Unidos, Canadá e Austrália; as outras 99 foram mantidas como controle. A taxa de gravidez no grupo que recebeu oração chegou a 50%, contra 26% no de controle. Se confirmado, o resultado seria nada menos que milagroso – além de uma fonte de constrangimento para a Igreja Católica, já que Deus estaria dando sinais inequívocos de apoio a um tipo de procedimento considerado imoral por seus porta-vozes em Roma.

Mas defeitos no estudo foram apontados quase que imediatamente após sua publicação. Primeiramente foi levantada a questão ética – as mulheres coreanas não sabiam que estavam sendo usadas como cobaias – e, depois, quanto ao protocolo do trabalho: os voluntários que oravam tinham sido divididos em três grupos, cada um com um tipo de prece diferente a fazer. Em alguns casos, a oração recomendada não pedia o sucesso da fertilização, mas apenas que se fizesse a “vontade de Deus”. Como comentou, em 2004, o especialista em ginecologia e obstetrícia Bruce Flamm, “o protocolo do estudo é tão confuso e convoluto que não pode ser levado a sério”.

Questões quanto à credibilidade dos autores também não demoraram a surgir. Rogerio Lobo havia sido citado pelo New York Times como principal responsável pelo trabalho, mas quando as críticas quanto à ética do estudo surgiram, a Universidade Columbia informou que ele só havia sido informado da pesquisa mais de seis meses após sua conclusão. Posteriormente, em 2004, Lobo fez um pedido formal para que seu nome fosse retirado da lista de autores do estudo, afirmando que tinha sido incluído ali por “erro”, isso a despeito de ter dado entrevistas à mídia como o principal autor da descoberta, nos idos de 2001.

Outro autor, Daniel Wirth, não era sequer médico, mas um advogado que também possuía um título acadêmico em parapsicologia. Em novembro de 2004, Wirth foi condenado a cinco anos de prisão, depois de confessar a autoria de uma série de fraudes praticadas ao longo de duas décadas e envolvendo milhões de dólares. O terceiro autor do estudo, Kwang Cha, reconheceu que Wirth tinha sido o criador do estranho esquema de grupos de orações e preces diferenciadas, e tinha ficado encarregado de supervisionar esses grupos.

O Journal of Reproductive Medicine nunca se retratou do estudo – prática adotada por periódicos científicos quando um trabalho publicado se revela incorreto ou fruto de fraude. Mas os problemas metodológicos apontados, somados à revelação do caráter de Wirth, à remoção do nome de Lobo e à retirada do endosso da Universidade Columbia lançaram um compreensível manto de ridículo e descrença sobre as conclusões apresentadas.

— Fé no coração —
Sob praticamente todos os aspectos, o estudo STEP, publicado no American Heart Journal, em abril de 2006, foi o inverso do polêmico trabalho sobre fertilização in vitro da Coreia do Sul, descrito acima. Citado pelo New York Times como “a investigação mais rigorosamente científica sobre se preces podem curar doenças”, o trabalho envolveu pesquisadores de seis centros de estudos, avaliando 1.802 pacientes. Teve entre seus autores um padre católico, dois pastores batistas e cerca de uma dezena de médicos.

O STEP custou US$ 2,4 milhões, pagos pela Fundação John Templeton, uma organização que descreve a si mesma como “um catalisador filantrópico para descobertas relacionadas às Grandes Questões do propósito da vida humana e da realidade última”. A Fundação mantém ainda o Prêmio Templeton, concedido anualmente a pessoas que tenham “dado uma contribuição excepcional à afirmação do caráter espiritual da vida”. Esse prêmio, em valor monetário, é sempre maior que o famoso Prêmio Nobel.

No estudo, pessoas submetidas a cirurgias coronárias foram divididas, de forma aleatória, em três grupos: 604 pacientes receberam orações depois de serem informados de que poderiam ou não ser alvo de preces; 597 não receberam orações, depois de ouvirem a mesma informação; enquanto outros 601 foram avisados de que seriam alvo de oração, e receberam as preces. Os médicos e enfermeiros envolvidos no cuidado direto dos pacientes não foram informados de quem receberia ou não preces, para evitar que os profissionais se mostrassem, ainda que inconscientemente, mais (ou menos) atenciosos com membros de um ou outro grupo.

Rezaram pela recuperação sem complicações dos pacientes selecionados três equipes de religiosos, sendo duas católicas – freiras carmelitas e beneditinas – e uma protestante – do grupo Unidade Silenciosa. Foi usada uma prece padronizada. As orações tiveram início na véspera de cada cirurgia e foram repetidas diariamente durante 14 dias consecutivos. O estudo foi realizado ao longo de vários anos. O resultado final foi uma surpresa, tanto para os religiosos – que provavelmente esperavam que os pacientes alvo de oração tivessem uma recuperação melhor que os demais – quanto para os céticos, que acreditavam que os três grupos acabariam revelando o mesmo tipo de evolução pós-operatória.

O que o STEP revelou foi que, entre os pacientes que não sabiam se receberiam ou não preces, a taxa de complicações foi praticamente idêntica, embora os alvos de oração tenham se saído ligeiramente pior: 52% desses apresentaram dificuldades pós-operatórias, contra 51% no outro grupo. Já no grupo de pacientes que tinha certeza de que era alvo de oração, a taxa complicações foi significativamente maior: 59% deles sofreram dificuldades após a cirurgia.

Essa conclusão se revelou um tanto quanto embaraçosa para os religiosos envolvidos. Um dos autores, o padre Dean Marek, disse que o resultado talvez pudesse ser atribuído “às limitações do estudo”. Ao New York Times, o padre Marek afirmou que “ouvem-se toneladas de histórias sobre o poder da oração, e não duvido delas”. O sacerdote acrescentou ainda que o resultado, mesmo se válido, só se refere a orações feitas por desconhecidos dos pacientes, e não pelo próprio paciente ou por parentes e amigos.

Críticas ao caráter “reducionista” da pesquisa – “má religião e má ciência”, nas palavras de um comentarista – também não demoraram a aparecer. Seria curioso ver, no entanto, como muitos dos algozes do reducionismo científico reagiriam se os dados tivessem indicado um forte efeito positivo das preces. A interpretação mais razoável do resultado – excluindo-se, por exemplo, a hipótese de Deus ter se irritado com a enxurrada de orações e decidido castigar os pacientes – foi elaborada pelo médico cardiologista Charles Bethea, um dos coautores do estudo. O médico especulou que o fato de os pacientes saberem que seriam alvo de orações pode tê-los deixado nervosos, estressados e inseguros. Disse ainda que esses pacientes podem ter pensado: “Será que estou tão doente que precisaram chamar até a turma da reza?”

Seja como for, fica a constatação de que o melhor estudo sobre o poder da oração já realizado concluiu que preces feitas por desconhecidos – mesmo desconhecidos de profunda vocação religiosa, como freiras carmelitas – para apresentar petições à divindade são, na melhor das hipóteses, inúteis. O que ecoa, curiosamente, o levantamento feito por Francis Galton, no século 19.

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 * Este post é um capítulo inédito de O Livro dos Milagres, que está sendo lançado este mês pela editora Vieira & Lent. O objetivo da obra é facilitar o acesso do público às conclusões científicas acerca de eventos tidos como milagrosos, com explicações, contextualização, fontes e, sempre que possível, um pouco do ambiente histórico que cercou cada caso, para ajudar na compreensão. Clique aqui para comprar o livro.

Carlos Orsi

Jornalista e escritor, com mais de dez livros publicados. Mantém o blog carlosorsi.blogspot.com.