O ódio terrorista do ISIS coloca em risco a segurança dos refugiados em toda a Europa
O autoproclamado Estado Islâmico (ISIS) representa o que há de pior do mundo. Assim como o crime organizado em nossas comunidades, ele se esconde atrás de um escudo de pessoas inocentes e abandonadas, e traz a morte àqueles que diz defender. Fazem isso com a população síria, e fazem também agora com os refugiados na Europa, ao promover um atentado contra civis europeus.
A política correta para os refugiados é sempre algo difícil de se estabelecer. Diferentemente das ondas de comoção pública, que pode oscilar entre o aceita todo mundo e o morte ao Islã, ela impõe o desafio de diferenciar entre os refugiados quem é vítima e quem se aproveita da situação. Afinal, só o Ministério da Justiça Brasileiro acha que os jihadistas trazem desenvolvimento a um país.
Separar quem é terrorista e quem é vítima não é tarefa fácil. Até porque o ISIS se infiltra em meio à população de desgraçados que força ao degredo com sua política de ódio, e faz com que aqueles que fogem da violência levem consigo a semente da mesma violência à Europa.
E essa dificuldade de diferenciação alimenta a xenofobia européia, para quem nenhum refugiado deve ser aceito. Já apontamos em outra ocasião como os ódios se retroalimentam entre si: o ressentimento do xenófobo e do terrorista se irmanam em um círculo de violência no qual o refugiado sírio é a maior vítima, em sua terra natal e no país onde se refugiou. O terrorismo dá argumento ao xenófobo, que clama por mais restrições à imigração.
Mas sem ilusões: o ISIS é o maior responsável pela desgraça do povo que diz defender. E deve ser tratado como inimigo da Humanidade. Os sheiks e emires da península arábica e os políticos turcos, que financiam o salafismo como instrumento da disputa geopolítica no mundo islâmico, são igualmente responsáveis. Sobre ambos deve cair a responsabilidade pelo genocídio e miséria que estão impondo ao povo árabe.
Acusar um suposto imperialismo ou colonialismo pelos crimes de Paris é ser tão aliado do terrorismo ISIS quanto a xenofobia européia.
Paulo Roberto Silva
Jornalista e empreendedor. Mestre em Integração da América Latina pela USP.
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