por Márcio Pimenta – O início dos ataques israelenses na Faixa de Gaza não é uma simples reação aos foguetes do Hamas. É sim um ataque planejado há mais de seis meses e com um propósito claro: responder com um massacre que eleve a apreciação popular em vésperas de eleições. Não é coincidência também que o ataque seja comandado pelo atual ministro da Defesa, Ehud Barak, que já se utilizou da mesma tática para angariar votos em 2001, mas que foi preterido em favor de Ariel Sharon.
Já se vão mais de 307 mortos e a previsão é que logo, com a entrada de tropas terrestres, este numero suba significativamente, recordando a Guerra dos Seis Dias, quando Israel ocupou o território e não permitiu a evacuação da população civil, mantendo-a dentro de uma zona de guerra. Com este planejamento de seis meses, a trégua entre Israel e o grupo militante (e terrorista) Hamas foi muito bem pensada.
Em que pese as acusações de ambas as partes sobre o não cumprimento do acordo, Israel praticou a estratégia, como em uma espécie de Guerra Fria, de evitar a chegada de alimentos e combustíveis à população de Gaza não apenas durante todo o período da “trégua”, como muito antes do acordo de cessar fogo, como mostra este informe publicado no periódico espanhol El País que aponta alguns números da realidade dos moradores da Faixa de Gaza: 80% da população necessita de recursos externos para se alimentar, o desemprego atinge mais de 40%, os hospitais não possuem energia durante 8 a 12 horas por dia, 70% das famílias vive com menos de 1 euro por pessoa por dia, entre outras estatísticas que mostram a “força do inimigo”.
Não acreditando ser suficiente, Israel procura debilitar ainda mais o inimigo, não importando o custo das vidas civis, e daí o massacre fácil e com poder de reação quase nulo, destruindo desde universidades até legítimos alvos militares. O Estado apresenta assim à sua população o uso da força como uma necessidade a ser mantida pelos seus votos para que possam desfrutar da paz, que obviamente não interessa ao seu governo.
Mesmo com as manifestações dos países árabes e, em menor grau, da comunidade internacional, Israel conta com o relativo silêncio destes últimos e o interesse disfarçado de diálogos de paz dos primeiros para a realização de suas ações militares. Esta ofensiva ocorre ainda durante o processo de mudança presidencial nos EUA e a fragilidade pela qual passa as Nações Unidas. 2009 já começou.
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