por Taís Luso – Estive pensando no porquê da descrença de muitas pessoas em relação à festa de Ano-Novo. Não é coisa nova. Não é de agora, é de sempre, mesmo quando eu não sabia de seu real significado. Mas também isso não é a regra. A regra é a crença. Ainda adolescente notava certas […]
por Taís Luso – Estive pensando no porquê da descrença de muitas pessoas em relação à festa de Ano-Novo. Não é coisa nova. Não é de agora, é de sempre, mesmo quando eu não sabia de seu real significado. Mas também isso não é a regra. A regra é a crença.
Ainda adolescente notava certas coisas, já sentia algo de diferente em algumas pessoas. Porém não sabia bem o que era. Mas a maioria entrava na farra dos abraços e do desejo de um ano mais feliz, muita saúde, muito dinheiro, e dos votos para todas as realizações possíveis e impossíveis…
Há muitos anos venho pensando no tal do “Ano-Novo”.
Descobri, quando criança – ao arrombar o armário que ficava na nossa garagem -, a fantasia do Papai Noel. Foi uma desilusão constatar que Papai Noel não existia. Puxa vida, por que eu fui fazer aquilo? Eu só tinha sete anos!
Hoje fico intrigada: será que existe esse “Feliz Ano-Novo” ou será que sua fantasia está escondida, também? Ano-Novo faz parte, apenas, de um calendário que marca dias, meses e anos; e atitudes repetidas, ano após ano. Na verdade continuam os mesmos momentos – de alegrias e de tristezas. A solidariedade, o afeto, a gratidão, a indignação e a raiva continuam nas mesmas pessoas; nos mesmos lugares. E no sentido do relógio, indo… Sentimento é tudo. E para sentimento não se conta tempo. Não há troca de horário.
Desejar saúde? Isso eu desejo todos os dias, e pra todos. Não preciso deixar para o 1º de janeiro. Rever atitudes? Não preciso esperar o Ano-Novo. Ser solidária? Não preciso esperar.
A festa, em si, é válida. É linda. Os fogos, saudando a lua na beira da praia, um show! Sim, saudando a lua; é ela que nos leva à fantasia, aos sonhos, aos amores. Mas fica silenciosa, deixando para os “fogos”, o brilho da noite… É nesse momento que sentimos uma sensação de alegria permanente. Como se o mundo fosse uma festa.
O tim-tim do champanhe nos dá a esperança de um futuro feliz. E as pessoas reunidas – como sempre – jurando amizade eterna, fidelidade e solidariedade. E o amor, sempre amor!
A vestimenta branca serve para significar o que há de mais verdadeiro. É a reunião de tudo que é bom. Preconceitos – nesse momento: fora! Não existe, tudo é alegria, e todos somos vinhos da mesma pipa.
Dia 2 de janeiro: a fantasia será dobrada e guardada numa linda caixa, talvez no armário de uma garagem… Mas no próximo 31 de janeiro, à meia-noite, estará pronta para entrar em cena novamente. Os desejos serão os mesmos, assim como todas as juras.
Tudo igual, repetidamente, como um relógio.
A velha e surrada fantasia.
Amálgama
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