Não adianta relativizar o tamanho do mar de lama petista.
Sim, é verdade que neste momento há um governador inábil e truculento que colocou a polícia para lidar com estudantes adolescentes em luta.
Sim, é verdade que Eduardo Cunha não é exatamente uma vestal da ética, pelo contrário. Suas práticas inclusive colocam a democracia em risco.
Sim, é verdade que não há provas de que Dilma tenha sujado as mãos diretamente nos escândalos da Lava Jato.
Sim, é verdade que em escala bem menor houve alguma pedalada fiscal em governos anteriores.
Mas nada disso relativiza a traição cometida pelo PT contra a democracia.
Partindo da premissa de que todos eram fisiológicos, elevou o fisiologismo a níveis estratosféricos.
Enquanto alegava defender a Petrobras, destruiu por dentro aquela que outrora foi uma das maiores empresas do mundo.
Acusou os que alertavam para os limites do expansionismo fiscal de serem agentes do mercado financeiro, que arrochariam os gastos públicos e elevariam os juros. Para depois arrochar e subir juros de forma ainda mais radical, colocando o Brasil na maior recessão desde a crise de 1929.
E se hoje um cara como Eduardo Cunha, com suas contas na Suíça, tem poder de chantagear e abrir um processo de impeachment contra o governo do PT, a culpa é do próprio PT, que preferiu ser o maior corrupto entre os corruptos.
Porque o que se prometia aos brasileiros em 2002 era levar o país a um novo patamar de seriedade, não o monstro que a Lava Jato está nos revelando.
Paulo Roberto Silva
Jornalista e empreendedor. Mestre em Integração da América Latina pela USP.
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