O que aconteceria com uma rede de ensino privada se seu número de alunos diminuísse? Reestruturação, claro, para economizar recursos escassos.
Há duas semanas o noticiário tem mostrado a luta dos “heroicos” estudantes de São Paulo contra a truculência da polícia e do governador fechador de escolas Geraldo Alckmin. Com raríssimas exceções, esta tem sido a tônica nas redes sociais e da maioria das reportagens veiculadas sobre o caso na grande mídia, inclusive na principal reportagem do Fantástico da Rede Globo na semana passada, edição esta que ignorou completamente a notícia mais importante da semana com repercussão dos principais jornais do mundo: a prisão do líder do governo no Senado, vale lembrar.
É realmente de espantar. Mas sigamos em frente. No caso do fechamento das escolas, a primeira pergunta que surge na mente de qualquer pessoa normal é: por quê? Por que um sujeito que quer ser presidente da república viria comprar uma briga como esta?
Que o projeto foi mal conduzido e mal explicado não resta a menor dúvida. Aliás, esta tem sido uma marca do PSDB: a incapacidade de mostrar seus projetos e, principalmente, de neutralizar as narrativas criadas pelo marketing petista. Mas, e o papel da imprensa nisso tudo, como é que fica? Será que buscaram realmente as informações necessárias para responder as perguntas básicas que citei acima?
Infelizmente não. Uma rápida pesquisa sobre o assunto mostra o mesmo padrão de notícias: parágrafos e mais parágrafos sobre as ocupações, sobre os confrontos com os PMs, falas de manifestantes, pais, professores e apenas um parágrafo protocolar explicando o lado do governo. Algo parecido como esta reportagem da revista IstoÉ:
A reorganização prevê o fechamento de 93 escolas e a transformação de 754 unidades em ciclos únicos. O argumento é de que o projeto provocaria melhora nos indicadores educacionais.
Só isso? Quais os argumentos em prol da melhoria? Tais mudanças se refletiriam em custos? Quanto?
A reportagem mais equilibrada que encontrei foi a da revista Época, da qual transcrevo o seguinte trecho:
A mudança demográfica fez o país perder alunos no ensino básico. A rede estadual de São Paulo tem 2 milhões de alunos a menos do que em 1998 e mais de 2 mil classes vagas. Esse panorama levou o governo do estado a anunciar a reestruturação da rede e aumentar o número de escolas de ciclo único.
Ora, o que aconteceria com uma rede de ensino privada se seu número de alunos diminuísse? É claro que haveria uma reestruturação. Alunos seriam transferidos para outras unidades e algumas seriam fechadas. Óbvio. Trata-se de uma decisão racional que visa economizar recursos que são escassos, ainda mais em época de crise.
Mas não é só isso. O projeto previa que as escolas fossem separadas em três ciclos, de acordo com a faixa etária de cada série. No que isso poderia melhorar a educação?
O primeiro ganho seria a economia de recursos públicos. Por exemplo: ao invés de construir um parquinho para cada escola, com a separação em ciclos, os parquinhos só seriam necessários para as unidades do ciclo 1. O mesmo raciocínio se aplica a outras áreas, como banheiros, laboratórios, bibliotecas e refeitórios, os quais exigem personalizações específicas para cada faixa etária.
Do ponto de vista da qualidade de ensino, pesquisas mostram que os alunos de escolas de ciclo único tem um rendimento 15% superior às de ciclo misto. Do ponto de vista do professor, numa mesma unidade ele poderia concentrar toda sua carga horária, evitando deslocamentos desnecessários.
Do ponto de vista administrativo, o governo do Estado aproveitaria as escolas fechadas para construir creches, como foi prometido. Na pior das hipóteses, o governo ficaria com uma sobra de infra-estrutura que poderia ser usada para outras áreas da administração pública, como postos médicos, ou até mesmo para futuras expansões de unidades de ensino, caso a procura aumentasse.
Do ponto de vista do aluno que está acostumado com a escola ao lado de sua casa pode ser um desconforto ter que andar um pouco mais. No entanto, será que este ponto negativo justifica toda a histeria criada em torno do caso?
Assim como em junho de 2013, já está provado que a esquerda tentou usar os estudantes como massa de manobra para desgastar o governo tucano de São Paulo. A prova definitiva veio com a negativa dos “líderes” do movimento em parar com as ocupações mesmo depois que o governo anunciou a suspensão do projeto.
E o que isso tem a ver com o Brasil?
Tudo. Este é apenas um exemplo do que acontece em cada esfera da administração pública dominadas por minorias histéricas que usam o discurso fácil dos tais “movimentos sociais” contra o tal “sistema” ou contra governos supostamente de direita.
Para estes histéricos, dinheiro nasce em árvore. Tudo é uma questão de “mais investimento”, esquecendo-se convenientemente que a otimização de recursos públicos é também uma forma de aumentar a capacidade de investimento do Estado — que eles tanto idolatram, mas que, na prática, terminam por inviabilizar, com demandas cada vez mais crescentes. Que o diga o governo do PT. Sem reformas, sem dinheiro, sem nenhuma perspectiva a não ser a manutenção do poder, mesmo que para isso tenha que recorrer às mais desmoralizadas narrativas.
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André Martins
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Amilton Aquino
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André Martins
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Amilton Aquino
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André Martins
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Amilton Aquino
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André Martins
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João Paulo Rodrigues
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Amilton Aquino
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