Bolsonaro e companhia nunca virão para o PSL

por Lucas Baqueiro (22/12/2017)

E Luciano Bivar está com os dias contados na presidência do partido e na vida política.

Nos últimos dias tem surgido uma forte especulação de que Jair Bolsonaro, o errante sem-partido, estaria acertando sua mudança para o Partido Social-Liberal. Encontraria o candidato, portanto, guarida em seu projeto presidencial. As notícias foram alimentadas por ele mesmo, que declarou estar “90% acertado com o partido”. Faltou apenas Bolsonaro combinar com os russos.

O Livres, corrente que substituirá o PSL a partir do ano que vem – e da qual eu faço parte – reagiu à notícia com fortes tons. Em nota, declaramos que Bolsonaro não tem qualquer afinidade com nosso projeto político, e que jamais daríamos boas-vindas ao que o deputado representa. Todavia, fomos pegos de surpresa com uma declaração descabida do deputado Luciano Bivar, presidente do PSL, que declarou “que seria um orgulho tê-lo (Bolsonaro) em nosso partido” e que “o Livres é uma ala minoritária”.

O que ficou patente para quem acompanhou é que o Livres, ala que renovaria o PSL, estaria agonizando, e que seríamos sepultados para que Bolsonaro florescesse sob nosso túmulo. Nada mais falso, todavia.

Bolsonaro, sua família e sua comitiva não migrarão para o PSL nem hoje, nem nunca. Provavelmente, ficarão no Patriotas ou em algum outro partido que melhor compre a aposta. Suas declarações, cimentadas na confusão provocada por Luciano Bivar, foram feitas com o mero intuito de pressionar Adilson Barroso, presidente do Patriotas, a acelerar o processo de entrega do partido ao deputado-candidato.

Da parte de Luciano Bivar, as declarações descabidas têm duas razões: a primeira, transparente, é a de tentar amedrontar o Livres e tentar dar um último suspiro em sua agenda política, tentando encontrar um lugar na legenda que lhe será retirada no ano que vem. A segunda, parecida com o movimento de Bolsonaro, é acelerar o processo de migração dos “cabeças-pretas” do PSDB, que não é um segredo para ninguém. É um recado claro ao grupo de tucanos que pretende abandonar o ninho: “se não quiserem vir, tem quem queira”.

Há mais uma razão para além destas elencadas. Luciano Bivar foi ingênuo ao conceber esse movimento, imaginando que não haveria uma reação virulenta do próprio Livres – que publicou uma nota de fortes tintas, desancando Bolsonaro, que não coaduna com nada do que acreditamos. Depois da nota, ficou em maus-lençóis com o próprio Bolsonaro, que sentiu-se pessoalmente ofendido; acreditando cumprir um dever de fidalguia, quis abonar a figura do próprio colega, às custas da sua própria, dando uma entrevista confusa a um repórter da revista Época.

O que cumpre dizer é que o processo de tomada do PSL pelo Livres é irreversível. Longe de ser uma corrente minoritária, hoje comandamos 12 dos 27 diretórios do partido na federação. Muito antes do período eleitoral, no ano que vem, estaremos comandando a totalidade do partido, e Luciano Bivar estará fora da presidência – e da vida política. Coordenamos hoje pontos-chave, para além da comunicação: entre eles, está o comitê de ética, que bem decide quem fica e quem sai do partido.

Luciano Bivar, apesar de carregar hoje o título de presidente do PSL, não detém mais o poder de decidir abonar a migração de um Jair Bolsonaro da vida. Nem de dá-lo condições para uma candidatura. Isso passa, por exemplo, pela convenção, onde a maioria dos hoje filiados ativos do PSL diriam um sonoro não. E ele próprio não conta com a vinda de Bolsonaro, tendo feito este movimento – burro, aliás – para pressionar a vinda de algumas estrelas em ascensão no parlamento, que estão mais bem acertados com o projeto do Livres do que Bolsonaro jamais esteve.

Em 2018, em vez de Bolsonaro, ofertaremos melhor saída para o labirinto político em que os brasileiros se encontram. Lançaremos candidaturas majoritárias e proporcionais de qualidade, e o mais importante: que acreditem no liberalismo pleno e sejam apaixonados pelas liberdades individuais. Neste projeto, o autoritarismo não tem espaço. Poderia ter até no PSL, em cuja lápide – nos anais do Tribunal Superior Eleitoral – constará o primeiro semestre de 2018 como a data de seu óbito. Mas não no Livres, que será o que existirá daí para frente.

Lucas Baqueiro

Bacharel em Humanidades pela UFBA. Editor de política e atualidades da Amálgama.

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