por Isaac Moraes * – O homem é um grande mistério, seja pelas inúmeras facetas da nossa natureza que se estendem pelo planeta, ou pelo grande abismo desconhecido do nosso ser, que nos surpreende dia após dia. Tal mistério pode ser encontrado especialmente em algumas pessoas que têm a capacidade de, por meio de atos concretos, fazer bem a seus semelhantes. Esse altruísmo pode se manifestar através da solidariedade por uma ajuda material, de oportunidades ou de algum canal de ligação que essa pessoa tenha com o divino, trazendo alguma centelha da beleza grandiosa do universo para alimentar nossas razões e emoções; é o que acontece com a música de Hermeto Pascoal. Continue lendo “O mistério humano de Hermeto Pascoal”
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André Mehmari e Nó Barroco
por Camila Pavanelli – Acompanho de perto a carreira do pianista André Mehmari há mais de dez anos, desde que ele venceu o primeiro Prêmio Visa de MPB Instrumental em 1998. Na verdade, caracterizá-lo como pianista é comprimir uma realidade sublime no espaço de uma palavra: assim como quase a totalidade dos grandes músicos do século XX, seu trabalho como compositor é tão ou mais significativo do que sua performance como instrumentista. André, além disso, é incrivelmente talentoso em diversos outros instrumentos: não é exagero dizer que a qualquer momento ele poderia iniciar uma carreira como violista, violonista, flautista ou cantor, para citar apenas alguns dos instrumentos que ele mesmo toca com maestria em seus discos solo. Continue lendo “André Mehmari e Nó Barroco”
A voz de um personagem trágico
por Diego Viana – Este texto é a atualização do que escrevi e publiquei em meu blog em maio de 2008, por ocasião do 10º Festival de Cinema Brasileiro de Paris. Já passou o 11º, o filme estreou no Brasil e eu deveria ter imaginado o furor que causaria na imprensa e na blogosfera. Mas me distraí, como sempre. Estreito como é o debate no Brasil, particularmente o político, todos que comentam o assunto se concentram nas acusações recíprocas entre direita e esquerda: “Quem agiu pior durante a ditadura?” Continue lendo “A voz de um personagem trágico”
O canto do gato
por Estêvão dos Anjos * – Recentemente Alagoas tem passado por um momento de efervescência no cenário musical. Em apenas dois meses, três dos principais representantes de nossa música lançaram discos novos: a Banda Ôxe, há anos afastada de Alagoas, lançou seu segundo disco, Karranka, realizando shows, inclusive no exterior. No sábado, 23 de maio, foi a vez de Sonic Jr lançar seu Orgânico. Mas foi a banda Gato Zarolho que revelou-se uma surpresa agradável, lançando seu primeiro disco, Olho nu fitando átomo, um trabalho que diverge bastante do padrão regionalista de outras bandas locais. Continue lendo “O canto do gato”
Se Dorival Caymmi tivesse nascido em New Orleans: ensaio sobre uma versão inexistente de “O vento”
por Camila Pavanelli – Não sei como soa o vento na Bahia. Em São Paulo, é um “vu” ou um “fi” nos ouvidos, e só: o vento bate nos prédios e não ressoa, não ecoa, nada acontece. Curiosamente, “O vento” de Caymmi combina bem com São Paulo. O assobio da música contempla tanto o “fi” quanto o “vu”: primeiro, a nota mais aguda, e depois a mais grave. Em New Orleans, no bairro em que me encontro, isso não bastaria. Continue lendo “Se Dorival Caymmi tivesse nascido em New Orleans: ensaio sobre uma versão inexistente de “O vento””
Para relembrar sempre
Morto no sábado (16) aos 94 anos, por falência múltipla dos órgãos, Dorival Caymmi era há muito uma lenda da cultura brasileira. O Amálgama lista três livros fundamentais para se compreender a vida e a obra do músico baiano, e recomenda a leitura de quatro matérias saídas nas últimas horas na imprensa. Continue lendo “Para relembrar sempre”
Tropicália depois
por Matheus Vinhal * – É dezembro de 1968, 9 de dezembro do ano que, segundo alguns, não acabou. É o fim do IV Festival de Música Popular Brasileira, no Teatro Record, e um baiano ganha o primeiro lugar do Júri Especial. O nome dele é Tom Zé, e cantava “São São Paulo: Meu Amor”. Além dele, lá está também, em terceiro lugar, outra baiana, de nome Gal, interpretando “Divino Maravilhoso”. Continue lendo “Tropicália depois”
Não me leve a mal, me leve a sério
por Pedro Jansen – O tempo nos rói a carne aos poucos. Mas não pára. O roque-roque-roque está lá, constante e inerente à nossa condição de ser vivo. A lição dos tempos de escola não cessa de ecoar: nascer, crescer, desenvolver-se, amadurecer, reproduzir-se (ou não), envelhecer e morrer. Continue lendo “Não me leve a mal, me leve a sério”